Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Música

Dingo Bells de olhos fechados pro azar

Fazenda Evaristo em Rio Negrinho, Santa Catarina. Dia 24 de fevereiro de 2016. Às 20 horas em ponto sobem ao palco principal Diogo Brochmann, Fabricio Gambogi, Felipe Kautz e Rodrigo Fischmann.  Com a honra de ser o show de abertura da Edição Comemorativa de 20 anos do Psicodália, a banda gaúcha Dingo Bells movimenta cerca de quatro mil participantes do festival. No setlist as canções de seu disco de estreia, “Maravilhas da Vida Moderna” (2015). É sucesso garantido.

No palco, o quarteto faz sua usual apresentação carismática e cheia de energia, se revezando e trocando de instrumentos. Com seus grooves, harmonias vocais e letras pós-modernas, oferecem um espetáculo sólido.  O segredo: algumas horas antes, durante a passagem de som os músicos são diligentes para garantir a melhor sonoridade possível para os espectadores. É logo após o ensaio que sentamos para conversar sobre a produção do novo disco do grupo, ainda sem nome.

Com a alta expectativa em torno do próximo projeto, pergunto aos guris como eles lidam com essa pressão que se criou depois do sucesso do primeiro disco. Rodrigo diz brincando que quanto mais fazem essa pergunta, mais estressados eles ficam. “A gente não resolveu fazer um segundo disco pelo desafio de fazer algo melhor que o ‘Maravilhas’. Acho que cada obra tem sua personalidade, seu momento e representa alguma coisa da banda naquela fase. O artista não tem que ficar fazendo por uma questão de superação; é a arte que a gente põe pra fora, mas sabemos que existe uma expectativa”, explica.

Publicidade

Para compor as novas canções, a banda se reuniu na casa do amigo Wagner Lagemann na zona sul de Porto Alegre. “Não chega a ser exatamente isolada, mas já é o suficiente pra gente ficar meio retirado da cidade”, conta Diogo. No local, os Dingos se reuniram desde o início de janeiro, organizando ideias que já haviam surgido no ano anterior, com a participação de todos no processo. Com a fase de composição encerrada, após o show no Psicodália eles iam mostrar as demos para o produtor Marcelo Fruet, o mesmo do álbum anterior.

Se o primeiro trabalho da banda foi fruto do crowdfunding, o novo projeto foi possibilitado pelo Natura Musical. “É um edital que já existe há alguns anos no Brasil e é viabilizado através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Tu propõe um projeto: o nosso envolve gravar o nosso disco e também fazer três shows de lançamento. Foi uma seleção que durou o ano inteiro. E fomos agraciados, contemplados, maravilhados”, esclarece Felipe.

Publicidade

No retorno ao Psicodália, onde já se apresentaram algumas vezes (a última vez tinha sido em 2014), os rapazes encantam e criam laços. Assim também é em Santa Cruz do Sul, local que já recebeu inúmeras apresentações da banda e onde os membros desenvolveram amizades e conquistaram fãs. As duas últimas vezes foram em 2016 na Legend Music & Bar e no Festival da Cerveja Gaúcha. E não é para menos, os artistas levam a serenidade e simpatia de suas músicas para a vida real, onde tratam os admiradores com atenção, carinho e simplicidade.

Temática

 Sobre os temas do próximo álbum, eles fazem mistério. A própria identidade musical da banda denota uma pluralidade de referências, que impede uma definição simplória de gênero e abre uma janela de complexidade de composição e arranjos. Mas talvez possamos esperar um pouco mais da contemporaneidade, rotina, melancolia, trabalho e amor que foram retratados com tanta sutileza anteriormente. “Existe uma linguagem que a gente já trabalhou no ‘Maravilhas’ que deu certo e que se espera um pouco. E já sabemos, talvez até inconscientemente, coisas que deram certo e acabamos por esse caminho”, diz Rodrigo Fischmann. “É natural, queremos que esse disco seja tão ou mais impactante que o Maravilhas.”

Publicidade

A Dingo Bells espera contar com a simpatia dos ouvintes em seu próximo álbum. “Estamos fazendo nosso melhor e vamos lançar. Se se tocaram tanto pelo nosso primeiro disco, acho que a galera vai tentar fazer um exercício de receptividade ao nos ouvir e tentar entender o que a gente vai dizer”, ressalta Felipe Kautz.

Depois de uma conversa afável, uma rodada de selfies e boas risadas só me resta esperar para ouvir esse disco novo. Nós, entusiastas da música da banda porto-alegrense sabemos que vocês vão tentar voar um pouco além, mas não esqueçam que em alto-mar não tem leis; vocês poder fazer o que quiserem. 

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.