Às 18h30 desta quarta-feira, 9, encerra-se oficialmente uma das carreiras policiais de maior prestígio na história do Vale do Rio Pardo. Com 52 anos, 35 dos quais dedicados à Brigada Militar (BM), o coronel Valmir José dos Reis dá por encerrado o seu trabalho à frente do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP), posto que ocupou pelos últimos oito anos.
Em entrevista à Gazeta do Sul, Reis falou sobre sua carreira e projetou a nova função, que se inicia nesta quinta-feira, 10, à frente da Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. “Pensei muito na minha saída. Foram tão intensas todas as funções que exerci, e não deixei de ter protagonismo. Seja em qual posto eu estive, chamei a responsabilidade para mim.”
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Segundo Reis, mesmo com as dificuldades que a área da segurança impõe, sua dedicação foi total. “Não fico com saudade ou sentimento de algo que eu não deveria ter feito. Sempre me senti um comandante muito autorizado, sem questionamento sobre minhas ações ou do meu comando, nesta região importante para o Estado que é Santa Cruz do Sul”, disse o novo secretário da Prefeitura.
“Posso dizer que estou com a sensação de dever cumprido. Me aposento, mas os amigos, o prestígio e reconhecimento que obtive não vão se aposentar comigo. Vão permanecer ativos na área da prestação de serviço e nas demais”, salientou o comandante. Já foi definido por Reis que, a partir desta quinta-feira, o tenente-coronel Giovani Paim Moresco, atual chefe do Estado-Maior, assumirá como comandante do CRPO/VRP. A solenidade de troca de comando deve ocorrer ao longo da próxima semana.
“Vou deixar um grupo de oficiais muito bem preparado, como o tenente-coronel Moresco, que está há sete anos e meio comigo e sempre foi muito leal, além do major Marconatto e outros colegas de alta capacidade. É uma satisfação ver que esse grupo de comando, extremamente alinhado, vai dar sequência ao trabalho na Brigada Militar da região. E eu me sinto jovem para parar. Minha ideia é ficar mais um tempo na área da segurança, prestar essa colaboração à minha cidade e, depois, cuidar da minha vida familiar.”
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As megaoperações no Bom Jesus
Ao citar ações de destaque no combate à criminalidade em Santa Cruz ao longo dos anos, Valmir José dos Reis relembrou as megaoperações no Bairro Bom Jesus. A pacificação do bairro, conflagrado pela criminalidade, teve início nos anos de 2007 e 2008, quando o coronel recém havia sido promovido a comandante do CRPO/VRP. “Realizamos diversas operações chamadas de Convivência em Harmonia. Ficávamos acampados dentro do Bom Jesus e envolvíamos 300 policiais. Chegamos a cumprir 124 mandados de busca e apreensão. Ninguém entrava e ninguém saía sem ser identificado”, relembrou o comandante.
“Antes dessas operações, entrávamos com viaturas e éramos apedrejados, trocávamos tiros. Lembro de certa vez em que uma viatura do Denarc, da Polícia Civil de Porto Alegre, que veio desavisada sobre como era o bairro, estava sendo tombada pelos criminosos. Tomamos providências, com muito trabalho de inteligência e ocupação de espaço. Os próprios bandidos começaram a entender todo aquele aparato e foi um choque que demos na época. Aquilo foi um divisor de águas e foi fundamental para hoje sermos uma das cidades que mais baixam indicadores de criminalidade no Estado.”
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Mas não só o policiamento ostensivo era visto nas ações. No lado social, muitas crianças eram incentivadas a conhecer o trabalho da polícia. “Lembro do batalhão mirim, que formamos com 200 crianças do Bom Jesus, que desfilaram ali entre as ruas Adolfo Pritsch e Amazonas, um lugar hostil, com histórico de ocorrências. E os familiares das crianças, alguns envolvidos com a criminalidade, puderam ver esse outro lado também, o que, na época, gerou uma controvérsia muito grande.”
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Na Prefeitura, coronel quer “dar rosto” à segurança
Tendo prestado o vestibular na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em 1987, Valmir José dos Reis atuou como oficial em Porto Alegre, Rio Pardo, Candelária, Região Centro-Serra e Santa Cruz do Sul. Na capital do Estado, trabalhou no Palácio Piratini para os governadores Antônio Britto e Germano Rigotto.
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“De cada cem oficiais, cinco chegam ao último posto da corporação. E eu, graças a Deus, consegui. Escolhi Santa Cruz para viver, onde estou há 15 anos e saliento alguns projetos, como o sistema de vigilância colaborativa, que oportuniza a otimização das ações de polícia e inteligência policial; a implementação do Polo de Ensino do Vale do Rio Pardo, localizado em Rio Pardo, voltado à formação, atualização e aperfeiçoamento do policial militar; e a intensificação de ações de polícia ostensiva no interior, através das Patrulhas Comunitárias do Interior (PCIs).”
Agora, à frente da Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana da Prefeitura de Santa Cruz, revelou já estar pensando nas ações a serem desempenhadas. “Vamos trabalhar no plano de segurança pública para o município, baseado em um de meus livros. Queremos atuar de forma muito forte com a Guarda Municipal, Fiscalização de Trânsito e Defesa Civil, para dar um rosto à segurança do município”, frisou Reis.
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