Já assisti a quatro 14 Julliet – a Data Nacional da França – em Paris. Estive num 4th July em Boston, onde começou a independência dos Estados Unidos. São festas cívicas, comemorando a Pátria. Aqui no Brasil, a Data Nacional em geral se resume a paradas militares. Como no ano passado, neste ano não haverá parada, por causa da pandemia. Mas, pelas expectativas e pelo fato de estar toda a mídia falando, tudo indica que na próxima terça-feira vai acontecer um Sete de Setembro com um público como nunca se viu – mesmo sem parada.
São Paulo é o lugar que mais chama a atenção. Apoiadores do presidente e contrários ao presidente mostrarão suas gentes, na Avenida Paulista uns e no Anhangabaú outros. As capitais, que têm mais exposição, vão atrair manifestantes do interior. Há gente de um novo “fique em casa”, que teme confrontos, o que equivale a temer manifestações e a temer o contraditório – tão saudáveis à democracia. Manifestações democráticas são aquelas que aceitam a diversidade de pensamento. Óbvio que fogo, destruição, paus e pedras, agressões, nada têm a ver com democracia, mas com violência, fanatismo e brutalidade.
Que não se resuma o Sete de Setembro em um Fora Supremo versus Fora Bolsonaro. As liberdades estão sendo feridas pouco a pouco, como sempre aconteceu em avanços do totalitarismo. E da liberdade todos são a favor, menos os totalitários. A liberdade de expressão tem sido atingida, embora garantida pela Constituição. A pandemia foi pretexto para muita restrição às liberdades e é significativo que se vá pedir respeito às liberdades na comemoração do dia em que o Príncipe Pedro gritou Independência!, provocando a libertação em relação a Portugal. Imitando a voz do Príncipe, talvez seja a hora de romper o silêncio sobre as exceções frequentes no cumprimento da Constituição.
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O encontro nas ruas tem recebido cada vez mais atenção da mídia. Os estrategistas políticos já devem estar considerando este Sete de Setembro um marcador. Será um divisor-de-águas, transformando um antes num depois? Como todo poder emana do povo, as ruas poderão ter um poder dissuasório mais do que todos os canhões, tanques e soldados que desfilariam nas paradas canceladas.
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