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Dia do Trabalhador

Em 1º de maio, no Brasil e em vários países, é comemorado o Dia Mundial do Trabalho ou do Trabalhador, como muitos preferem e parece fazer mais sentido com a criação. A data foi escolhida num Congresso Socialista, em 20 de junho de 1889, realizado em Paris. Era uma homenagem aos mortos em manifestações de trabalhadores, iniciadas em 1º de maio de 1886, nas ruas de Chicago – o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época. Ironicamente, naquele país, a data é comemorada na primeira segunda feira de setembro.

No Brasil, o Dia do Trabalhador começou a ser celebrado em 1º de maio de 1925, por decreto de 1924 do então presidente Arthur Bernardes que, no artigo único, dizia “é considerado feriado nacional o dia 1º de maio, consagrado à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho”. Nas décadas de 1930 e 1940, o presidente Getúlio Vargas “apropriou-se” da data, passando a utilizá-la para divulgar a criação de leis e benefícios trabalhistas, deixando de lado o caráter de protesto.

A ideia principal, então, da criação do dia 1º de maio era homenagear os trabalhadores que prestavam serviços para outras pessoas, empresas etc. Atualmente, a proposta é estender a homenagem a todos os trabalhadores, o que inclui, evidentemente, desde trabalhadores das tarefas mais simples a grandes empresários e executivos, donos de pequenas empresas e propriedades rurais, diretores e gerentes, pessoas que não são empregadas ou, quando o são, exercem atividades de comando, sendo confundidas, muitas vezes, com os proprietários dos empreendimentos, mas que trabalham muito, possivelmente bem mais do que os colaboradores.

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Sem hipocrisia, é praticamente impossível separar o pessoal do profissional. É difícil conviver com problemas sérios no trabalho e chegar em casa sorrindo, como se nada tivesse acontecido. De outra parte, não existe, no local de trabalho, um botão para acionar e esquecer problemas financeiros, de saúde, de relacionamento, entre tantos outros. A mistura de vida pessoal e profissional se fortaleceu com o isolamento forçado durante a pandemia do coronavírus. Se as pessoas tinham qualquer tipo de preconceito em unir vida pessoal e profissional entenderam que isso não é mais possível.

Da parte de empregadores – empresas ou qualquer pessoa/entidade que emprega alguém em casa, na propriedade rural etc. -, ainda persistem casos de práticas muito próximas ao chicote para comandar subordinados; em situações extremas, como divulgado frequentemente pela mídia, a utilização de métodos análogos à escravidão. São proprietários, diretores, chefes ou gerentes que, através de atuações brutais e egocêntricas, passam dos limites, podando a capacidade criativa das pessoas e desperdiçando talentos. Outras vezes, de forma sutil, determinam missões impossíveis ou tarefas inexpressivas; desqualificam ou atacam a vida pessoal do colaborador; dificultam o acesso ao material de trabalho ou aos manuais de instruções; ignoram as atribuições previstas no contrato de trabalho; e por aí vai.

Já com relação aos empregados, fala-se muito na valorização do capital humano. Com tecnologia e equipamentos iguais ou parecidos, o que vai fazer a diferença, efetivamente, são as pessoas. Começa na contratação. Muitos candidatos, com o currículo recheado de qualidades, treinamentos e habilidades profissionais, no dia a dia, revelam uma pessoa de humor inconstante, nervos à flor da pele e ataques de fúria. Contratados pelo perfil técnico, em pouco tempo são demitidos pelo comportamento inadequado.

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Neste Dia do Trabalhador, cabe uma observação sobre o etarismo. Trata-se de uma nova palavra que representa intolerância, discriminação ou preconceito relacionados à idade, tanto de pessoas jovens, quanto de mais velhas. O etarismo manifesta-se de diversas formas e em várias áreas, quase sempre de maneira sutil. No mercado de trabalho, não dando oportunidade aos mais jovens ou aos mais velhos, não os selecionando para novas atividades ou, se tiverem idade para aposentar, obrigando-os a sair da empresa.

O etarismo também pode partir do próprio profissional que não se considera mais apto a exercer uma função. O preconceito com a idade deve ser uma luta individual, 1) investindo em auto conhecimento para compreender o que pode ser realizado de forma diferente, e, 2) ampliar a atualização profissional, identificando o que é importante aprender ou aperfeiçoar para melhorar as chances de atingir objetivos.

Uma empresa pode possuir as melhores e mais amplas políticas de recursos humanos, oferecendo os mais variados benefícios. Mas, existe um ponto que será ainda mais relevante na manutenção da motivação dos colaboradores: o dinheiro. Problemas com dinheiro podem gerar ansiedade e queda na produtividade. Não há como fugir da realidade de que um profissional com dificuldades financeiras são um desgaste muito maior do que se pode imaginar, afinal, pessoas com dívidas são cidadãos que vivem sem expectativas e sem realização de sonhos.

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Esse trabalhador trará problemas para a empresa: queda no rendimento do trabalho e resultados, aumento dos índices de absenteísmo e presenteísmo, complicações no ambiente interno e relações tensas com os colegas de trabalho, elevada rotatividade de mão de obra etc. Por isso, cada vez mais, empresas já oferecem aos funcionários programas de educação financeira, através de palestras de conscientização, cursos e, em especial para aqueles funcionários atolados em dívidas, assessorias individualizadas, o que é recomendável estender também aos familiares. É uma prática que custa menos do que, simplesmente, demitir os que estão com problemas e contratar – e treinar – outros.

A Covid-19 foi um marco disruptivo que mudou o mundo, inclusive nas relações de trabalho. Além da precarização das condições de algumas áreas de trabalho – redução de jornada e de salários, perda de direitos etc. -, aconteceram mudanças importantes como o trabalho em home office, de todo ou híbrido, e a internet que criou novos modelos de carreira. Essas mudanças vão exigir adaptação para quem já está no mercado de trabalho e preparo específico para quem quer escolher uma profissão. Como se diz que “as consequências sempre vem depois”, são novas situações de trabalho que terão que ser analisadas e regulamentadas em algum momento, no presente para o futuro.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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