Até o ano passado, o dia dos namorados era o terceiro maior evento de apelo comercial, perdendo apenas para o Natal e o Dia das Mães. Em decorrência da pandemia do coronavírus, o dia das mães deste ano já teve uma redução das vendas por volta de 60%. O dia dos namorados é uma incógnita. Além dos cuidados necessários para muitos namorados se encontrarem pessoalmente, existem as restrições de acesso, determinadas por governos, em restaurantes, floriculturas, motéis, lojas, etc, que dificultam a aquisição de presentes, a realização de jantares românticos e outras atividades especiais.

A origem da data, no Brasil

Fazendo jus a sua origem nada romântica, em 1949, comerciantes paulistas criaram o primeiro Dia dos Namorados, no Brasil. Invocando o nome de Santo Antônio – o santo casamenteiro, celebrado em 12 de junho –, a data pretendia esquentar as vendas do mês de junho, consideradas as mais fracas do ano. É a dinâmica da economia de consumo que, em cada dia especial, desafia a criatividade, gerando mais rendas, impostos, lucros e – por que não? – mais momentos de felicidade.

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Motivos para gastar não faltam

Mas, mesmo em tempos de crise aguda, como estamos vivendo, muitos namorados, para agradar a outra parte, não se sentirem constrangidos ou por desejarem impressionar, gastam mais do que poderiam. As justificativas mais frequentes são o merecimento da pessoa amada e a vontade de agradar, não importando o valor do gasto nem o fato de assumir eventual dívida, com o parcelamento do pagamento da compra. Muitos apaixonados não se dão conta de que, se a relação estiver dependendo de presentes caros, provavelmente não é sadia nem verdadeira, mas pode comprometer o orçamento durante alguns meses e, eventualmente, as prestações duram mais tempo que o namoro com alguém.

A influência do dinheiro nos relacionamentos

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Nos relacionamentos, uma das áreas que, comprovadamente, provoca muitos problemas, atritos e até rompimentos é a financeira. A forma como as famílias de origem tratavam as questões financeiras, as primeiras experiências e as crenças relacionadas com o dinheiro têm uma influência muito grande nas finanças pessoais de cada um, que podem ter sido negativas ou positivas. É claro que os erros e acertos podem ter ensinado muita coisa, embora os erros com dinheiro possam deixar marcas profundas, às vezes permanentes. Como já disse alguém, o dinheiro não aceita desaforos.

Mesmo assim, o namoro, em geral, ainda passa longe das questões financeiras. Por várias razões. Uma delas, certamente, por acreditar-se que o assunto não é nada romântico e o que importa, mesmo, é o amor que um sente pelo outro. Entretanto, se serve de alerta, quando a questão financeira é posta à mesa, principalmente em namoros ou relacionamentos já de mais tempo, as coisas se revelam totalmente: as diferenças aparecem, a rotina desgasta, a falta de objetivos comuns faz com que cada um comece a pegar caminhos diferentes e a pensar individualmente e não mais como um só. A maioria dos casais se separa porque não sonha mais o mesmo sonho. Antoine de Saint-Exupéry resumiu isso numa frase: “Amar não é olhar um para o outro; é olhar juntos na mesma direção”.

Data para falar sobre finanças

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Assim, passado o Dia dos Namorados, com todos aqueles momentos e demonstrações de carinho, é hora de romper um tabu que ainda persiste: falar sobre finanças. Talvez mais do que o presente em si, a forma como cada um decidiu comprar o presente pode ser um bom início de conversa: se planejou a compra, se obteve algum desconto, se procurou atender a algum desejo ou até necessidade do parceiro ou parceira. Deixar esse assunto para quando casarem ou apenas morarem juntos pode ser muito arriscado.

Reinaldo Domingos, educador financeiro e criador da DSOP – Educação Financeira, além de outras atividades, propõe, para este dia especial, que todos os namorados se sentem e conversem sobre finanças:
1) busquem educar-se financeiramente, um apoiando o outro, entendendo suas necessidades e estabelecendo prioridades;
2) relacionem seus sonhos conjuntos de curto prazo (até um ano), de médio (até dez anos) e de longo prazo (acima de dez anos);
3) apurem quanto esses sonhos custam e quanto cada um pode poupar por mês para realizá-los, aplicando esse dinheiro em algum investimento.

Parceiros de vida e de profissão

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Muitas pessoas, além da vida pessoal, também dividem a profissional com seus parceiros, provando que, na prática, amor e negócios não só combinam como podem, sim, dar muito certo quando administrados em conjunto. Luzia Costa, por exemplo, administra com muito sucesso, com o seu marido, o Grupo Cetro, detentor das marcas Sobrancelhas, Beryllos e DepilShop. Ela separou quatro dicas:
1ª) encontrar o equilíbrio entre o profissional e o pessoal: manter as questões de trabalho apenas no ambiente do trabalho, o que nem sempre é fácil e possível;
2ª) aproveitar as qualidades e experiências do parceiro: usar os pontos fortes de cada um, assumindo cada um funções específicas;
3ª) ter os mesmo objetivos: como já dito anteriormente, é essencial para o sucesso amoroso e profissional;
4ª) esquecer as discussões pessoais, no ambiente empresarial; mesmo passando por momentos de desentendimentos, isso não pode atrapalhar o andamento do trabalho.

Conclusão

Algumas decisões que tomamos ao longo da vida são fundamentais para a construção de nossa tranquilidade financeira. Poucas são tão importantes quanto a escolha que fazemos de nossos parceiros, especialmente as pessoas com as quais iremos dividir nossas vidas. A personalidade de cada um e os problemas de relacionamento podem aparecer somente na hora de lidar com o dinheiro. Parece uma questão menor e dificilmente é discutida antes de o casal dividir o mesmo teto, quem dirá levada em conta. É verdade, casar ou morar junto por dinheiro nem sempre dá certo. Mas só por amor sempre dá? O escritor Ken Fischer aconselha que “casar-se por dinheiro é uma maravilha, desde que se tenha a certeza de que é com alguém que você vai tratar bem e que vai tratá-lo bem, também. O dinheiro nunca vai substituir o amor. Mas, pode ser um adendo delicioso – como crosta de açúcar em bolo”.

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