Comemorado no dia 12 de outubro, o Dia das Crianças é uma das datas mais esperadas pelas crianças – e adolescentes, também, que nesse dia gostam de lembrar que ainda são crianças – que aguardam receber presentes, alguns escolhidos ou encomendados por elas mesmas. Se para adultos já é difícil resistir aos apelos de uma propaganda ou não se deixar influenciar pelos comerciais, vitrines e anúncios, para as crianças é pior, impactadas que são pelo aumento da quantidade de publicidade infantil que as estimulam a hábitos consumistas.
Chantagens emocionais
Uma das primeiras questões que os adultos precisam enfrentar, nesta data especial, é com relação às chantagens emocionais. Muitas vezes, o pedido para ganhar de presente determinado item vem seguido de frases ou promessas do tipo “eu prometo que faço ou não faço mais isso ou aquilo“, “nunca mais vou pedir outra coisa”, “todo mundo tem”; e por aí vai. Pesquisa constatou que 52% dos pais ou responsáveis entrevistados já cederam à pressão dos filhos quando vão às compras, mesmo sabendo que, em alguns casos, o atendimento do pedido pode afetar o equilíbrio do orçamento familiar.
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Diferença entre querer e precisar
Outra questão diz respeito à diferenciação entre querer e precisar. Assim como os adultos, as crianças também são dotadas de desejos que, às vezes, não tem nada a ver com o objeto em si, mas o que ele representa. Pode ser que a criança queira superar algum problema de autoestima e de insegurança, em seu meio de convivência, exibindo algum brinquedo ou equipamento tecnológico de vanguarda.
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Mundo do dinheiro
Além dos presentes, a data especial pode ser aproveitada para iniciar as crianças no mundo do dinheiro que elas já conhecem e sabem para que serve;
1) estabelecendo, por exemplo, limites de valor ao comprar o presente, principalmente se a família está passando por dificuldades financeiras; explicar para a criança que não dá para querer tudo ao mesmo tempo, devendo fazer escolhas o que implica em renúncia;
2) questionando e explicando o valor dos impostos incluídos em cada produto comprado;
3) pesquisando preço e pedindo desconto;
4) atentando para a qualidade do produto e a ética (evitar o comércio ilegal);
5) incentivando a poupar e investir;
6) estimulando a criança a doar algum brinquedo.
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Oportunidade para ensinar
Independente da disponibilidade financeira para gastar com presentes, o Dia da Criança pode ser a oportunidade para adultos ensinarem às crianças a importância de economizar; se for o caso, encontrar alternativas para driblar a crise e comemorar a data; e, principalmente, cuidar para não transferir problemas do universo adulto para os filhos. Claro, é importante conversar sobre os problemas financeiros que a família possa estar passando e mostrar que existem alternativas para gastar menos; isso vai deixá-las mais seguras, porque, certamente, elas já perceberam a mudança de hábitos da casa.
Compras de última hora
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Como acontece em todas as datas especiais, muitas pessoas deixam para a última hora a compra dos presentes, correndo mais riscos de errar na escolha ou comprometer o orçamento. Por isso, antes de sair para comprar o presente, Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista e presidente da DSOP Educação Financeira, recomenda 1) planejar qual o valor que pode ser gasto sem comprometer o orçamento e sem ser preciso endividar-se; 2) conversar com as crianças para acertar na escolha; 3) pesquisar preços em lojas físicas e online; 4) pagar, de preferência à vista, pedindo desconto, e se for parcelar, verificar se os valores das respectivas prestações cabem no orçamento dos próximos meses; 5) incentivar a troca ou a doação de brinquedos, livros, roupas, etc; 6) realizar passeios, explicando que o presente de Dia das Crianças não precisa ser necessariamente um brinquedo.
Educação Financeira
Tudo isso faz parte da educação financeira, mas não é só. Muito mais do que apenas falar e mexer com dinheiro, fazer pesquisas de preços, alguns cálculos, etc., que apenas são técnicas importantes, a Educação Financeira, tal qual a define a DSOP Educação Financeira, “é uma ciência humana que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no comportamento, com o objetivo de construir um modelo mental que promova a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o Ser, o Fazer e o Ter, com escolhas conscientes para a realização de sonhos”. É, portanto, um aprendizado que busca a mudança de comportamento com relação ao uso do dinheiro, ajudando a melhor administrar os recursos financeiros, com o objetivo de realizar sonhos. A realização de sonhos deve ser o combustível para educar-se financeiramente.
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Conclusão
Por quanto tempo a criança vai aproveitar o presente? Um ano? Um mês? Uma semana? Antes mesmo que se imagina, o presente escolhido com tanto carinho – e pelo qual, muitas vezes, se pagou tão caro – pode estar esquecido em algum canto. Por isso, o mais importante, muitas vezes não lembrado, é os pais ou responsáveis se darem conta que as crianças de hoje serão os adultos de amanhã, motivo pelo qual devem trabalhar, incentivar e, principalmente, viver os valores que desejam que perdurem ao longo do tempo. Se alguém é pai, mãe, avô, avó, etc., deve ficar mais atento ao que está fazendo, pois suas atitudes tendem a impactar diretamente os pequenos que estão ao seu redor.