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Dia da Mulher: elas estão na linha de frente contra o coronavírus

Segundo o relatório Covid-19: Um Olhar para Gênero, do Fundo de População das Nações Unidas (da sigla em inglês Unfpa), 70% da força de trabalho ligada à área da saúde no mundo é feminina. No Brasil, os números são parecidos. O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) indica que 65% dos 6 milhões de profissionais do setor são do sexo feminino.

E quando se fala apenas em Enfermagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que as mulheres correspondem a 90% das equipes do mundo. Estas, por sua vez, representam mais da metade de todo o sistema de saúde global. E são elas, as enfermeiras e técnicas, que estão no dia a dia do combate à pandemia. O momento é primordial para que se enxergue a Enfermagem como uma categoria vital para o sistema de saúde.

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Com força e fé

Todo o conhecimento adquirido ao longo de 14 anos de trabalho na área de saúde tem sido aplicado no dia a dia da enfermeira Roberta Veleda Rodrigues, uma das mulheres na linha de frente da UTI Covid do Hospital Santa Cruz do Sul. Porém, mais do que a experiência e dedicação, em um momento de tantos desafios e incertezas, ela encontra na fé a força para seguir em frente.

Diante de um cenário nunca antes imaginado, Roberta sabe da importância do trabalho desempenhado por ela e os demais colegas. Mas para cuidar dos outros, a enfermeira também precisa cuidar de si. Nesta hora, a postura positiva é indispensável. “É preciso separar o lado profissional do pessoal e ter força para chegar bem em casa e estar ao lado da família”, ensina.


Da mesma forma, o suporte que encontra fora do hospital ajuda muito, afirma a mãe de Camila e Henrique e esposa de Alexandre. A mãe Leonísia é outra personagem fundamental na vida de Roberta. “Ela é nossa base e inspiração. Foi profissional da saúde e me motiva muito”, orgulha-se.

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Vivenciando, por vezes, momentos críticos, Roberta sempre soube que situações assim são inerentes à profissão. No entanto, lidar com algo tão novo traz aprendizados além de aspectos técnicos. “Mais do que nunca, devemos dar valor à vida e união e amor ao próximo. E também precisamos saber que nesse mundo somos tão sensíveis e fortes ao mesmo tempo”, define.

Ela destaca o sentimento de união junto aos colegas, a coragem para estar na linha de frente e a esperança de que será possível mudar este cenário. “Mas para isso, a conscientização, os cuidados e a vacina são fundamentais”, reforça Roberta, uma das tantas mulheres que fazem a diferença na vida das pessoas.

Roberta sabe da importância do trabalho desempenhado por ela e os demais colegas | Foto: Juliana Ottato Marin/Divulgação

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Hora de fazer a diferença

Graziela Gama Vasconcelos, 39 anos, trabalha há 18 anos na área da saúde, em Santa Cruz do Sul. Destes, dez como técnica de Enfermagem e oito como enfermeira. Ela, que cumpre uma jornada diária de seis horas, conta que no momento de escolher a profissão espelhou-se na mãe, que atuava como auxiliar de enfermagem.

“Eu não me imaginaria trabalhando com outra coisa. É cada experiência incrível no meu dia a dia. Amo cuidar dos meus pacientes, amo ver o sorriso deles a cada melhora, mas sofro muito ao perder algum. E como a gente sabe que não é fácil, sempre coloco um sorriso nos lábios e ergo a cabeça”, diz.

Graziela ressaltar que é uma profissão de muita dedicação, responsabilidade e amor ao próximo. “Se eu tiver a oportunidade de conversar com Deus na próxima encarnação, com certeza pedirei pra nascer novamente na Enfermagem. Minha vida é essa. Eu escolhi e vou seguir nesse caminho, não importa o que houver.”

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Sobre o atual momento, ela, que atua na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Esmeralda, administrada pelo Hospital Ana Nery, afirma que jamais imaginou um dia vivenciar uma situação parecida. O medo passou a fazer parte da rotina. Medo de levar o vírus para a família, de não estar perto das pessoas que mais ama, de não poder ir à casa da mãe e dar um abraço nela e sentir o seu amor, não poder se reunir com os amigos, mas, principalmente, o medo de se contaminar e não conseguir respirar sozinha.

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Embora angustiada com as incertezas do que pode acontecer, Graziela sabe que é seu dever de cada dia fazer a diferença na vida das pessoas que atende. “Todos da equipe da UPA sabem que é um trabalho árduo e constante. Do porteiro ao recepcionista, do auxiliar da higienização à enfermagem, aos médicos e coordenação, todos têm um papel muito importante. E nós, profissionais da saúde, sabemos que estamos na linha de frente dessa batalha”, salienta.


A enfermeira alerta que muitos casos de infectados pelo coronavírus são assintomáticos, as pessoas não sabem que possuem o vírus. Com isso, a probabilidade de transmissão é enorme. E ela pede que as pessoas tenham todos os cuidados de prevenção.

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“Nos cansamos, nos estressamos, nossas jornadas de trabalho mudam, nossas máscaras muitas vezes machucam, usamos sempre os EPIs, passamos calor e, além de tudo isso, deixamos nossas famílias em casa para cuidarmos de muitas outras desconhecidas. Nos ajudem, estaremos sempre a postos e tudo isso vai passar. Mas, para isso, todos precisamos nos ajudar. Fiquem em casa o máximo que puderem, evitem contaminar e ser contaminados”, suplica.

Quando o plantão termina, depois de toda a higienização, o momento de voltar para casa é de reflexão. No caminho, entre uma oração e outra, a certeza do dever cumprido se fortalece, mas Graziela não nega: “A insegurança sempre nos persegue. Dormir muitas vezes é difícil, ficar longe da minha família e pensar que aquela pessoa que eu atendi talvez possa morrer longe da dela é muito, muito doloroso.”

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