Neste domingo, 2, se comemora o Dia do Bombeiro Brasileiro. A fim de destacar a importância do trabalho desses profissionais para a sociedade, anualmente se realiza uma programação especial para aproximar a comunidade da realidade diária vivida dentro dos Batalhões de Bombeiros Militares. No Rio Grande do Sul são 12 BBMs no total. O instalado em Santa Cruz é o 6º BBM, que conta com nove unidades operacionais – uma está no município e as demais em Cachoeira do Sul, Encantado, Encruzilhada do Sul, Estrela, Lajeado, Venâncio Aires, Vera Cruz e Rio Pardo. Com atuação nos Vales do Rio Pardo e Taquari, abrange uma área de 56 municípios e um contingente de cerca de 850 mil pessoas.
O trabalho é prestado por cerca de 230 militares em toda a região abrangida. Uma prova resumida do que eles enfrentam diariamente foi apresentada a um grupo de 25 pessoas de Santa Cruz, Vera Cruz e Vale do Sol na tarde da última quarta-feira, quando ocorreu mais uma edição do “Bombeiro por um Dia”. Foi a oportunidade de as pessoas participarem de simulações envolvendo ações de resgate, primeiros-socorros e combate a incêndios, entre outras, usando os Equipamentos de Proteção Individual e de Proteção Respiratória.
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Conforme o comandante interino do 6º BBM, major Joel Dittberner, a prática é realizada em cada um dos Batalhões do Estado para que as pessoas vejam a realidade enfrentada pela corporação e entendam que, mesmo não sendo uma tarefa fácil, é possível de ser executada. “A comunidade pode ver que o bombeiro faz um trabalho essencial e esse trabalho está inserido no contexto da sociedade e do seu crescimento. Por isso é tão importante promover essa integração”, considerou.
Ele observa que os principais desafios se referem à gestão de recursos humanos e financeiros, pois os Batalhões não têm essa autonomia e dependem do comando-geral da corporação e do Estado, que realiza os concursos públicos para ingresso de novos servidores. No entanto, segundo Dittberner, pelo fato de a região de Santa Cruz do Sul ser acolhedora e próspera, muitos dos aprovados no concurso procuram o 6º BBM para atuar e se estabelecer, motivo pelo qual não há dificuldade quanto ao efetivo. Para valorizar o trabalho de quem dedica sua vida a salvar e proteger as demais, a Gazeta do Sul conta a história de dois integrantes do 6º BBM e destaca alguns momentos da sua trajetória na corporação.
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Promovido a tenente em 2021, Angelo Dias Barros, 52 anos, presta serviço aos Bombeiros Militares há mais de três décadas. Natural de Cachoeira do Sul, já sabia desde a adolescência que dedicaria sua vida para salvar a de outras pessoas. Ele lembra que com 14 anos costumava ir nadar no Rio Jacuí, muitas vezes fugido dos pais, e via os bombeiros trabalhando como salva-vidas. “Eu ficava ali olhando e ajudava a tirar as boias da água. Quando o expediente deles encerrava, eu recolhia tudo e ganhava carona de volta para casa na viatura. Eu sempre dizia que ia ser bombeiro como eles”, detalhou.
Foi com essa motivação que, aos 17 anos, ingressou como voluntário no Exército e, aos 18, prestou concurso para os Bombeiros Militares. Barros iniciou a carreira como soldado em Porto Alegre e na década de 1990 começou a prestar serviço no Batalhão de Santa Cruz, onde permaneceu por sete anos. Depois disso, prestou serviço novamente em Porto Alegre e também em Cachoeira e Rio Pardo. Ao longo de todos esses anos, participou de seleções internas até conquistar o atual cargo.
No ano passado, Barros retornou a Santa Cruz para atuar como comandante do Pelotão local e do Pelotão de Vera Cruz. “Eu tive a satisfação de poder voltar para Santa Cruz. Foi aqui que eu atuei no início da minha carreira e vai ser aqui que vou me aposentar”, contou. Daqui a dois anos ele precisará deixar a corporação, pois terá atingido os 35 anos de serviços ininterruptos.
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Ao fazer uma retrospectiva de tudo que viveu enquanto Bombeiro Militar, Barros diz que teve a oportunidade de salvar mais de mil pessoas. “Desde crianças engasgadas com o leite materno até acidentes de trânsito com vítimas presas em ferragens, amputadas, com múltiplas fraturas ou com parada cardíaca. Também trabalhei como salva-vidas e já fiz o salvamento de três pessoas, com uma única boia, no mar. Atendi incêndios, com e sem vítimas fatais, em casas, prédios, mato. Resgatei aves e animais”, relatou entusiasmado. “Precisamos estar sempre prontos para agir. Quando saio para atender uma ocorrência, sempre peço para Deus me dar o devido conhecimento técnico profissional, coragem e força para salvar a vida das pessoas, em primeiro lugar, e depois o seu patrimônio”, acrescentou.
Com muita convicção, o tenente Barros diz que “ser bombeiro é fazer o bem sem olhar a quem e salvar o semelhante dando, se preciso, a própria vida”. Ele garante que a vontade de trabalhar que tem hoje, com 33 anos de serviço, é a mesma que tinha no seu primeiro dia como Bombeiro Militar. Como sua aposentadoria será inevitável, ele diz que já tem planos para ocupar o tempo que terá livre: vai comprar um trailer para viajar pelo Brasil afora e aproveitar para visitar os Batalhões de Bombeiros Militares em cada um dos estados.
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Bióloga por formação, Bruna Roberta Toillier, 29 anos, de Santa Cruz, é hoje soldado dos Bombeiros Militares. Quando decidiu mudar de profissão e prestar concurso público, ela conta que se identificou com a área da Segurança Pública pelo fato de seu pai sempre ter trabalhado com vigilância e segurança. Ao ser aprovada em três concursos diferentes, o da Susepe, o da Polícia Civil e o dos Bombeiros, assumiu naquele em que foi chamada primeiro. “Fiz o concurso em 2018, mesmo não tendo muita noção do trabalho de bombeiro. A partir de fevereiro de 2019, durante as etapas do curso básico de formação, eu comecei a me encantar, de fato, pela função e percebi que era o que eu realmente queria fazer.”
Após a conclusão do curso, cuja duração foi de cerca de sete meses, Bruna foi atuar no Batalhão de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, porque na região não tinha vaga disponível. “Fiquei em Bento por quatro anos e há dois meses consegui transferência aqui para Santa Cruz. Isso me deixou muito feliz, porque a minha família toda está aqui”, comemorou. Atualmente, ela se reveza em duas frentes de trabalho: na prevenção de incêndios e no socorro. A primeira consiste basicamente em fiscalizações e vistorias de edificações e casas de festas. Embora se identifique mais com os atendimentos pré-hospitalares feitos com a ambulância, a soldado garante que, independentemente do setor, não vai deixar de trabalhar em prol da população.
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Sobre os desafios do seu trabalho, cita as barreiras que precisa enfrentar pela condição de ser mulher, já que a profissão ainda é ocupada majoritariamente por homens. Ela é uma das dez mulheres que integram o pelotão do 6º BBM. No momento das ocorrências, Bruna conta que “blinda” o emocional para conseguir atender de forma rápida a situação que, naquele momento, precisa ser resolvida. Das ocorrências mais marcantes até então, cita um acidente de carro no qual um bebê de poucos meses ficou órfão de pai e de mãe. Com planos de seguir carreira na corporação, Bruna tenta definir a função de bombeiro com duas palavras: troca e ajuda. “A troca com as pessoas que são auxiliadas e o retorno que a gente recebe depois dos atendimentos é a maior recompensa. É o mais gratificante de tudo”, avaliou.
O 6º Batalhão de Bombeiros Militares se divide em duas companhias operacionais. A primeira é responsável por Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Rio Pardo, Santa Cruz e Vera Cruz. Já a segunda é responsável por Encantado, Estrela, Lajeado e Venâncio Aires. Ao todo, conta com cerca de 230 militares e cem viaturas operacionais.
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Para ingressar na corporação, há duas possibilidades. Quem tiver o Ensino Médio completo pode iniciar como soldado e alcançar o posto de tenente. Para tanto, é preciso ter no máximo 25 anos na data da inscrição. O salário-base é de R$ 5 mil. Quem tiver o Ensino Superior completo (bacharel em Direito) pode ingressar como capitão e alcançar o posto de coronel (o cargo máximo da corporação). Nesse caso, é preciso ter no máximo 29 anos na data da inscrição para o concurso. O salário-base é R$ 20 mil.
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