Uma figura pouco homenageada, mas muito lembrada. O diretor escolar tem fundamental importância no funcionamento de uma instituição de ensino. Ele é o responsável por gerir desde um problema simples, como um vazamento de água, até complexas situações, como decidir sobre o modelo de funcionamento de um local que atende crianças e adolescentes durante uma pandemia.
São inúmeros os desafios enfrentados pelos diretores de escolas, principalmente neste último ano, quando muito se falou sobre ensino híbrido, distanciamento social e tantas outras palavras que se tornaram comuns no nosso vocabulário. Neste 12 de novembro, celebra-se nacionalmente o Dia do Diretor Escolar. Por isso, a Gazeta do Sul conversou, como forma de homenagem, com três diretores de instituições de ensino das redes municipal, estadual e privada.
Uma incentivadora da leitura
Já são mais de 30 anos dedicados à educação. Formada em Letras, Marcia Susana Simon, de 49 anos, é a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias, situada no Bairro Faxinal, em Santa Cruz do Sul. Diretora do estabelecimento de ensino desde 2017, ela relata que, ainda criança, tinha vontade de dar aulas. Hoje, é uma apaixonada pela educação.
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Na opinião da educadora, é necessário que a escola seja um local de acolhimento para alunos e professores e também para as famílias. Além disso, ressalta a importância do trabalho em equipe. “Eu lidero, estou na frente, mas preciso dar toda a força. Eu acredito muito no espírito de grupo. O professor tem que sentir orgulho do lugar que trabalha e tem que sentir meu apoio”.
Mesmo que as aulas tenham voltado ao 100% presencial, ainda são muitas as consequências do período de isolamento e ensino remoto, fazendo com que a luta seja continuada. “A gente sente a dificuldade de muitos alunos de retornar. A escola era um espaço conhecido deles e passou a ser um espaço desconhecido. Muitos voltaram angustiados, chorando, e a escola teve que fazer todo esse acolhimento para eles. É um novo caminhar”, avalia.
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Como tudo ensina algo, para Marcia, a pandemia veio para mostrar a importância da escola na vida dos estudantes e das famílias. “A escola é o local mais seguro. É um lugar essencial para as crianças, é aqui que a gente aprende, socializa, acolhe. As famílias entenderam muito melhor o papel da escola, do professor, não há o que substitua”.
Encantada pela literatura, a diretora da Escola Municipal Duque de Caxias levou para dentro da instituição essa paixão, incentivando por meio de projetos cerca de 430 alunos que estudam no local. “Para mim, a biblioteca para mim é o carro-chefe. Tenho o sonho de ter ali uma pessoa, que seja amante de livros, para atender os estudantes”. Nas paredes, estão expostos trabalhos feitos pelos estudantes da pré-escola até o 9º ano. “A escola precisa fazer sentido para eles, e eles precisam se sentir pertencentes”.
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Objetivo de ser protagonista
Gerir a maior escola estadual de Santa Cruz em plena pandemia é, sem dúvida, um dos grandes desafios da vida de uma pessoa. Significa ser responsável pela educação de 1.278 estudantes. Em 2018, Janaína Venzon, de 46 anos, que tem bacharelado e licenciatura em Biologia, assumiu a direção da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira. Viu-se ainda mais desafiada quando, em março de 2020, tudo parou e foi necessário ressignificar o ensino que ela conhece desde 1998, quando começou a dar aulas.
A diretora recorda que, após sair de uma greve e terminar o ano letivo apenas em janeiro de 2020, em março do mesmo ano a equipe foi surpreendida pela suspensão das aulas presenciais. “Foram várias noites sem dormir. A partir daquele momento, houve ainda mais conexão entre direção e pais. Imagina um telefone da direção em que diariamente tu chega e vê 900 mensagens? E para nenhum deles foi deixado de dar retorno. Além de manter tudo, mesmo que à distância, tivemos que dar aquela assistência aos pais e professores”.
Para Janaína, quando o profissional se dispõe a colocar o nome para concorrer à direção, ele precisa estar ciente da responsabilidade que o cargo traz consigo. “Tem que estar preparada para realmente fazer seu papel e não ser um mero figurante e deixar sua marca, ser um protagonista na escola. Foi aí que comecei meu lema e passei a ter essa escola como se fosse minha casa. Se ela é minha casa, assim como tenho meus filhos, os alunos passam a ser meus filhos; os professores, meus irmãos. E eu preciso me sentir bem nesse lugar. Assim fizemos inúmeras transformações desde 2019”.
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Uma dessas mudanças foi a construção de um refeitório, que era um sonho acalentado já há uma década. Outra alteração na estrutura foi a construção de um pergolado no pátio da instituição, além do planejamento de comunicação visual, como no espaço pedagógico da escola, que apresenta informações educativas nas paredes dos corredores, próximos às salas de aulas.
Sempre muito ativa, Janaína salienta que é preciso se movimentar e estar em todos espaços da escola. “Temos a obrigação de sempre manter a escola funcionando – limpeza, merenda, secretaria, administrativo, parte pedagógica. Tem também que entrar em cada situação de aluno, saber todas as informações, tudo vem para a direção. Muitas vezes eles têm um problema em casa, depressão, e a gente absorve tudo.”
Para além dos muros da escola
Mais que diretor do Colégio Mauá, Nestor Raschen, de 62 anos, é também um homem envolvido com diversas áreas do município. “Sou apaixonado pela cidade, pelas boas causas. Entendo que o compromisso de cada um de nós é deixar um mundo melhor para as próximas gerações. Mas enquanto a próxima geração não chega, temos que fazer um mundo melhor aqui e agora”, destaca o diretor.
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Raschen, que é graduado em Letras e especializado em Administração Escolar, começou a trabalhar como professor em 1980 no Mauá, que tem 151 anos de história, sendo um dos mais tradicionais colégios de Santa Cruz. Em 1987, assumiu a vice-direção e, em 2013, tornou-se diretor da instituição de ensino. Já em 2020, após sete anos na direção, começou a viver um de seus maiores desafios à frente da gestão. “A pandemia colocou todos nessa condição de ter uma escola funcionando sem alunos. Tivemos que ser escola na casa das famílias. Os professores precisaram se reinventar, nossa equipe pedagógica foi obrigada a buscar alternativas. E o diretor tem o papel de um grande cuidador de todas as pessoas.”
Além de toda a parte pedagógica e de recursos humanos, o diretor da escola de ensino privado teve também que lidar com restrições financeiras. “Tomamos decisões bem difíceis para a manutenção da escola.” Para o educador, outro grande desafio foi a retomada das aulas presenciais. “Enfrentamos resistência para provar que era possível, e que bom que fizemos isso pela nossa escola, pelas outras escolas, porque educação é essencial. Felizmente, desde a retomada, não tivemos casos de contágio no ambiente escolar.”
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São 2.130 alunos e 286 colaboradores no Colégio Mauá – e quem responde por todos é o diretor escolar. Além dessa responsabilidade, Nestor Raschen faz questão de estar sempre envolvido em causas culturais e sociais e se preocupar com o futuro da cidade. “Uma escola não deve ser somente dentro dos muros. Uma escola também tem que fazer pela comunidade, especialmente nosso tipo de escola, que foi criada pela comunidade”, acrescenta.
Recentemente, após passar por uma reforma, o Museu do Colégio Mauá foi reinaugurado. O espaço é uma referência cultural e turística em Santa Cruz do Sul. “Ter o museu é conhecer a história da região, é preservar a memória. Quem conhece sua história consegue entender o presente e projetar o futuro.”
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