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Dia dos Solteiros: data para comemorar a liberdade

Assim como casais de namorados têm seu dia, aqueles que buscam seguir a vida sem ter um relacionamento sério também têm data específica para comemorar: 15 de agosto. Mas qual o motivo da comemoração? E estar solteiro é uma questão de escolha? Para a administradora Soluane Thomas, de 25 anos, sim. Assim como muitos solteiros, a jovem atribui a condição de liberdade como a principal vantagem de não ter um namorado.

“Estar solteira é ter a liberdade de pensar só em mim para tomar as decisões da minha vida, desde o que farei no final de semana até vida profissional, por exemplo. Tudo gira em torno dos meus sentimentos e vontades. E isso não é egoísmo, é apenas me colocar em primeiro lugar”, argumenta. Em setembro, a santa-cruzense viajará para Los Angeles, nos Estados Unidos, o que também faz com que acredite que outra pessoa não se encaixaria em seus planos neste momento. 

A decisão de não namorar muitas vezes é tomada porque a pessoa se decepcionou com um romance. Entretanto, esse não é o caso de Soluane.  Solteira há alguns anos, ela explica que a escolha não foi influenciada por frustrações amorosas do passado. “Pelo contrário. Comecei a namorar muito nova e aprendi bastante nessa época, principalmente a entender o que quero e preciso dentro de um relacionamento. Minhas experiências com relacionamentos anteriores me fizeram amadurecer e mostraram o que busco em outra pessoa”, conta.

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Há quem duvide de que é possível ser feliz sozinho, mas a administradora se diz satisfeita com a escolha que fez. “Sou muito feliz e bem resolvida solteira. Vejo muitos relacionamentos que são baseados mais em comodidade, carência e medo de ficar sozinho, do que em amor e companheirismo. Não é esse tipo de relação que quero para a minha vida. As pessoas confundem ser solteiro com ser solitário e passam a acreditar que só serão felizes quando estiverem ao lado de alguém. Fazendo isso, acabam levando suas frustrações para os relacionamentos e nem percebem que estão infelizes”, afirma.

Porém, apesar de não ver desvantagens na condição que está, Soluane não descarta ter uma família daqui a algum tempo. “Acredito que tudo acontece na hora certa. Encontrar alguém que valha a pena e que me faça mudar de ideia em relação a ser solteira não é uma coisa que possa ser planejada. Não procuro o amor em cada esquina! Às vezes, até acho que fujo dele, mas sou e estou aberta para o que vier. Pretendo ter uma família, mas não no molde tradicional que se espera, de casar na igreja e ter filho até tal idade. Quero encontrar alguém que tenha os mesmos sonhos e anseios que eu, que não se acomode no mesmo lugar e que possa me fazer companhia em tudo”.

 

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Tecnologia também influencia a escolha, diz psicólogo

O psicólogo Alexandre de Freitas Gomes Soares acredita que um dos fatores que influenciaram a mudança de comportamento na sociedade e a escolha por estar solteiro é a tecnologia. Para ele, o acesso à informação, as redes sociais na internet e a diversidade de conteúdo teriam sido fundamentais no processo de transformação do pensamento do indivíduo, tendo em vista que contribuíram para a característica do imediatismo das novas gerações.

“Percebo que alguns clientes nascidos a partir de meados dos anos 90 e, especialmente, a partir dos anos 2000, possuem baixíssima capacidade de tolerância à frustração. Essa baixa capacidade de tolerar o desconforto faz com que as pessoas tenham dificuldade de tolerar as diferenças individuais que permeiam qualquer relação, contribuindo para crises precoces, desgastes e, consequentemente, rompimento. É mais fácil desistir do que tolerar o desconforto de tentar e de ceder em favor do relacionamento”, explica.

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O profissional classifica como solteiro individualista aquele que prioriza carreira e trabalho, deixando relacionamentos afetivos em um segundo plano. A entrada da mulher no mercado de trabalho nas últimas décadas também seria um importante fator para a mudança de paradigmas sociais e a formação dessa categoria de solteiros, segundo Soares. 

“Importante frisar que essa mudança não é ruim, muito pelo contrário. Com essas novas possibilidades, a pessoa tem oportunidade de criar seu próprio conceito, modelo e conjunto de valores, coerentes com sua personalidade e características. Isso gera um maior índice de felicidade e satisfação com escolhas autênticas, sem seguir a receita padrão de estudar, casar, ter filhos, ter um bom emprego, crescer no emprego, ganhar bem, constituir família e se aposentar, para aí, quem sabe, buscar outras formas de satisfação”, salienta.

No entanto, os solteiros convictos dividem espaço com outras pessoas sozinhas: as que dizem ter dificuldades de encontrar o parceiro ideal e as que afirmam estar felizes e sem interesse de namorar. Porém, a última afirmação nem sempre é verídica e pode ser apenas um mecanismo de defesa, conforme o psicólogo explica.  

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“Em geral, se a pessoa tem uma necessidade de mostrar sua “solteirice”, de provar para os outros que sua escolha é a melhor, ressaltando constantemente os benefícios dessa escolha, é porque não está muito tranquila com relação a essa escolha. Isso vale para tudo. Se quero afirmar demais o meu ponto de vista é porque, no fundo, quero convencer a mim mesmo. Muitas vezes, realmente acreditamos nessas desculpas, nos enganamos para que nossa realidade seja mais suportável. Porém, sintomas somáticos, ansiedade, depressão, irritabilidade, entre outros, podem ser consequências psicológicas dessa frustração não consciente e inibida. Quem é solteiro por convicção, está tranquilo com sua escolha, não precisando da validação da sociedade”, ressalta o profissional.

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