A defesa do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) entrou nesta sexta-feira, 3, com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para ter acesso aos depoimentos do dono da UTC, Ricardo Pessoa, realizados durante delação premiada com o Ministério Público Federal que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Pessoa teria dito a investigadores que pagamentos feitos à consultoria do ex-ministro eram parte da propina cobrada pelo esquema. O empresário teria dito que os pagamentos ao petista eram descontados das comissões que sua empresa devia ao esquema, que correspondiam a 2% do valor de seus contratos na Petrobras.
Relator dos inquéritos que investigam o envolvimento de políticos no esquema de corrupção da Petrobras, o ministro do STF Teori Zavascki tem negado acesso aos depoimentos de Pessoa. Nesta semana, ele rejeitou solicitações de senadores e dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) para a liberação do material. A decisão do ministro leva em consideração que o acordo de colaboração ainda está sob sigilo. Pela regras, teor dos depoimentos feitos em colaboração só podem ser divulgados após o Ministério Público apresentar a acusação formal contra o acusado e entregar denúncia com base em provas colhidas em investigações.
Apontado como o chefe do cartel de empreiteiras que participava dos desvios da estatal, Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente. Em seus depoimentos, ele teria mencionado ainda doações ilegais R$ 15,7 milhões a ex-tesoureiros do PT e da campanha de Dilma.
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Como a Folha de São Paulo revelou em maio, a doação foi feita legalmente e ele disse que tratou da contribuição diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva. A Folha mostrou nesta semana que, o mais novo delator da Operação Lava Jato, o lobista Milton Pascowitch relatou a investigadores do caso que intermediou o pagamento de propina ao PT e ao ex-ministro José Dirceu para garantir contratos da empreiteira Engevix com a Petrobras.
Dirceu, segundo o testemunho de Pascowitch, teria se tornado uma espécie de “padrinho” dos interesses da empreiteira na estatal. Em contrapartida, passou a receber pagamentos e favores.
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