“Quem acredita que o dinheiro fará qualquer coisa por ele, provavelmente fará qualquer coisa por dinheiro” – Benjamin Franklin
Atualmente, é quase impossível imaginar-se em uma sociedade onde não exista dinheiro. Mas, nem sempre foi assim. Quando não existia dinheiro, as pessoas trocavam mercadorias e serviços entre elas. É o que se chama de escambo. Um criador de ovelhas, por exemplo, ia para o mercado para conseguir cereais. Então ele propunha trocar ovelhas por uma quantidade de trigo. É fácil perceber que vários problemas se criavam: como estabelecer os valores de troca, quer dizer, uma ovelha valia quantos quilos de trigo? Como efetuar as trocas? Se o produtor de trigo não queria trocar por ovelhas, como ficava a situação do criador? Assim, apesar de solucionar eventualmente algum problema, a operação de escambo possui deficiências, sendo que a principal delas é que se não houver coincidência de interesses, não haverá transação.
As dificuldades e ineficiências do escambo pressionaram a civilização a buscar outras maneiras de transacionar bens e serviços. Surge, então, o dinheiro, sob as mais diversas formas: pedras, conchas, animais, peles, tabaco, arroz, chá, bronze, cobre, prata, ouro. Na China, apareceu a primeira cunhagem de moedas, no século VII A.C.
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As moedas de metal passaram a ser usadas amplamente, porque apresentavam diversas vantagens, como serem duráveis, fáceis de transportar, padronizadas e serem divisíveis, permitindo a aquisição de bens de grande ou pequeno valor.
Como nem tudo é perfeito, apareceram outros problemas, principalmente no caso de transações comerciais de maior valor, como o transporte, pesagem e pureza das moedas, e segurança das operações. Daí, evoluiu-se para o papel-moeda, cujas primeiras impressões com blocos de madeira foram feitas também na China, no século XII. Mas, somente no século XIX as cédulas começaram a ser utilizadas de maneira universal e permanente. Hoje, o dinheiro pode ser uma cédula, um moeda, um cheque, um cartão de plástico, um clique de terminal eletrônico, computador, celular e, mais recentemente, as criptomoedas.
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Apesar de ser uma ferramenta tão simples e importante em nossa vida, não deixa de ser fascinante pensarmos que uma simples e sábia invenção humana acabe por se transformar em algo extremamente complexo e de importância capital, capaz de despertar inúmeras emoções, sendo que as principais são o orgulho, a raiva, o medo, a vergonha e a culpa. Quem tem muito, por exemplo, pode se envaidecer e até gostar de se exibir; ou ter medo de provocar a inveja ou ser alvo de assaltos, roubos ou pedidos de empréstimos de pessoas próximas que jamais serão pagos, além de os beneficiários desses empréstimos tenderem a se tornarem inimigos; ou, ainda, sentir vergonha ante seus amigos íntimos ou parentes próximos. Já os que têm pouco dinheiro, em comparação com seus amigos e parentes, podem se sentir por baixo e, não raramente, evitam conversar sobre o tema por vergonha para não exporem suas limitações nesse item. Outros, inconformados com suas limitações, agem de modo leviano e vivem se endividando, com o intuito de quererem ter coisas que, normalmente, não poderiam comprar; gostam de desfilar perante os conhecidos como mais bem-sucedidos do que, de fato, são, inventando histórias para justificar sua aparente prosperidade.
Perto do quanto se pensa no dinheiro, é curioso observar que se fala pouco sobre ele, constituindo-se ainda um tabu, principalmente nos ambientes mais íntimos, envolvendo casais, filhos, pais.
Falar sobre dinheiro não significa fazer de nossas vidas um conjunto de cobranças, controles, planilhas e leituras sobre economia e finanças. É estabelecer um jogo aberto que fortaleça a relação de casais e familiares; que os estimule a, eventualmente, ter que fazer alguns sacrifícios e se esforçar para conseguir algum objetivo ou enfrentar alguma crise financeira. É importante que as famílias, sob qualquer configuração que estejam estabelecidas, conversem sobre suas finanças e consigam chegar a decisões que sejam as melhores para todos. Nesse sentido, o ideal seria que as pessoas já alinhavassem seus interesses e objetivos, além de identificarem seus perfis de consumo e investimento, antes de decidirem morar juntas. Muitos desentendimentos nos relacionamentos, acabando até em separações, são causados por incompatibilidade na forma de lidar com o dinheiro no dia a dia. E crises econômicas do país podem afetar ou serem complicadores para os relacionamentos. Mas, crises, como tantas outras que já ocorreram, passam os casais e famílias que souberam conviver com elas equilibradamente, com diálogo e compreensão, confiando em Deus e fazendo sua parte, estarão mais unidos e colherão os frutos de sua disciplina financeira.
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Além de outras questões relacionadas com o dinheiro – se nos deixa mais felizes, se resolve nossos problemas financeiros, por que nunca chega, por que estamos sempre sem dinheiro, etc. – recente pesquisa anual “Global Investor Pulse”, elaborada pela BlackRock em vários países, inclusive no Brasil, revelou que o dinheiro é a principal causa de estresse dos brasileiros, com 58% das respostas, seguido bem de perto pelo trabalho (57%) e, um pouco mais distante, com a família em terceiro lugar (35%).
Em tempos de discussões e tramitação da reforma da Previdência, no Brasil, o estudo também indicou que a preparação para a aposentadoria é motivo de preocupação, ainda que a população não faça nada a respeito. O foco maior ainda é em metas de curto prazo.
O dinheiro não pode ter o poder de controlar nossa vida; pior, ser a principal causa de estresse. É por isso que a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico incentiva a introdução da educação financeira entre os países membros com o objetivo de ajudar as pessoas a estabelecerem uma relação mais saudável com o dinheiro. Há quem diga que damos valor exagerado ao dinheiro. Entretanto, não dar valor ao dinheiro pode criar inúmeros problemas porque, como diz o ditado, “o dinheiro não aceita desaforo”. É alvissareiro o fato de que o tema dinheiro, de uma forma ou de outra incluído ou junto com a educação financeira, está cada vez mais presente nas pautas de jornais, revistas, rádios e televisão, além de palestras, cursos e, como não poderia deixar de ser, em sites da internet, embora, eventualmente, alguém, na contramão, acha que o assunto já foi suficientemente abordado.
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