Home office, lives, reuniões virtuais, distanciamento, higienização com álcool em gel e máscaras. Nunca como no último ano os trabalhadores precisaram se adaptar tão rapidamente a tantas mudanças. Com a pandemia do coronavírus, de uma hora para a outra, profissionais de diferentes áreas tiveram que encontrar novos modos de desempenhar tarefas às quais estavam acostumados. E o que era para ser provisório adquiriu status de permanente. Embora o mundo do trabalho seja dinâmico por natureza, nos últimos tempos, talvez pela rapidez com que tudo aconteceu, essas transformações adquiriram grande visibilidade e repercussão, como relatam diversos profissionais.
Desafios e aprendizados para os professores
Ainda que as aulas presenciais venham sendo retomadas, o ensino remoto virou uma realidade, e sua implantação trouxe desafios a alunos e professores. No entanto, passado mais de um ano, os profissionais acreditam que o formato de educação virtual não só é viável como veio para ficar.
Professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental há 17 anos, Claci Santos conta que a transição ao ensino remoto foi tumultuada no início, mas aconteceu naturalmente com o passar do tempo. “Eu vejo agora como uma forma tranquila, porque as famílias já estão entrando nesse ritmo”, observa. As aulas ocorrem de forma síncrona (ao vivo) ou assíncrona, quando o professor disponibiliza os conteúdos para que cada estudante faça por conta própria.
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Como principal dificuldade do atual modelo de trabalho, Claci cita o acompanhamento dos pais. Segundo ela, o engajamento da família é indispensável para garantir o desenvolvimento do estudante. Ao comentar sobre pontos positivos e momentos que marcaram, ela diz que o interesse dos alunos em interagir e mostrar suas produções nos encontros virtuais foi o destaque. “Uma coisa que me marca é quando eles fazem as atividades e perguntam para a ‘profe’ se podem mostrar. Aquilo me desperta uma emoção, uma coisa tão diferente, porque no presencial eles adoram mostrar aquilo que fazem”, salienta. “É uma situação muito diferente, mas é gratificante vermos que eles interagem. E eles interagem muito.”
Mudanças didáticas, de metodologia e valorização
Formado em Direito, Filosofia e Letras, Fabrício Léo Alves Schmidt começou a dar aulas particulares e em cursinhos preparatórios em 2008, e desde 2018 também é professor de Língua Portuguesa do segundo e terceiro ano do Ensino Médio. Mesmo com quase 15 anos de atuação nas salas de aula, a pandemia trouxe desafios inéditos. “Para mim foi um recomeço. Tivemos que mudar a questão metodológica e a questão didática. Tivemos de nos adaptar ao Google Classroom, os alunos não tinham nem ciência desses mecanismos. Eles estão muito acostumados às redes sociais, mas quando se trata da área de educação, ainda têm um pouco de dificuldade”, afirma.
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Assim como foi para os alunos, os professores também enfrentaram obstáculos para se adaptar ao novo formato virtual, especialmente os mais antigos na profissão. Mais habituado às plataformas, Fabrício se prontificou a auxiliar os colegas, e destaca que lecionar não pode se resumir somente às salas de aula. “É um pensamento reducionista. Temos que quebrar esses paradigmas e visões que a sociedade ainda tem com o professor necessariamente dentro da sala, como se isso fosse o processo de aprendizagem”, enfatiza. “A internet complementa a sala de aula e a sala de aula complementa a internet. É uma simbiose dos dois, um sistema harmônico a que ainda estamos nos adaptando.”
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A exemplo de Claci, Fabrício também acredita nos modelos de ensino virtuais e híbridos. Contudo, ele ressalta os diversos entraves no Brasil para que tudo funcione como deveria no âmbito educacional. “Esses modelos vieram para ficar com toda a certeza, agora, como eles serão trabalhados eu não sei. As dificuldades são imensas, porque o Brasil não é homogêneo, ele é estritamente heterogêneo”, afirma Fabrício, citando as diferentes realidades vividas por cada região do País.
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Cuidar das vidas em primeiro lugar
A trajetória de 17 anos no serviço público ensinou muito a Eberson Pereira Gonçalves. Entre tantas vivências e experiências, uma se destaca: o zelo pela vida. Se esse sentimento já o inspirava no dia a dia, nos últimos tempos adquiriu ainda mais relevância.
Atuando na Guarda Municipal de Santa Cruz do Sul há seis anos, quando ingressou por meio de concurso público, Gonçalves nasceu em Cachoeira do Sul e trabalhou nas prefeituras de Paraíso do Sul e Novo Cabrais. Antes de assumir a coordenação da Guarda Municipal santa-cruzense, em janeiro deste ano, desempenhou função como sindicante junto à Corregedoria, com atividades de caráter administrativo na apuração da conduta dos guardas municipais. Um dos feitos que o orgulham nessa caminhada é o fato de ter idealizado o projeto Guarda-Costas, para trabalhar com segurança primária junto aos educandários de Santa Cruz do Sul. Em 2019, inclusive, foi condecorado como Destaque em Segurança Pública na Câmara de Vereadores.
Formado em Educação Física e atualmente acadêmico do bacharelado em Química, Eberson Gonçalves sabe da importância da atividade. “Sempre procurei desenvolver um trabalho honesto, que pudesse me dignificar como ser humano e oferecer algo a mais do que a obrigação instituída do cargo. Acredito que todos nós somos capazes de fazer um pouquinho a mais e contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária e comprometida com o bem-estar da vida social”, ressalta.
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E nesse contexto, satisfeito com sua missão, o cachoeirense que adotou Santa Cruz para viver ressalta a importância da Guarda Municipal. “Zelamos pelo bem comum maior, que é a vida das pessoas, e isso não tem preço que pague. Sou consciente do meu papel enquanto cidadão junto ao processo de desenvolvimento da sociedade”, orgulha-se.
Da mesma forma que a tarefa o gratifica, é inegável que os desafios também fazem parte do serviço. E é neste momento que toda a experiência é colocada em prática para lidar com situações como a falta de empatia diante da resistência às atividades de fiscalização tão necessárias na pandemia.
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Em meio aos riscos, gestos de carinho
Quando o alarme de um banco disparou no começo da noite de 1º de outubro do ano passado, a Brigada Militar foi acionada para averiguar o que estava acontecendo. O chamado que poderia ser indício de um crime, porém, teve um desfecho inusitado. Após identificar que uma queda de luz havia acionado o sistema de segurança, os policiais retornaram para a viatura.
No caminho, uma cena chamou a atenção do sargento Severiano Vargas do Nascimento. Acompanhada pela mãe Adriane, a menina Emanuelle Miranda, de 3 três anos, acenou e logo começou a conversar. Curiosa, a pequena queria saber mais a respeito do trabalho dos policiais e pediu para ser fotografada com Severiano. Essa foi uma das situações que surpreenderam o policial em seus 18 anos de profissão. Além da satisfação pelo reconhecimento, o gesto da menina se deu em um momento marcado pelas incertezas da pandemia do coronavírus, que também impactou no modo de trabalho dos profissionais da segurança.
Aos 40 anos, Severiano, assim como os demais colegas, tem vivenciado dias diferentes na carreira. Máscara, álcool em gel, higienização das viaturas e cuidados redobrados para evitar o contágio foram incorporados à rotina. “Fazemos parte da profissão que faz um juramento de ‘defender a sociedade mesmo com o risco da própria vida’.
Mesmo seguindo todos os protocolos, sempre existe o risco de contrair a doença, pois há o contato com as pessoas no atendimento de todos os tipos de ocorrências.” Mesmo em meio ao riscos, para Severiano o dever fala mais alto. Tanto que no último verão ele foi destacado para a Operação Golfinho, da qual já havia participado em 2006/07 e 2010/11. Desta vez, porém, o cenário foi adverso em razão da pandemia. Além de prestar os atendimentos de ocorrências, a Brigada Militar deu apoio à fiscalização da Vigilância Sanitária. “Tive a grata satisfação de ser agraciado durante a Operação Golfinho com uma Moção Honrosa, aprovada pela Câmara de Vereadores de Cristal por unanimidade, pelo excelente trabalho realizado naquele município. Ao final da operação, também o prefeito daquela cidade enviou ofício agradecendo e exaltando o trabalho feito. Isso nos motiva a cada dia sermos melhores na profissão que escolhemos. Temos imenso amor pela farda que envergamos”, orgulha-se.
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