A inquietação com a pandemia e com os reflexos da interrupção nas atividades econômicas estende um manto de angústia e de incerteza sobre a sociedade ao final deste primeiro quadrimestre do ano. Os mais diretamente ocupados ou preocupados com seus próprios objetivos, como sendo estes o fim de tudo, talvez nem tenham reparado que o problema não é de um, ou de alguns, e nem sequer há um único interessado ou prejudicado.
Se estão apavorados os que se ocupam em especial de seus interesses, tendo, no entanto, tomada de decisão ou papel de liderança, que visivelmente até os coloca em vantagem em relação aos demais, que dirá então a população em geral, a imensa maioria das milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Numa nação, a cada dirigente cabe igualmente pensar em como os que já estão sempre à margem poderão suportar o risco (ali sim evidente e quase incontornável) de ser infectado e, mais ainda, das distâncias quase intransponíveis que separam estes de um leito de hospital ou de um respirador. Em sociedade, como seres humanos, precisamos, cada um de nós, mas em especial os que se dizem ou devem ser chamados de líderes, pensar nesse imenso contingente vulnerável.
E se estamos vulneráveis na saúde e no bolso, que dizer de um outro drama. Drama tão grande que nem é só nosso. O clima. A leitora ou o leitor já pararam para calcular quanto tempo faz que não chove? E por chuva entende-se precipitação capaz de efetivamente permitir a recuperação de reservatórios e vertentes. Nossa sociedade é cada vez mais urbana, e, como tal, circulando por ruas, mal enxerga o que ocorre ao redor, de tal modo que fica alheia ao mundo natural. Abrimos as torneiras e o chuveiro, e a água ainda cai. Mas será que lá fora, no único espaço de que dispõem, animais, pássaros e os demais seres vivos ainda encontram água para saciar a sede?
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Na natureza não existe telentrega de lanche, nem mercado no qual buscar bombonas de água. E, assim, essa mesma natureza esturricada, que nos inquieta e angustia, coloca pressão máxima sobre todo o ecossistema. Podemos, como por vezes ocorre, colocar a bagagem no carro e ir para outro lugar. Mas não é possível que toda a natureza, plantas e animais, mude de endereço. Por eles, por nós, precisamos, junto com a preocupação com a pandemia e com o bolso, reaprender a pensar na saúde de todos: na saúde do planeta. Ou pagaremos, nós e as gerações futuras, um preço que a nossa belíssima região não merece pagar.
A Gazeta do Sul, nesta edição, compartilha ampla reportagem da jornalista Rosibel Fagundes, nas páginas centrais, para motivar, de alguma forma, uma reflexão realista sobre a problemática da água. Para pensar no mundo em que vivemos, no mundo como ele é conduzido e no mundo que queremos (ou teremos), que gostaríamos de ver, para as atuais e as futuras gerações.
São dias para pensar, ou Repensar. E, de preferência, agir!
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