Alessandra Steffens Bartz
Psicóloga
asbartz@gmail.com
Mudanças. Tantas mudanças. Todo dia chegam notícias. Toda hora algo mais aconteceu. Desde março, somos desbravados a mudar a rotina. Não se fala em outra coisa senão em adaptação. Falar parece tão simples. Mas não está sendo fácil. Estamos saudosos do passado que agora, idealizado, parece muito mais florido. Queremos nossa vida de volta. E ninguém nos perguntou se queríamos ser soldados de guerra.
Remonta ao homem pré-histórico a ansiedade frente à mudança, ao novo e desconhecido. Nossos antepassados precisaram lutar para sobreviver. Enfrentaram animais ferozes, descobriram ferramentas, se adaptaram ao clima, experimentaram frutos, se protegeram nas cavernas. De lá para cá muita coisa mudou, porém seguimos sendo seres humanos com medo da mudança. Resistimos em sair da zona de conforto. Queremos o velho conhecido, que nos parece mais seguro e confortável. Será?
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Em tempos de pandemia, a palavra de ordem é “tudo mudou, a vida não é mais a mesma”. A rede de saúde orienta a ficar em casa, sair somente para o essencial, higienizar mais as mãos, manter distanciamento nas ruas, mercados e farmácias. Ah! E usar máscaras, agora sempre que precisarmos sair de casa. Inicialmente tínhamos poucos mascarados à vista. Hoje temos muito mais. Contudo alguns ainda parecem resistir ao óbvio.
Não devemos lutar contra a correnteza, mas sim remar a favor dela. Precisamos nos proteger e aos demais. Usar nossas variadas máscaras multicores passou a ser um ato de respeito e solidariedade. De cuidado uns com os outros. Um gesto de humanidade e heroísmo! Resistir em colaborar por qualquer que seja o motivo é apenas uma tentativa de manter aquilo que não existe mais. Estamos em guerra contra o Corona e não podemos vacilar. Devemos é estar bem armados, com máscara posicionada no lugar certo (cobrindo nariz e boca), mãos lavadas com frequência, mantendo os ambientes higienizados, trocando os calçados quando entrar no recanto do lar. Esses cuidados tão importantes são nossa farda de guerra. E é dessa forma que vamos vencer, centrados no presente. Não temos outro caminho ou poção mágica.
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Sei que tudo isso está nos estressando. Pandemias são terríveis, todos perdem algo importante. Quiçá não percamos a quem amamos. Usar máscara não é como respirar livremente, algumas cansam as orelhas, embaçam os óculos. Muitas queixas são ouvidas por aí. No entanto precisamos entender que esse momento delicado exige que a máscara seja incorporada no dia a dia. Escolha uma que represente seu jeito de ser, cubra o rosto e saia de cabeça erguida, como um soldado que não foge à luta, mesmo que a mochila esteja pesada.
Guerreiros, somos os caminhantes fazendo o caminho a cada passo, cada escolha. Resistir ao novo é estagnar, querer andar na contramão dos fatos. Somos pessoas em constante mudança e ao mesmo tempo tendemos a resistir à mudança. Resistir é natural enquanto um suspiro inicial à angústia do novo. Em seguida temos que ser flexíveis como o bambu, que se dobra ao vento e assim não quebra. A rigidez, a teimosia, o apego ao passado (a vida antes de março de 2020), vai gerar desunião em nosso exército e pode custar caro. Muito caro. Pode custar vidas.
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Heróis mascarados, quando necessário, compareçam às ruas à caráter! Assim nos identificaremos como um grupo que está unido, cada um fazendo a sua parte. Se todos fizerem sua parte… Que maravilha será! Tomando cuidado teremos chance de antes passar por esta fase difícil e depois seguir nossa vida desmascarados. Uma outra vida, é claro, pois nada mais será do mesmo jeito, assim como nós não passamos duas vezes pela mesma porta. Estaremos mudados. Seremos melhores?
Unidos seremos heróis de guerra. Um dia pracinhas que contam causos do tempo de combate. Lute por sua saúde e pela saúde de todos! Siga as recomendações sem resistências demagógicas. Adaptar-se às circunstâncias da vida e evoluir é um sinal de saúde mental. Perder, já perdemos a zona de conforto. Mas podemos ganhar nosso povo saudável, nossa família segura. Escolha sua melhor máscara quando precisar sair e sinta orgulho por estampar em seu rosto o símbolo do nosso exército de heróis anônimos. Heróis mascarados.
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