Nesta sexta-feira, 19, é lembrado o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. São diversos os fatores que fazem com que uma pessoa fique em situação de rua, como o rompimento de vínculos familiares, desemprego, dependência química ou de álcool, entre outros. A equipe de reportagem da Gazeta do Sul esteve no Albergue Municipal de Santa Cruz nesta sexta e acompanhou o horário de almoço dos usuários do serviço.
A casa de passagem possui capacidade para 44 vagas masculinas e oito femininas. Somente em julho deste ano, passaram 72 pessoas diferentes pelo albergue. Ao todo, foram contabilizadas 668 pernoites no mês. A diretora de Desenvolvimento Social, Priscila Froemming, salienta que Santa Cruz vem trabalhando ao longo de todo ano na questão da situação de rua dessa população. “O albergue está em atendimento 24 horas para acolher essas pessoas, temos uma equipe bem qualificada, de educadores, assistentes sociais.”
LEIA TAMBÉM: Dependência e mulheres: um tabu a ser vencido
Publicidade
Priscila acrescenta que são feitas abordagens constantes em todo município e que a própria população pode ajudar entrando em contato, quando visualiza pessoas que estão passando alguma dificuldade, em situação de rua. “São encaminhadas aqui para o albergue onde recebem toda assistência, alimentação, acompanhamentos com oficinas e também encaminhamento ao mercado de trabalho quando for possível.”
A questão do ingresso ou reingresso no mercado de trabalho é delicada, pois, muitas vezes, há preconceito. “O vínculo dessas pessoas geralmente é fragilizado e não se tem o apoio da família, e até essa questão do endereço, de eles estarem em situação de rua, com certeza faz surgir o preconceito.” Para melhorar esse cenário, são oferecidas qualificações. “Temos o Acessuas Trabalho, que é o preparo dessas pessoas para saber como confeccionar o currículo e como se portar em uma entrevista de emprego”, complementa a diretora.
LEIA TAMBÉM: Albergue Municipal de Santa Cruz terá atendimento 24 horas
Publicidade
Patricia dos Santos Martins é educadora social no albergue. O educador social, segundo ela, é o que fica na linha de frente, auxiliando o albergado de forma integral. “Fazemos um trabalho socioeducativo, toda essa parte de ensinar a pessoa a se reeducar para a sociedade, enquanto que o técnico vai fazer os encaminhamentos desses moradores para serviços para garantia desses direitos”, explica.
“O atendimento é integral, a partir do momento em que eles chegam, eles têm o momento de fazer higiene, depois tem o jantar, são encaminhados para os quartos, depois café da manhã, café da tarde para os que ficam durante o dia.”
LEIA TAMBÉM: Chegada do frio intensifica acolhimento às pessoas em situação de rua em Santa Cruz
Publicidade
A educadora social ressalta que, para acessar o albergue, o usuário do serviço não pode estar sob efeito de álcool ou drogas. “Quando a pessoa está muito debilitada, a gente faz encaminhamento ao serviço de saúde, para depois do atendimento ele poder vir para o albergue.”
Rosimeri dos Santos, de 51 anos, é natural de Cruz Alta, mas há dez anos utiliza os serviços do Albergue Municipal. “Já estive bem, mas muitos incidentes aconteceram daí eu retornei para o albergue. Vai fazer uns quatro meses que estou de volta, fui muito bem recebida aqui.” No momento, Rosimeri está desempregada. “Eu recebo auxílio, aqui em Santa Cruz nunca trabalhei em nada justamente porque o pessoal tem muito preconceito com quem é de rua, com quem teve problemas na rua”, relata.
LEIA TAMBÉM: Indígenas vendem cestas artesanais em Santa Cruz
Publicidade
Dependente química e alcoolista em recuperação, Rosimeri comenta que faz falta mais preocupação com a saúde mental dessa população. Mas além disso, ela diz que, em breve, vai voltar a estudar, com a ajuda da equipe do albergue. “Se eu for arrumar um serviço, tenho que ter pelo menos o Ensino Fundamental. Talvez eu vá fazer o médio também. Estou no aguardo da matrícula”, observa.
Há três anos, desde que se separou, João Batista de Oliveira, de 47 anos, utiliza o albergue. Atualmente desempregado, ele procura atuar como pintor. “Estou atrás de serviço. Infelizmente se a gente diz que mora no albergue, tem preconceito”, conta. João elogia o atendimento que recebe na casa de passagem. “Eu gosto muito do serviço que o Douglas faz com a gente, ele é muito legal mesmo, tem respeito com a gente.” Douglas Ramos é coordenador do Albergue Municipal.
LEIA TAMBÉM: Moradores contabilizam estragos do granizo em Rio Pardo
Publicidade
O 19 de agosto foi escolhido como o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua em memória ao acontecimento conhecido como “Massacre da Sé”, em 2004, no qual sete pessoas foram assassinadas e oito ficaram gravemente feridas enquanto dormiam na região da Praça da Sé, capital paulista. O fato desencadeou o início da mobilização de grupos da população em situação de rua para construir o Movimento Nacional da População de Rua, em uma contínua luta pela garantia de direitos.
A Política Nacional para a População em Situação de Rua, instituída pelo Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, define população de rua como “o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória”.
LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
This website uses cookies.