As últimas semanas foram de trabalho intenso para as famílias moradoras das áreas rurais nos municípios do Vale do Rio Pardo. Em meio à colheita do tabaco, os produtores aproveitam o tempo firme para realizar uma das etapas mais significativas da safra.
Para quem se dedica à atividade, este momento é especial porque é possível ver, de fato, os resultados de meses de dedicação desde o preparo do solo, passando pela produção das mudas e demais tratos culturais. De certa forma, é após a colheita que os produtores podem sentir um pouco mais de tranquilidade diante do risco de intempéries que os acompanha do início ao fim.
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Ainda que sejam necessárias mais etapas de grande importância, como o processo de cura e seleção das folhas para posterior comercialização, outro elemento está sempre presente no trabalho: a dedicação pela qualidade.
Esse aspecto, aliado ao suporte técnico prestado pelas entidades representativas do setor e indústrias, fruto do Sistema Integrado de Produção, ajuda a manter o Brasil em uma posição de destaque no cenário global.
A dimensão de um setor que tem na agricultura familiar sua base se torna mais evidente no Vale do Rio Pardo, onde a cultura vem passando entre gerações, estimulando e fortalecendo toda a cadeia produtiva. Sempre atentos à relevância da atividade, os produtores de tabaco têm cada vez mais investido em tecnologias e recursos capazes de assegurar melhores resultados em suas propriedades.
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Bons exemplos podem ser encontrados a partir da adoção de colheita mecanizada, investimentos em sistemas de irrigação e mais recentemente instalação de placas destinadas à geração de energia solar. Com o tempo, veio também um olhar mais apurado ao aspecto ambiental a partir de iniciativas de conscientização que passam pela correta destinação das embalagens, manejo adequado do solo, preservação de florestas ou reflorestamento e atenção aos mananciais.
Da mesma forma, a preocupação com o futuro e qualidade de vida evidencia-se diante das boas práticas relacionadas à saúde e também à sucessão familiar, como mostra esta edição comemorativa ao Dia do Produtor de Tabaco.
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Números*
20.973
famílias se dedicam ao cultivo de tabaco nos municípios de Boqueirão do Leão, Candelária, Encruzilhada do Sul, Herveiras, Mato Leitão, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz.
39.984
hectares são ocupados com lavouras nesta região, incluindo os tipos Virginia, Burley e Comum.
75.905
toneladas produzidas na safra 2019/2020 nos 13 municípios.
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1.894
quilos por hectare é a produção média nesta região.
R$ 17,3 mil
é a renda média por hectare.
*Fonte: Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), safra 2019/2020
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A data
O Dia do Produtor de Tabaco, celebrado nesta quarta-feira, 28, foi definido na assembleia da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (Itga), em outubro de 2012. A escolha do dia deve-se à história em torno da planta.
Em 1492, Cristóvão Colombo navega em direção às Américas. No dia 28 de outubro, dois tripulantes da embarcação visitaram o interior do que viria a ser a ilha de Cuba. Eles teriam encontrado nativos e testemunhado um ritual no qual a fumaça de folhas queimadas era inalada através de um tubo. Assim aconteceu a apresentação das folhas conhecidas pelos nativos como Cohiba, que mais tarde seriam chamadas de tabaco.
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No Rio Grande do Sul, o Dia do Produtor de Tabaco foi instituído por meio da lei 14.208/2013, também em 28 de outubro. De autoria do hoje deputado federal Heitor Schuch (PSB), a matéria atendeu a uma solicitação de entidades do setor, como a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetag/RS) e Federação da Agricultura (Farsul), com o objetivo de respaldar e valorizar o trabalho do produtor de fumo. Na época, o santa-cruzense e então deputado estadual disse que a comemoração fora instituída como forma de preencher uma lacuna no calendário gaúcho. Ele destacou ainda a importância de um dia como esse para debates, comemorações e reflexão acerca dos rumos da atividade fumageira.
No Brasil, as primeiras comemorações ocorreram em 2013, em Santa Cruz do Sul, e reuniram 1,5 mil pessoas. Depois as atividades foram realizadas em outros polos produtores. Neste ano, a programação foi impactada em razão da pandemia do novo coronavírus. No entanto, o sentimento que prevalece entre todos os personagens da cadeia produtiva é de orgulho pelo reconhecimento e a dedicação para seguir desempenhando seu papel da melhor maneira possível.
Tradição preservada pelas novas gerações
A história do casal Jorge Alberto e Denise Caroline Bergenthal (da foto abaixo), de Venâncio Aires, reafirma a importância do tabaco entre as famílias. Como eles, cada vez mais jovens se dedicam à atividade. Confira essas e outras histórias no PDF do caderno especial, veiculado na Gazeta do Sul desta quarta-feira. Para acessar, basta clicar na foto ou aqui.
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