O pão é, sem dúvidas, um dos alimentos mais populares e consumidos no mundo. Não é exagero afirmar que o produto se consagrou em praticamente todas as mesas. Seja qual for a sua composição, nome ou formato, o que se sabe é que literalmente faz parte do cotidiano da humanidade.
Os dados mais recentes da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) indicavam que em 2021 o Brasil tinha mais de 70 mil padarias. Desse total, a capital de São Paulo concentrava 30% do mercado global, o equivalente a 22 mil estabelecimentos.
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Em seguida, aparecem Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Conforme a entidade, o setor de panificação evoluiu muito, assim como a cultura da alimentação. A prova de que comer um pãozinho pela manhã é um hábito cultural se viu durante a pandemia de Covid-19, haja vista que a venda de pão seguiu em alta e o setor de panificação foi considerado como serviço essencial.
Data
Alguns registros históricos dão conta de que os primeiros panificadores, responsáveis pela produção dos pães, tenham surgido há mais de 12 mil anos, na região da Mesopotâmia (hoje Iraque). Todavia, seja qual for a origem da profissão, o Dia do Panificador, evidenciado neste sábado, 8, é uma homenagem à Santa Isabel, tida como padroeira dos panificadores (ou padeiros). A lenda retrata que Isabel, rainha de Portugal no século 19, distribuía pães aos pobres, já que o país estava em crise. Daí a devoção dos padeiros pela santa portuguesa.
Herança visionária
A história da Casa de Chá e Padaria Pritsch iniciou oficialmente em 1929, quando João Adão Pritsch comprou uma padaria já existente na cidade e começou a fabricar seus próprios pães. Visionário, ele empreendeu cerca de seis anos depois de ter deixado a propriedade da família, em Cerro Alegre, para tentar a sorte na cidade.
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Seus primeiros anos de vida urbana foram decisivos para que ele investisse no ramo da panificação. Na condição de funcionário da padaria Müller, hoje extinta, ganhou experiência e gosto pelo setor. A partir daí, iniciaria uma jornada de muita coragem e trabalho e que reflete até então na comunidade.
Quem conta esses feitos é o seu décimo filho, João Carlos Pritsch, responsável por levar adiante os negócios e por fazer da Pritsch a referência que é hoje. Acompanhando desde a infância a rotina da padaria, João Carlos, hoje com 70 anos, diz que aprendeu com o pai valores importantes de como investir e, ao mesmo tempo, valorizar as pessoas.
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“Meu pai tinha um jeito muito peculiar de ensinar as coisas. Ele sempre dizia ‘gaste com quem gasta contigo’ porque achava importante valorizar o nosso comércio local”, lembrou João Carlos. “A nossa riqueza é gerada no nosso entorno, um ajudando o outro”, completou.
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Foi com esse espírito de troca e ajuda mútua que a família viu os negócios prosperarem. Em 1948 o atual prédio da padaria, na Rua Marechal Floriano, foi inaugurado. Alguns anos depois, em 1975, João Carlos assumiu em definitivo a direção do empreendimento, por conta do falecimento do pai. Nessa mesma época, contou com a ajuda de uma de suas irmãs mais velhas, Lucena, que agregou seus conhecimentos de confeitaria e fez a padaria crescer ainda mais.
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“Foi o boom da padaria. Passamos a fabricar muitas outras coisas, além do pão. A Lucena e o marido dela, o Ardilo, foram fundamentais para ajudar nessa expansão dos negócios”, destacou, enaltecendo a abertura da Casa de Chá, em 1978.
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As mudanças no setor de panificação observadas por João Carlos em todo esse período foram muitas. Entre elas, citou o uso das novas tecnologias em maquinário e em fermentação. Em 1992, a Pritsch abriu uma filial na Rua Dona Flora, também em Santa Cruz do Sul, oferecendo mais um ponto para os clientes consumirem os produtos.
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O local é administrado por Jocinei Pritsch, filho mais velho de João Carlos, e por sua esposa, Laura Nobre. Já a administração da matriz e da Casa de Chá está a cargo da filha mais nova, Vivian, e de Elisabeth, esposa de João Carlos, que igualmente participou de todo o trabalho de consolidação da empresa.
Hoje, a Pritsch conta com cerca de 70 funcionários. Se depender do empreendedorismo e da força de trabalho herdados por João Carlos e seus filhos, o negócio seguirá firme para o seu centenário. “A panificação sempre vai existir porque faz parte do dia a dia das pessoas. Hoje só concorremos com a indústria de pães congelados”, garantiu João Carlos.
Do capricho à fabrica
Quando Erica Claas decidiu aumentar a renda da família com a venda das bolachas que fazia artesanalmente, ela sequer imaginava que seria precursora de um negócio próspero e reconhecido em toda a região. Foi na cozinha de casa, em Sinimbu, que a produção dos primeiros doces começou. Para ganhar mais clientela, aumentou a quantidade e começou a vender duas vezes por semana, de porta em porta, em Santa Cruz do Sul. A distribuição era feita com a ajuda do filho Marcos.
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O capricho na elaboração dos produtos conquistou rapidamente os paladares dos santa-cruzenses e as vendas aumentaram para três vezes na semana. Entre uma entrega e outra, por sugestão de um cliente, Erica começou a produzir massas caseiras refrigeradas. Dali em diante, não pararia mais. Os pedidos só aumentaram, e o deslocamento entre Sinimbu e Santa Cruz se tornou tão frequente a ponto de os negócios serem transferidos de cidade.
Conforme a nora de Erica, Mara Claas, a mudança de endereço ocorreu há 15 anos. “Os produtos vendiam tão bem que as entregas começaram a ser feitas diariamente, abastecendo mercados, restaurantes e casas coloniais de Santa Cruz e de outros municípios próximos”, relatou.
Assim teve origem a fábrica de bolachas e massas caseiras da Panificadora Cristal, localizada na Avenida João Pessoa, em Santa Cruz do Sul. Atualmente, o mix de produtos também é oferecido no balcão de vendas, com completa linha de confeitaria e congelados e com espaço para café.
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“O carro-chefe continua sendo as massas caseiras refrigeradas, em vários formatos, e também a massa de lasanha”, informou Mara. Além de Santa Cruz, a produção da fábrica de bolachas e massas caseiras é comercializada em mais de dez municípios da região.
Ao todo, são 22 funcionários, seis deles dedicados exclusivamente à produção da fábrica, que deixou de ser artesanal e se expandiu com o emprego de maquinário. Erica participou da produção até o ano de 1999. À frente dos negócios junto com Marcos há 23 anos, Mara ressalta a garra e o empreendedorismo de Erica.
“A minha sogra era uma mulher muito batalhadora. Era uma guerreira que sempre fez de tudo para melhorar a vida da família”, sublinhou. “Devemos tudo o que temos a essa atividade. Somos muito gratos à panificação. Mesmo com a pandemia, seguimos trabalhando e nossos produtos tiveram saída”, informou Mara.
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