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Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, para lembrar as conquistas políticas e sociais das mulheres obtidas até então, depois de inúmeras manifestações, em várias partes do mundo.

Há quem não gosta da data, vendo no Dia Internacional da Mulher uma invencionice, moderna e artificial, um movimento feminista e fartamente explorado pelo comércio, o que não é verdade. A data tem raízes históricas mais profundas e sérias, embora ao longo dos anos tenha se tornado um grande evento comercial.

De modo geral, ser mulher pode significar salário menor, carreira limitada, impedimento em seleções ou promoções profissionais, além de outras restrições, algumas até inconfessáveis ou que ocorrem em ambientes que pregam a inclusão feminina, como, por exemplo, na política. Sem falar nos assédios morais e sexuais, presentes nas mais diversas situações.

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Uma das grandes dificuldades das mulheres é conseguir conciliar vida pessoal e profissional. De acordo com estudo divulgado no dia 4 deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres dedicam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos quase o dobro de tempo dos homens. Em muitas empresas, a maternidade ainda é vista como um problema, pelo afastamento compulsório da licença legal e ausências eventuais, durante a gravidez, e, posteriormente, para atender demandas especiais ou urgentes dos filhos.

Na política, mesmo sendo mais da metade do eleitorado brasileiro, partidos deixam de cumprir as cotas obrigatórias de participação feminina, alegando o desinteresse das mulheres, o que é um dos motivos para que câmaras de vereadores, assembleias legislativas e o Congresso Nacional estejam longe de ter suas cadeiras ocupadas por, pelo menos, 30% de mulheres, conforme recomenda a ONU.

Com relação aos salários, no Brasil as mulheres ainda ganham menos que os homens, mesmo quando exercem cargos idênticos e/ou possuem formação semelhante. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) constatou essa desvantagem: quanto mais as mulheres estudam, menos ganham, comparadas aos colegas homens, com o mesmo nível escolar.

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Falar em dinheiro ainda é um tabu entre as mulheres. Para piorar a situação, são acusadas, injustamente, de “gastadeiras”, no sentido de consumistas por excelência, embora em alguns casos realmente o sejam. Uma consultoria americana observou o comportamento de consumidores em 27 países, inclusive no Brasil, apurando que as mulheres são mais racionais, preparadas e disciplinadas para comprar, atendo-se à “listinha” e disponibilidade financeira.

Nos orçamentos domésticos, também, o poder de controle está cada vez mais nas mãos de mulheres, mesmo quando não são elas as principais provedoras do lar. O número de mulheres responsáveis financeiramente pelos lares brasileiros cresce a cada ano, sendo que chefiam quatro de cada 10 lares. Com educação financeira, a mulheres tendem a gerir as finanças da família de forma mais eficiente que o homem, evitando correr riscos e sendo mais propensas ao planejamento com base em metas financeiras.

Na área de investimentos, ocupada, predominantemente, pelos homens como operadores e investidores, tem crescido a participação das mulheres. Não só na tradicional poupança, mas também em fundos de investimentos, ações e, mais recentemente, como investidoras ou empreendedoras em startups (início de novos negócios) e criptomoedas.

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Empreender já é algo desafiador, ainda mais para as mulheres que podem enfrentar problemas maiores, como preconceitos no meio empresarial. Mesmo assim, já são 24 milhões de brasileiras à frente de seus negócios próprios, colocando o Brasil em 7º lugar no ranking mundial do empreendedorismo feminino.

A maior conquista de espaços na sociedade implicou, também, maiores fontes de estresse pela sobrecarga de atribuições – jornadas duplas ou até triplas -, pela falta de dinheiro, pelo endividamento, entre outras. Ocorre, também uma crescente assimilação de hábitos ou vícios – dependendo de pontos de vista -, considerados, há pouco tempo, de homem, como fumar e beber, e o envolvimento no crime, com roubos, drogas e mortes violentas.

É fato que muitas mulheres ainda são desvalorizadas nos ambientes de trabalho, sociais e até religiosos e, literalmente, subjugadas em suas relações afetivas e familiares – até assassinadas, quando resolvem pôr fim a relacionamentos doentios ou opressores, o que criou a figura jurídica do feminicídio – e que foi agravado, na presente pandemia, com o isolamento social.

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Outra violência doméstica, ainda pouco divulgada, é o abuso financeiro. Dependendo financeiramente do marido, muitas mulheres submetem-se a situações, às vezes constrangedoras, precisando mitigar algum dinheiro para atender a necessidades pessoais. Até mulheres com remuneração maior são obrigadas a entregar o salário ou renda ao marido, que se sente melhor preparado para administrar as finanças do casal.

Existem, também, intolerâncias por parte das próprias mulheres a qualquer outra que pense diferente ou que não faça da “questão de gênero”, por exemplo, uma bandeira.

As mulheres, que são maioria na população do mundo, vem conquistando significativos avanços nas questões sociais, econômicas, políticas e culturais. Mesmo com novos desafios e dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus, de acordo com pesquisa do Sebrae com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o público feminino foi o que mais inovou nos negócios. Na política, países liderados por mulheres mostraram mais eficácia no combate ao coronavírus. Um dos principais exemplos é a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinta Ardern.

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Não há nada de errado no presente tradicional de flores, bombons e maquiagem, pelo Dia Internacional da Mulher. Muitas mulheres, talvez a maioria, gostam desses mimos. O problema é quando as homenagens se resumem a esses presentes. Nesta data especial, então, em que se fala tanto nas conquistas das mulheres, contribuiria muito se houvesse cada vez mais oportunidades, em todos os espaços, para a expressão e prática das qualidades femininas – diálogo, flexibilidade, multitarefa, cooperação, sensibilidade, intuição, cuidado e outras -, gerando impactos positivos nas famílias, nas empresas e em todos os ambientes sociais.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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