As altas temperaturas podem ser incômodas para os animais, mas o calor que beira os 40 graus, como o que vem sendo registrado na região nos últimos dias, pode ser perigoso. Desde o início do ano, multiplicam-se denúncias de maus-tratos envolvendo cães e cavalos deixados amarrados e sob o sol. A prática é proibida pela lei municipal 7.325, de 2 de julho de 2015, que não permite a permanência de cavalos em locais de livre acesso ao público, tais como vias e logradouros.
A diretora da ONG Cavalo de Lata, Ana Paula Knak, relata que vem recebendo muitas chamadas de pessoas da comunidade preocupadas. A maior parte das denúncias envolve equinos nas proximidades da BR-471, em frente à loja Havan, próximo ao Centro de Distribuição da Afubra, na frente da Pitt, nas proximidades da Estação Rodoviária e da sede da Viação União Santa Cruz. “Tem vários pontos com animais amarrados e a gente não identifica nenhum tipo de balde com água. Mesmo que as pessoas recolham os animais à noite, ou venham tratar e dar água, durante o dia no pico do calor, entre 11 horas e 14 horas, os animais estão quarando, a sensação térmica é de 50 graus e até mais”.
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Ana ressalta que a comunidade e os proprietários dos animais devem ter mais cuidado. “As denúncias estão chegando e vamos ter que reagir frente a isso. Não é do nosso interesse recolher um animal saudável só porque ele está ao sol, mas se a denúncia acontecer, não podemos fazer vista grossa”, disse. A protetora relembrou ainda o caso ocorrido em Santa Cruz há duas semanas, onde um cão preso com corrente e deixado ao sol se enforcou tentando buscar sombra. A vereadora Bruna Molz participou do resgate junto com a equipe do Canil Municipal, mas apenas um dos cachorros estava com vida quando eles chegaram ao local.
Onde denunciar
Denúncias podem ser feitas durante o horário de expediente, para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pelo telefone 3713-8242, ou ao Canil Municipal, no 3719-1170. Também através da Guarda Municipal, que atua 24 horas por dia, pelo número 153. Agora, Santa Cruz do Sul possui também uma delegacia especializada em crimes contra animais, para casos específicos de maus-tratos.
Atenção redobrada com os pets nesta época
No período mais quente, os pets precisam de cuidados especiais. Isso porque os cães e gatos, diferentemente dos humanos, não possuem muitas glândulas sudoríparas. A maioria delas estão nas almofadas das patas, na região dos coxins, o que dificulta o controle da temperatura corporal. Para regular a temperatura, os cachorros utilizam o sistema respiratório e a língua.
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A médica-veterinária e proprietária da Policlínica Doctors Pet, Karina Knak, conta que a estação afeta principalmente os cães e gatos que estejam obesos e as raças de focinhos curtos que já apresentam dificuldade para respirar, como buldogue, pug, shitzu e gatos persas. “O problema mais comum é conhecido como intermação ou hipertemia, onde a temperatura corpórea passa de 40 graus e pode inclusive levar o pet a óbito por edema pulmonar e parada cardiorrespiratória”, explica. Os principais sintomas são olhar inquieto, angústia respiratória, pele quente, hipersalivação, batimento cardíaco acelerado e cansaço.
Karina Knak indica que, ao notar alguma dessas condições, o tutor deve submeter o animal a compressas geladas e levá-lo ao veterinário. A recomendação é evitar atividades físicas nos dias de mais calor, realizando apenas passeios leves, com tempo reduzido entre as 6 horas e 8 horas da manhã, ou após as 19 horas. “Em casa, mantenha sempre água fresca à vontade, locais com grama, sombra de árvores, ventilador ou ar-condicionado na temperatura de 23 graus. Tenha cuidado com locais de brita, asfalto ou calçadas que esquentam, pois as patinhas podem sofrer queimaduras graves”, alerta.
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No verão, os pets sentem mais sede e o apetite se reduz, portanto a recomendação é oferecer ração de boa qualidade e utilizar sachês frescos, que podem melhorar o apetite e a hidratação. “Eu gosto de acrescentar alguns legumes cozidos como cenoura, brócolis e chuchu, que não engordam e são muito nutritivos. Mas é sempre recomendado conversar com o veterinário, pois cada pet tem uma característica específica e a alimentação pode ter variações”, disse.
A veterinária destaca ainda que um problema grave e muito comum está associado à exposição ao sol, especialmente para pets de pelo claro ou curto. “Atuo na área de oncologia e cada vez mais aparecem casos de câncer de pele. A maioria das neoplasias de pele são extremamente agressivas.” A profissional adverte que a exposição solar deve ser evitada entre as 10 horas e as 16 horas, animais com pelagem branca têm indicação de uso de protetor solar de fator 50 no focinho e orelhas, e podem ser usados protetores da linha pet ou infantil.
Outros problemas que podem aparecer no verão são viroses que causam vômito e diarreia, principalmente relacionados à parvovirose. “Pulgas, carrapatos e mosquitos têm sido mais um motivo de vários pets doentes, pois é no verão que eles se propagam e podem transmitir várias doenças”. Karina recomenda que os bichinhos sejam vacinados e antiparasitários sejam utilizados. E a avisa que as doenças têm tratamento quando diagnosticadas no início através de exames laboratoriais.
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