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Dinastias políticas

Nos processos eleitorais, eleição após eleição, sejam municipais, estaduais ou federais, um fato se repete rotineiramente. Refiro-me à expressiva representação dos herdeiros políticos, os tais sobrenomes em comum, como se fossem dinastias. Pesquisadores e historiadores asseguram que é uma marca nacional e advém desde os tempos coloniais. Regra geral, à conta da tradição familiar, incursionam com força, amplitude e permanência nos órgãos de Estado.

E assumem nacos expressivos de poder (direta ou indiretamente) que resultam em capitalização política e perenidade da dinastia. Logo, a continuidade de poder e influência também repercute nos demais ambientes sociais. Inevitavelmente, essa histórica prática (de sucessores familiares) revela e confirma uma continuidade ideológica no modo de compreender e fazer a representação política de poder.
Ainda que também presente (em modo menor) no campo ideológico denominado “de esquerda”, é, entretanto, majoritário no campo conservador, dito “de direita”.

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Historicamente, a maioria das dinastias não tem tido compromisso de alteração transformadora das estruturas sociais e econômicas. Significa dizer que se destacam na reprodução (e permanência) da desigualdade social. A concentração fundiária nacional é um extraordinário exemplo.

Não à toa, as evidências de práticas de nepotismo, coronelismo e patrimonialismo são frequentes. Estudos mais dedicados e aprofundados do Estado, do orçamento público e das políticas sociais revelam que na proporção da dimensão e da participação familiar resultam abusos de poder e apropriações indébitas.

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Possivelmente, o maior dano ocorre no desestímulo aos novos (jovens ou não) pretendentes às carreiras políticas. Entre outros, um exemplo relevante de concentração de poder partidário: com o milionário advento dos fundos Partidário e Eleitoral, muitos novatos perceberam a distribuição desproporcional de recursos financeiros.

Ilustração. “Entra e sai governo, os oligarcas e seus filhos, netos, cônjuges, irmãos e sobrinhos seguem dando as cartas. A transferência de poder de uma geração a outra da mesma família provoca tanto a formação de uma base parlamentar avessa a mudanças significativas como a perpetuação no poder de políticos tradicionais desgastados ou até impedidos de concorrer em eleições.” (Fonte: ONG Transparência Brasil, 2014).

Finalmente, importante ressalvar que as dinastias políticas não são uma exclusividade nacional. Ocorrem inclusive em nações de expressão mundial. E nem sempre têm consequências negativas. Todavia, nossos casos são insuperáveis. Ruim para a democracia, péssimo para a nação!

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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