Nesta segunda-feira, 9 de dezembro, se comemora o Dia do Fonoaudiólogo, profissional responsável pelo trabalho de habilitação e reabilitação da voz, atenção a distúrbios da audição, oralfacial, leitura e escrita. Mas, afinal, até que ponto esse profissional pode fazer a diferença na vida pessoas? Primeiro, é preciso considerar que é engano pensar que comunicação se resume à fala, pois em uma consulta fonoaudiológica questões gerais sobre esse campo são avaliadas.
É por isso que os cuidados com os órgãos relacionados à fala e à audição são essenciais em todas as fases da vida, desde os primeiros meses de um bebê até a fase adulta. As alterações no funcionamento desses órgãos podem gerar dificuldades na aprendizagem ou mesmo no convívio social do indivíduo. Por isso, ao perceber qualquer problema, é importante recorrer a esse profissional, capaz de auxiliar tanto na prevenção quanto no tratamento de possíveis problemas ou dificuldades relacionadas à linguagem.
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Com métodos corretos que visam à melhoria da comunicação, é ele quem irá identificar as necessidades de cada paciente, propondo tratamentos personalizados caso a caso. Para saber mais sobre esse trabalho, a Gazeta do Sul conversou com a fonoaudióloga Suellin Rodrigues, graduada pela Universidade de Passo Fundo (UPF), especializada em distúrbios neurocognitivos, e que atende em Santa Cruz do Sul. Confira a seguir.
Entrevista
Suellin Rodrigues, fonoaudióloga
- Uma das áreas mais conhecidas no trabalho de um fonoaudiólogo é a fala. A que se atribui isso?
A fala é uma das áreas mais conhecidas porque está diretamente relacionada à comunicação humana. É fundamental para as interações sociais, expressões de pensamentos, emoções e necessidades. É não só um meio de comunicação, mas instrumento essencial para a interação social, o desenvolvimento pessoal e o bem-estar emocional. No bebê, são os primeiros sons, os balbucios e as tentativas de comunicação com os pais, mas à medida que a criança cresce, a fala se torna um reflexo da capacidade cognitiva, emocional e social do ser humano. É nesse momento que a intervenção fonoaudiológica pode ser fundamental para corrigir ou auxiliar no desenvolvimento, caso haja algum atraso ou dificuldade.
Ao longo da vida, a fala continua a ter uma importância central. Em crianças, o desenvolvimento adequado da linguagem é crucial para o aprendizado e a interação social. Em adultos, é uma ferramenta para a expressão de ideias, sentimentos, necessidades e para o desempenho profissional. Ao longo da vida adulta e na velhice, problemas relacionados à fala podem surgir devido ao envelhecimento, doenças neurológicas ou lesões. O trabalho do fonoaudiólogo nessas fases envolve a reabilitação vocal, adaptação de estratégias de comunicação, reabilitação da deglutição e outros. - São os casos com maior atendimento em consultório?
A fala é uma das áreas de maior demanda nos consultórios de fonoaudiologia, especialmente quando se trata de questões escolares e de desenvolvimento. Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem ou com diagnóstico de autismo enfrentam desafios na comunicação, o que pode afetar diretamente seu desempenho escolar e interação social. A intervenção precoce em casos de atraso na fala ou dificuldades na linguagem é fundamental para melhorar o desenvolvimento acadêmico e a inclusão dessas crianças. - O que se percebe, atualmente, na rotina médica? As pessoas estão mais atentas a buscar ajuda?
Sim, as pessoas estão cada vez mais identificando a necessidade do serviço fonoaudiológico. Ou seja, não são apenas os pediatras e neurologistas e demais profissionais da área da saúde que estão atentos a isso. Com as crianças tem sido cada vez mais comum, pois os professores também alertam os pais sobre a importância de buscar esse acompanhamento por conta dos sinais que percebem no desenvolvimento. - No que se refere a tratamentos, pode-se dizer que são curativos ou paliativos? Ou depende muito da situação?
Atuamos para que haja qualidade de vida para o paciente independente da situação. Em uma perda auditiva, por exemplo, recomenda-se o uso de aparelho auditivo. No caso do autismo, o fonoaudiólogo fará um tratamento voltado para suprir as demandas individuais do paciente, seja de linguagem, fala ou interação social. No caso de cantores, terapias de aperfeiçoamento vocal serão feitas. Se o paciente for idoso e tiver disfagia, serão adaptadas consistências alimentares e realizados exercícios específicos. Outro exemplo seria a gagueira: um gago pode aprender estratégias que façam com que não gagueje mais. No entanto, não podemos dizer que foi curado. A alta do tratamento nem sempre indica uma cura definitiva, pois, a depender da natureza do problema, ele pode retornar no futuro, exigindo acompanhamento contínuo ou novos cuidados.
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Origem da data
A idealização da profissão de fonoaudiólogo data da década de 1930. Surgiu da preocupação da medicina e da educação com a profilaxia e a correção de erros de linguagem apresentados pelos estudantes. Os primeiros cursos surgiram na década de 1960, ainda voltados à graduação de tecnólogos em Fonoaudiologia. O primeiro currículo mínimo, fixando as disciplinas e a carga horária desses cursos, foi regulamentado pela Resolução no 54/76, do Conselho Federal de Educação.
Nos anos 70, tiveram início os movimentos pelo reconhecimento dos cursos e da profissão. Foram criados, então, os cursos em nível de bacharelado, e o curso da Universidade de São Paulo foi o primeiro a ter seu funcionamento autorizado, em 1977.
A lei que regulamentou a profissão foi sancionada em 9 de dezembro de 1981, pelo então presidente João Figueiredo. Além de determinar a competência desse profissional, com a lei, foram criados os Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia.
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