O neologismo é pouco conhecido, mas a maioria das pessoas certamente sabe do que se trata. “Dezembrite” é a síndrome de fim de ano. No último mês do ano, as pessoas estão cheias de coisas por fazer: programar as festas do Natal e do Ano Novo; comprar presentes; encarar lojas, shoppings, supermercados, calçadas e ruas lotadas; participar de festinhas de confraternização; finalizar as pendências no trabalho, fazer planejamento para o ano que vem; e por aí vai. Com pouco tempo para dar conta de tudo isso, o estresse, a ansiedade e a irritabilidade se manifestam e podem comprometer a saúde, tanto física quanto mental. A pressão para terminar tudo até o fim do ano pode piorar doenças crônicas, como problemas no coração, cérebro e estômago, além da insônia.
A ideia de que o fim do ano deve ser o encerramento de um ciclo para o início de outro, e a sensação de ter pendências e resoluções não realizadas, podem minar a moral, levando a sentimentos depressivos, angústia e tristeza. Antes de mais nada, então, é recomendável organizar uma relação por escrito de atividades e compromissos para cada dia e dar atenção especial a quatro grupos principais:
- Os jantares de família e com amigos: planejar e organizar a lista de convidados, comidas, bebidas, local, etc., e, principalmente, as finanças; facilmente esses eventos podem comprometer o bolso; se for o caso, não ter vergonha de pedir que parentes e amigos participantes da festa, tragam algum prato ou bebida ou que seja feito o rateio dos custos;
- Os presentes de Natal: a quem presentear, qual o valor-limite de cada presente, pesquisar preços e evitar compras por impulso; em vez de cada um comprar presentes para todos – esposa, filhos, pais, sogros, tios, sobrinhos, etc -, o que pode sobrecarregar financeiramente apenas o provedor da família, a sugestão é criar o amigo secreto, estabelecendo um valor do presente; assim, na noite de Natal, após a ceia, com a família reunida, feliz, num ambiente gostoso de confraternização, realiza-se a revelação dos amigos secretos;
- As despesas de férias: mesmo para quem fica em casa, o período de férias sempre leva a gastar além do habitual, nem que seja com alguns chopes ou sorvetes a mais; já quem pretende viajar e ainda não se organizou para tal, terá mais dificuldades, embora na pesquisa, em sites especializados, de preços de hotéis, transporte, etc. seja possível achar ofertas de última hora, principalmente em locais menos badalados;
- Dívidas acumuladas: com 74,6% das famílias brasileiras endividadas em outubro deste ano, muitas delas inadimplentes, quer dizer, com dívidas vencidas, a maioria usa as verbas extras de fim de ano, principalmente o 13º salário, para acertar as contas; afinal, não tem graça querer passar um Natal feliz com dívidas.
Embora com restrições, devido à pandemia da Covid-19, reunir familiares e amigos em volta de mesas repletas de comidas e bebidas variadas são o cenário das festas de fim de ano. Mas, mesmo nesses momentos, é preciso ter alguns cuidados para não comprometer dietas e exercícios físicos realizados durante o ano. Ou evitar a simples indisposição no dia seguinte. A nutricionista Regina Stikan Carrijo, coordenadora de Nutrição do Hospital Santa Catarina, de São Paulo, listou recomendações para aproveitar as festas sem comprometer a saúde:
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- Moderação no consumo de comidas e bebidas;
- Escolher pratos balanceados;
- Ficar longe de alimentos gordurosos, muito condimentados ou com açúcares;
- Manter a realização de atividades físicas, também nessa época, que auxiliam na queima de excessos.
Outro item que merece especial atenção, principalmente neste tempo de muitas despesas, é o cartão de crédito, segmento que carrega o maior percentual de dívidas dos brasileiros. É muito comum usuários – e especialistas também – atribuírem ao cartão de crédito a responsabilidade pelo endividamento e até pela inadimplência de consumidores. No entanto, mesmo estimulado pelas facilidades de pagamento e promoções, a decisão de comprar com o cartão de crédito é do consumidor e, portanto, ele é responsável por eventuais problemas. Uma das grandes tentações é a possibilidade de pagar as compras em parcelas mensais, mas que, somadas a outras prestações, podem atingir um valor que extrapola a capacidade de pagamento do consumidor.
Por fim, lembrar-se de que o Natal, motivo de compras e gastos, também pode ser de poupar para o futuro. Quando se fala em 13º salário, por exemplo, não se pode desperdiçar a oportunidade de guardar pelo menos uma parte desse dinheiro. A recomendação é que se poupe dinheiro ao longo do ano, iniciando com a formação de uma reserva para imprevistos. Por mais cuidadoso que alguém seja, sempre aparecem gastos inesperados e quem não tem uma reserva precisa recorrer a cheques especiais ou outros empréstimos, comprometendo o orçamento pessoal ou familiar. Por isso, aproveitando a mensagem do comercial de um grande banco, “o que você pode fazer por você mesmo, neste tempo de Natal?”
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