No próximo dia 12, feriado nacional em homenagem à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, comemoramos o Dia das Crianças. Depois do Natal e do Dia das Mães é a data de maior movimento para o comércio. Já para os pais, responsáveis ou familiares o problema ou desafio maior, às vezes, não é tanto saber o que comprar de presente para a criança ou jovem – eles já escolheram -, mas outras questões, como o custo financeiro do objeto desejado e até dúvidas se aquele item é apropriado, ou não.
Quem já não passou por alguma verdadeira chantagem emocional de crianças e jovens de sua relação? Muitas vezes, o pedido para ganhar determinado presente vem seguido de frases do tipo “todo mundo tem e só eu não…”; “eu prometo que faço isso ou não faço mais aquilo” ou, então, mais dramático ainda, “nunca mais vou pedir nada…”
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A causa dessa dificuldade é, de um lado, ser difícil para as crianças e jovens não se deixarem influenciar pelos comerciais, vitrines, anúncios, redes sociais e pelas galeras – da escola, curso disso ou daquilo, grupo de dança, esportes, etc. – em que sempre aparece alguém com alguma novidade, despertando o desejo entre os colegas de ter algo igual. De outro, os próprios pais ou responsáveis que, sentindo necessidade de compensar eventual ausência – involuntária, necessária ou por desleixo mesmo – ou não sabendo como driblar as chantagens emocionais de seus dependentes, acabam cedendo.
Como pais e mães, as pessoas tem inúmeras preocupações com o futuro dos filhos. Uma delas, a segurança financeira. Diferente de seu tempo de infância e adolescência, segundo pesquisa publicada, em outubro de 2023, pelo Serasa e realizada em parceria com o Instituto Opinion Box, oito em cada dez pais ou mães da atualidade disseram conversar com seus filhos sobre finanças. Mas, para quem ainda não tem esse hábito, pode aproveitar o mês do Dia das Crianças para começar a falar sobre dinheiro para as crianças e jovens. A estratégia é compartilhar as principais informações do orçamento atual, alguns conceitos (preços, consumo, crédito, poupança, administração dos recursos, etc), e, é claro, dar uma dimensão do custo de eventual presente, respeitando a idade delas e a capacidade de entendimento. Deixar de falar abertamente sobre o tema, esclarecendo limites ou, até, dificuldades pontuais que a família esteja passando, pode deixá-las mais inseguras, porque, espertas como são, elas já devem ter percebido que alguma coisa não vai bem.
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A melhor forma de ensinar os filhos a lidar com o dinheiro ou com outra coisa qualquer da vida é com o próprio exemplo dos adultos. Embora a televisão, o marketing e grupos possam influenciar, observadoras por natureza, as criança e jovens copiarão o comportamento de pais consumistas que retornam do shopping, carregados de sacolas.
O educador financeiro Márcio Martins dá algumas sugestões para começar a ensinar às crianças a lidar com o dinheiro de maneira mais saudável:
- 1) estimular a criança a pegar moedas e cédulas na mão;
- 2) mostrar o valor do dinheiro: uma forma prática é dar um cofrinho, de preferência transparente, onde a criança guarda e pode ver o “crescimento” das moedas e cédulas de dinheiro recebidas aleatoriamente de pais, avós, tios, pessoas próximas, etc.;
- 3) estimular e ensinar a criança a sonhar: deve haver um objetivo para depositar moedas e cédulas no cofrinho que pode ser comprar alguma coisa específica que ela deseja muito, gastar numa viagem, etc;
- 4) comemorar sempre: toda vez que for realizado o sonho da criança com o dinheiro poupado, comemorar com ela.
Outra forma bem prática de introduzir as crianças e os jovens no mundo do dinheiro é através da mesada, quinzenada ou semanada, de acordo com a idade da criança ou jovem. Como regra básica, a concessão de um valor semanal, quinzenal ou mensal deve ser negociada com a criança ou jovem, visando atender a determinadas despesas – o lanche na escola, por exemplo – e, também, a induzi-la a poupar.
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Estudos mostram que, quanto mais cedo as crianças aprendem sobre finanças pessoais, mais preparadas elas ficam para lidar bem com o dinheiro. As novas gerações começam a ter educação financeira nas escolas. Há alguns anos, milhares de instituições de ensino de todo o país, de forma voluntária e, geralmente, contando com programas pedagógicos de instituições privadas, como a DSOP Educação Financeira, de São Paulo, já incluíram a disciplina em sua grade curricular. Além disso, desde 2020, o tema está inserido de forma transversal na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). No Rio Grande do Sul, a Assembleia Legislativa aprovou, em 7 de junho de 2022, o Projeto de Lei 231/2015 que obriga a inclusão da educação financeira nas escolas públicas e privadas, do ensino fundamental e médio.
O educador financeiro, criador da DSOP Educação Financeira e presidente da Associação Brasileira de Profissionais da Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, diz que “Ao ensinar aos filhos quais são as recompensas de se fazer uma poupança; ao mostrar que vida não é só ganhar dinheiro, mas também pagar contas; e ao fazê-los entender que nem sempre eles terão tudo que desejarem na hora que quiserem, os filhos passam a lidar de forma mais consciente e saudável com o dinheiro e ficam mais preparados para lidar com eventuais problemas financeiros que possam ter de enfrentar quando crescerem.”
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