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Diário do confinamento – 4

Entre tantas consequências oriundas da pandemia mundial está a consolidação da importância dos prefeitos. Governos federal e estadual jogaram no colo dos dirigentes municipais a responsabilidade sobre a abertura ou fechamento de todo tipo de atividade.

A ironia é que teremos eleições neste ano. Até o fechamento desta crônica, a única possibilidade de mudança tratava de possível transferência de data e, além disso, a realização do pleito em mais de um dia, para evitar aglomerações.

Com frequência escrevo sobre a importância daqueles que comandam nossos municípios, a maioria composta por comunidades onde todos se conhecem. Sou filho de um vereador eleito em 1968, sem receber salários, e guardo muitas recordações. Entre elas, a da ausência de tempo para a convivência familiar e a de falta de privacidade.

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Diariamente almoçavam em nossa casa pessoas vindas do interior, com dificuldades de comunicação – só sabiam falar alemão –, carentes de ajuda para retirar o talão de produtor rural ou ir à consulta médica ou confeccionar a carteira de identidade. Meu pai as acompanhava desde o desembarque até o retorno para a colônia. Se não tivesse morrido aos 52 anos, seria prefeito, tamanha a devoção à política e tamanho o gosto em ajudar.

A crise da Covid-19 tirou muitos prefeitos do anonimato. Alguns pouco fizeram até a pandemia instalar-se. Ganharam espaço na mídia e se viram obrigados a tomar decisões que antes evitaram. O mandato é de quatro anos, mas é raro que eleitores se lembrem dos primeiros meses de administração, muitas vezes caracterizados por equívocos, brigas ou omissões.

Sob grande pressão, nossos mandatários municipais estarão sob julgamento na busca de reeleição ou no caso de terem ungido seus sucessores. A nós, eleitores, cabe uma análise racional, deixando de lado a emoção que o momento desperta. Cenas de covas abertas, de corpos inertes nas UTIs ou de familiares chorando perdas são pungentes, mas estão deslocadas na cena política, apesar da insistência de alguns veículos da mídia.

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Nossa obrigação é medir e pesar, analisar e comparar, e, com critérios, fazer a escolha certa. O voto é a materialização mais cara da democracia. E, neste ano de 2020, será a arma mais eficiente para consolidar o futuro, corrigir erros do passado e recolocar nossos municípios no caminho do desenvolvimento.

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