Na próxima terça-feira, 12, feriado nacional em homenagem à padroeira do Brasil, comemora-se, também, o Dia das Crianças. De um lado, é uma data tradicional e o comércio varejista vive a expectativa de recuperar as vendas. De outro, os pais e pessoas do relacionamento próximo das crianças, envolvidos em compras de presentes, muitas vezes não planejadas.
Mesmo convivendo, ainda, com a pandemia de Covid-19, com algumas restrições e, principalmente, dificuldades financeiras de grande parte da população, decorrentes de ajustes, reduções e até perdas de salários e rendas, além da disparada da inflação, o que come uma parte dos ganhos, é difícil resistir ao pedido de presentes das crianças. Quem já não passou por alguma verdadeira chantagem emocional de crianças e jovens? Muitas vezes, o pedido para ganhar determinado presente vem “embrulhado” com frases do tipo “todo mundo tem e só eu não…”; “eu prometo que faço isso ou não faço mais aquilo…”; ou, mais dramático ainda, “nunca mais vou pedir nada…”.
Atualmente, cada vez mais cedo, as crianças deixam de acreditar em Papai Noel e cegonha. Em contrapartida, elas acham que para ter dinheiro basta chegar num terminal eletrônico, inserir um cartão magnético, digitar alguns números e pronto! A máquina joga várias cédulas, às vezes ainda com jeito e cheirinho de novas.
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Quem acha que os filhos são muito pequenos para conversar sobre dinheiro, provavelmente está enganado. Crianças e dinheiro são uma combinação cada vez mais precoce. Um belo dia, sem que os pais ou responsáveis se deem conta, a criança que mal consegue articular algumas palavras ou frases, mas que, por natureza, é curiosa e presta atenção em conversas e situações, entende que existe dinheiro, sabe quem o tem ou pode consegui-lo, e que com ele pode comprar coisas coloridas, divertidas e gostosas. Chegou a hora, então, conforme a maturidade de cada uma, de começar a falar sobre dinheiro com as crianças.
O sonho de todos os pais, principalmente quando tiveram que batalhar, desde jovens, para ter uma vida equilibrada ou, melhor ainda, próspera, é que os filhos não precisem passar por dificuldades financeiras quando forem adultos. Ao mesmo tempo, por estarem inseridos numa sociedade que privilegia o ter, em detrimento do ser, a preocupação também é evitar que se tornem consumistas. Na avaliação de Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), “a falta de paciência e o constante desejo por coisas novas são indícios de que crianças e jovens podem estar se tornando consumistas e devem ser educados financeiramente. O ideal é que aprendam, o quanto antes, a poupar para conquistar seus sonhos”.
Para desenvolver uma relação saudável com o dinheiro desde cedo, e, assim, formar adultos protagonistas das próprias vidas financeiras, os pais ou responsáveis devem observar alguns pontos, extraídos de recomendações de Reinaldo e do site Como Investir:
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Neste Dia das Crianças, cabe um lembrete também aos avós, acusados, muitas vezes, de “estragarem os netos”. Se os netos recebem mesada, que devem administrar durante o período para o qual ela foi criada, não aprenderão como fazê-lo se os avós acrescentarem um dinheiro extra. Crianças e adolescentes não precisam receber dinheiro ou brinquedos e acessórios toda vez que se encontrarem com os avós.
Antes mesmo que se imagina, o presente escolhido com tanto carinho – e pelo qual, muitas vezes, se pagou tão caro – pode estar esquecido em algum canto. Por isso, o mais importante, e, muitas vezes, não lembrado: pais ou responsáveis devem se dar conta de que as crianças de hoje serão os adultos de amanhã, motivo pelo qual devem trabalhar, incentivar e, principalmente, viver os valores que desejam que perdurem ao longo do tempo.
Felizmente, algumas escolas, por iniciativa própria ou incentivadas pelo Ministério da Educação, complementam ou assumem a responsabilidade pela educação financeira das crianças e jovens, ensinando técnicas para fazer cálculos, pesquisar preços, preparar um orçamento, mas que acabam não sendo levados para a vida prática. Falta trabalhar o comportamento das crianças e jovens com relação ao dinheiro: aprender a planejar para realizar sonhos e objetivos, saber quanto eles custam, em quanto tempo querem realizá-los e, principalmente, de onde vão retirar o dinheiro necessário (diminuindo gastos para poupar, por exemplo). Isso tudo já deve ser aprendido na infância e adolescência, desde que alguém ensine.
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