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15 DE JULHO

Dia da Juventude Rural: jovens veem futuro no campo

Foto: Alencar da Rosa/Banco de Imagens

O programa tem como público-alvo estudantes do Ensino Médio, entre 15 e 29 anos

Interesse, vontade e incentivo são as palavras que definem a decisão de se manter no campo, atuando com a produção rural, para o jovem Douglas Frantz, de 22 anos. Em 2016, ele concluiu os estudos na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc), e em 2017 realizou o estágio para conseguir a certificação de técnico agrícola. Agora, ele apoia a irmã Lidiane Frantz, de 18 anos, que está no terceiro ano do ensino médio na mesma escola.

Em 1999, a Lei Estadual nº 11.361 instituiu o dia 15 de julho como o Dia Estadual da Juventude Rural. Lidiane e Douglas, moradores de Linha Andrade Neves, interior de Santa Cruz, são exemplos de uma juventude interessada em continuar atuando com a pecuária e a agricultura, utilizando os ensinamentos que já vêm passando de geração em geração nas famílias, e agregando a eles as novas tecnologias e os recursos atualmente disponíveis.

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Embora o ensino agrícola trabalhe bastante com a prática, Lidiane tem aulas remotas desde o início do ano letivo de 2020. Em casa, em uma “área experimental”, ela produz hortaliças. A jovem conta que, logo no início da pandemia, a residência dos seus pais não tinha internet. Para conseguir acompanhar as atividades escolares, foi preciso realizar uma mudança. “A gente não parou, e a escola conseguiu ir atrás. Teve vários alunos que tiveram interesse em estudar e foram atrás, que nem eu. No primeiro momento eu ia nos vizinhos, depois resolvemos instalar internet”, relata.

Estudantes das Escola família agrícola dão continuidade na agricultura familiar

Lidiane diz que aprendeu várias técnicas diferentes, e que hoje parte dos alimentos consumidos pela família é ela quem produz. “Aprendemos a fazer biofertilizante, composto; a aplicar isso na nossa propriedade e observar o desenvolvimento das culturas”, enfatiza. “Antes da pandemia, na escola, havia uma feira pedagógica, e a gente podia produzir nessa área experimental e levar para comercializar na escola. Agora eu também estou produzindo esses alimentos, que estão sendo utilizados para o nosso consumo.”

Para Douglas, irmão da estudante, que a auxilia em algumas atividades, muitos jovens estão deixando o meio rural para procurar emprego na cidade. “Aqui na região, a maioria das pessoas que moram são mais velhas. Muitos jovens, na faixa de 25 anos, não se interessam, ou não têm incentivo ou não veem a agricultura como uma possível fonte de renda e de futuro, e acabam saindo”, salienta.

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Interlocução

A Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc) atua com a pedagógica da alternância, com turmas de ensino médio e técnico, e atende 115 estudantes de 11 municípios do Vale do Rio Pardo. “Os alunos alternam tempo e espaço com sua família e com a escola. A base pedagógica é a questão da agricultura familiar, com o princípio da agroecologia. Agora, com a pandemia, trabalhamos com aulas remotas e, nesse sentido, a presença da família é importantíssima”, observa a coordenadora pedagógica Cristina Vergutz.

Durante os três anos de formação, a Efasc trabalha com um projeto profissional do jovem. “Desde o primeiro ano, eles vão trilhando um caminho de conhecer, reconhecer, analisar e depois poder intervir nessa propriedade. Esse projeto é um potencializador para que eles permaneçam, se assim for o desejo deles, no lugar onde vivem.” Cristina salienta que a agricultura está modificada. “O interior está dialogando com a cidade. Essa interlocução, que talvez os pais deles não viveram, eles estão vivendo. Então, as ações na agricultura precisam estar dialogando, e é isso que o jovem quer.”

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Ambiente para ser protagonista todos os dias

Marieli Elena Muller, vice-tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol e Herveiras e coordenadora municipal e regional de jovens, menciona que o Dia Estadual da Juventude Rural é de grande reflexão, valorização e, principalmente, de luta.

“São jovens que estão no setor da pecuária e da agricultura e, assim, dão continuidade ao campo, ao movimento sindical e à própria cidade, pois quem ali mora precisa se alimentar, e os alimentos vêm do campo”, comenta. “A data é de grande simbologia, mas os jovens devem ser reconhecidos como protagonistas todos os dias do ano.”

Para ela, embora a cidade seja atrativa à primeira vista, o meio rural consegue oferecer mais segurança, saúde e liberdade. Porém, é um desafio manter o interesse, e é preciso que os pais escutem as ideias dos mais novos. “Sabemos da dificuldade do jovem de permanecer no campo devido à falta de valorização e de políticas públicas”, frisa Marieli. “Ele hoje quer estar atualizado, quer ter internet. Essa ferramenta é muito importante para segurarmos o jovem no campo, mas isso inclui também escolas no campo, apoio à diversificação, espaços de lazer e políticas voltadas a esse setor.”

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Para permanecer em suas localidades, a juventude busca reconhecimento e precisa de inserção de sinal de internet, escolas que incentivem a sucessão rural, e também necessita de espaços de lazer. “Os jovens buscam apoio na diversificação da propriedade, boas estradas, luz, políticas voltadas à compra de terras e habitação. Também esperam ter onde vender seus produtos e que a venda da produção seja bem remuneradora, pois a questão financeira é um grande gargalo para a continuidade deles no meio rural”, conclui Marieli.

Live debate a valorização da juventude

Às 19 horas desta quinta-feira, 15, representações do Rio Grande do Sul participam de uma live para falar sobre o mês dedicado aos debates acerca da participação da juventude no campo. O evento virtual é promovido pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e será transmitido pela página do Facebook da entidade.

A coordenadora de jovens da regional do Vale do Rio Pardo e Baixo Jacuí, Marieli Muller, participa da live, juntamente com a coordenadora estadual de jovens da Fetag-RS, Jaciara Muller; o coordenador de jovens da regional de Santa Rosa, Joni Knapp; e a coordenadora de jovens da regional da Serra, Mariana Caroline Marcon. Além disso, a atividade vai contar com o show A Magia da Juventude, com o mágico Eric Chartiot.

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Marieli Muller vai representar a região

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