Assim como a impressão digital e a pupila do olho, a voz de cada ser humano é única. É pela voz que diversas características pessoais são reveladas, incluindo emoções, personalidade, comportamento social, além da própria identidade. Mas a voz também pode indicar problemas de saúde que precisam ser investigados. No Dia Mundial da Voz, celebrado neste sábado, 16, especialistas chamam a atenção para a necessidade de manter alguns cuidados com a voz.
“Muita gente acha que é normal ficar sempre rouco, só que a rouquidão é um dos principais sinais e sintomas de câncer de laringe. Uma rouquidão persistente por mais de 15 dias tem que ser avaliada por um médico ou fonoaudiólogo”, alerta Thays Vaiano, vice-coordenadora do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa).
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O dia da voz foi uma iniciativa brasileira em 1999, capitaneada por médicos otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e até pedagogos que lidam com pessoas com dificuldade de voz. Três anos depois, a data foi incorporada ao calendário de outros países e passou a ser o Dia Mundial da Voz, todo 16 de abril. No Brasil, foi a Lei nº 11.704/2008 que instituiu o Dia Nacional da Voz com o objetivo de conscientizar a população sobre a saúde vocal.
Em função dessa data, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia promove uma campanha anual, chamada de Amigos da Voz, para educar a população sobre os problemas mais comuns e as principais medidas preventivas para manter a saúde vocal e, a partir dela, garantir o potencial de comunicação. Com o slogan Sua voz importa, a entidade científica busca ressaltar que a voz é instrumento fundamental de expressão e elemento de representatividade na conquista de direitos das minorias. Artistas como Negra Li, Preta Gil, Majur e a jornalista Maju Coutinho participam da campanha, que envolve sobretudo profissionais da fonoaudiologia, propagando mensagens de valorização da voz e de ações de orientação aos leigos, em nível nacional.
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Thays Vaiano explica que os distúrbios de voz podem ter diferentes fatores e causas. Um deles é comportamental. Algumas crianças ou adultos, que tendem a falar muito alto, por exemplo, podem desenvolver nódulo nas cordas vocais, os chamados calos. É um distúrbio comum em professores, que dão aula por muito tempo e precisam projetar muito a voz para serem ouvidos. “Eles correspondem ao grupo de maior incidência de problemas com a voz”, diz a fonoaudióloga. A boa notícia é que, por ser comportamental, esse tipo de distúrbio pode ser solucionado com mudanças de hábitos, a partir de um tratamento orientado por um profissional.
Problemas com a voz também podem ter origem neurológica. A doença de Parkinson, por exemplo, pode desencadear um tremor vocal e prejudicar muito a qualidade da voz. Outros problemas de ordem neurológica também podem causar esse distúrbio. Por fim, os distúrbios orgânicos da voz podem ocorrer em decorrência de alguma disfunção.
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A doença associada à voz mais grave é o câncer de laringe. Todos os anos, são diagnosticados cerca de 7,6 mil casos no Brasil, a maioria em homens acima dos 55 anos. A doença está associada ao uso contínuo de fumo e álcool. Dependendo da localização do câncer na laringe, é preciso remover uma ou as duas cordas vocais, o que compromete severamente a qualidade da voz, que pode ficar permanentemente rouca. Nos casos mais graves, que demandam a remoção completa da laringe, o paciente passa a respirar por um orifício aberto na altura da traqueia, na região do pescoço.
Segundo a fonoaudióloga Thays Vaiano, uma das recomendações mais básicas de cuidados preventivos com a voz é a hidratação. “As cordas vocais funcionam bem quando estão bem hidratadas, por isso, beber água sempre é fundamental. Também é importante evitar gritar e falar em lugares barulhentos, ou falar por muito tempo seguido”, aponta. A alimentação também é importante. Alguns alimentos, como frutas e sucos cítricos, café, álcool em excesso, frituras e doces podem causar refluxo gastroesofágico. “Esse alimento sai do estômago e pode chegar às cordas vocais, que começam a receber ácido, quando deveriam receber apenas água, ar e vapor d’água”, explica a especialista.
Até por volta dos 5 anos de idade, não é possível distinguir se a voz de uma criança é masculina ou feminina, apenas se trata de uma voz infantil. À medida que vão crescendo, especialmente na puberdade, é que as vozes vão ficando diferentes para cada gênero. Nessa fase, a voz da adolescente tende a permanecer mais aguda e a dos meninos, por causa da influência hormonal, vai se tornando mais grave. Isso inclui mudanças na configuração da laringe entre meninos e meninas, com as cordas vocais se diferenciando em termos de configuração e formato.
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Com o passar dos anos, já na fase mais avançada da vida, os homens tendem a ficar com a voz mais aguda e as mulheres, ao contrário, podem ficar com a voz mais grave. Trata-se, segundo especialistas, de uma tendência, não necessariamente uma regra. O envelhecimento também tende a comprometer a qualidade da voz, já que a capacidade respiratória vai ficando mais frágeis em idosos.
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