A crise no Grêmio ficou ainda mais escancarada após a derrota por 2 a 0 para o Juventude em Caxias do Sul. O presidente Romildo Bolzan Júnior, o vice-presidente de futebol, Marcos Herrmann, o CEO Carlos Amodeo e o executivo de futebol Diego Cerri permaneceram mais tempo do que o usual em um camarote do Estádio Alfredo Jaconi no encerramento da partida. Depois, passaram mais de uma hora em reunião com o técnico Tiago Nunes. Nas entrevistas coletivas, o treinador foi mantido no cargo. Porém, a permanência vai depender de uma vitória diante do Atlético-GO na Arena, domingo, às 20h30. É a pior campanha do clube na era dos pontos corridos do Brasileirão.
Herrmann falou que a equipe precisa de um fato novo. Bolzan deixou claro, posteriormente, que não há mais prazo para o Tricolor iniciar uma reação no Brasileirão. “O fato novo é se teremos capacidade de indignação ou não. Basicamente isso. Não tem mais espaço para derrota. Para vacilar. Para ficar esperando. Ou fazemos a mudança de uma atitude forte e ganhamos uma partida ou vamos começar de novo. Não tem como ser diferente. Se tiver que mexer, vamos ter que mexer, alterar. O treinador tem liberdade, sabe que pode e deve fazer, saberá fazer porque está ali para isso, um sangue novo para criar condição de vitória”, destacou o presidente.
Bolzan elogiou o trabalho desenvolvido por Tiago Nunes, mas salientou que a pressão por resultados é inevitável. “Com todo respeito, acredito muito na continuidade, é necessária. O trabalho realizado é fantástico, consistente, tem o tempo de maturação, faz parte. Mas o fato novo é a vitória para nós. Estamos há seis rodadas sem vencer”, explicou. Herrmann também comentou sobre a questão. “Sexto jogo sem vitória é inaceitável. Agora, nós estamos no dia a dia no CT, a gente vê o trabalho, é muito bom, de muita intensidade, mas não está dando resultado no campo. Como torcedor, vemos o jogo também. Obviamente cobramos muito no vestiário, pedimos alguma providência mais efetiva, o que foi compreendido pela comissão. Eles também estão ansiosos por resultados”, declarou.
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Nas redes sociais, entretanto, os assuntos mais comentados são pedidos de demissão de Tiago Nunes. Durante a semana, torcedores espalharam faixas de protesto à direção em ruas de Porto Alegre e na Arena. Herrmann afirmou que entende a indignação, mas relembrou o começo positivo do treinador. “Não faz muito tempo, o Tiago pegou o time com instabilidade, estabilizou e fez sequência de 13 jogos aqui no próprio Grêmio. Temos essa cobrança, precisamos de resultado, ele sabe disso e quer isso. Tem três dias para remobilizar o grupo, fazer um fato, enfrentar. Temos uma pressão enorme, sentimos a pressão, mas vamos conviver com isso. Acreditamos na qualidade técnica da comissão”, garantiu.
Em números absolutos (somente na casamata), são 15 jogos, 8 vitórias, 4 empates e 3 derrotas. O treinador não comandou o time em quatro oportunidades (La Equidad, Ceará, Brasiliense, Santa Cruz). “O futebol é dinâmico. Essa frase tem décadas. Cada dia é um dia. Precisamos resolver os problemas diariamente. Queremos um futebol convincente, que demonstre que podemos fazer virada no Brasileirão porque elenco nós temos. É preciso mostrar isso dentro de campo”, completou Herrmann.
O técnico Tiago Nunes falou entre Herrmann e Bolzan, na ordem da coletiva. Para ele, a relação entre atletas, direção e comissão técnica é muito leal e verdadeira, sem arestas. “Tratamos as coisas de maneira franca, apontamos dificuldades e acertos, temos uma gestão equilibrada. Não vejo outro fator a não ser as situações que acontecem dentro do campo neste momento, com responsabilidade minha. A responsabilidade é minha como comandante para que a gente possa rapidamente dar uma resposta e trazermos esse cenário de vitória o mais rápido possível no domingo”, disse.
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Sobre uma possível demissão, o treinador afirmou que jamais trabalhou para segurar emprego. “Ser demitido ou não ser não entra em pauta. Nunca me baseei nisso para minha trajetória, nunca fiz trabalho pensando em segurar emprego. Sempre em dar o meu melhor e ajudar as pessoas à minha volta potencializar o que têm de melhor. Não levo isso como perspectiva, a questão de trabalhar é o que mais importa. Se o emprego vai continuar ou não, é uma decisão que cabe exclusivamente à direção que me oportunizou estar aqui”, comentou.
Tiago Nunes ressaltou que o futebol é feito de pressão, mesmo para quem está ganhando. “Futebol é pressão, sempre foi e sempre vai ser. Mesmo quando vence, tem que continuar vencendo para manter a regularidade. Tivemos uma fase muito positiva quando chegamos, com bons jogos, bom rendimento. Você imagina que estamos com pouco mais de 60 dias, é muito recente. Um clube da magnitude do Grêmio tem que estar sempre vencendo. Temos plena consciência. Temos que entregar resultado, estamos calejados e vamos firmes para esses dias”, apontou. “Futebol é feito, sim, de performance e de parceria, mas também de resultado. Não somos ingênuos. Não estou colocando limite no jogo de domingo, não sinto limitação, mas é questão de hombridade, de entender o tamanho do clube que estamos, entregar um resultado que já passou da hora de se ter”, complementou.
O zagueiro Pedro Geromel admite a frustração com a situação constrangedora vivida pelo Tricolor. “Muito decepcionado com a campanha. Não é o que esperávamos. Sabemos da grande responsabilidade de vestir uma camisa como essa. É trabalhar, não falar, trabalhar para sair desta situação”, declarou.
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