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Detecção precoce eleva as chances de cura da leucemia

Fevereiro é o mês de conscientização sobre a leucemia e de incentivo à doação de medula óssea. A Campanha Fevereiro Laranja, que neste ano teve as ações presenciais suspensas por causa da pandemia, ganha força no formato virtual, como forma de alertar sobre os tipos, fatores de risco, sintomas e a importância do diagnóstico precoce.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que a doença, que ocupa a nona posição nos tipos de câncer mais comuns em homens e a 11ª em mulheres, registrará, em cada ano do triênio 2020-2022, 10 mil novos casos no País (5.920 em homens e 4.890 em mulheres).

A médica hematologista Bruna Fischer Baldissera, que atua no Hospital Ana Nery e em outras casas de saúde, ressalta a relevância do Fevereiro Laranja para alertar sobre os sintomas e para a necessidade de realização periódica de exames. “A conscientização acerca dos sintomas de alerta para as doenças que compreendem o grupo das leucemias é importante. Nas formas agudas, iniciar o tratamento o mais breve possível é fundamental para aumentar a chance de cura”, destaca.

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Ela também reforça a importância de ser doador. “O cadastro e doação de medula óssea são passos importantes para atender à demanda de um subgrupo de pacientes que, além do tratamento quimioterápico, precisa receber uma medula para aumentar as chances de cura”, esclarece.

A leucemia é um câncer que tem início nas células-tronco da medula óssea, com a proliferação de células sanguíneas doentes que atrapalham a produção das células sanguíneas saudáveis. São mais de 12 tipos: os quatro primários são a leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL)

Bruna explica que as crônicas ocorrem quase exclusivamente em adultos e, em muitos casos, podem ser doenças de pouca agressividade. Já as agudas são graves e surgem em poucos dias, com sintomas abruptos como febre, manchas roxas ou pequenas manchas vermelhas pelo corpo, sangramentos na boca e nariz, anemia aguda e grave.

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“Nas crianças, o subtipo mais comum é a leucemia linfoblástica aguda, que apresenta chances elevadas de cura, em torno de 85%. Nos adultos, a mieloide aguda é a mais comum, e as chances de cura dependem de alguns fatores clínicos e idade”, salienta a especialista. O diagnóstico é feito através da coleta de medula óssea.

SAIBA MAIS
O tratamento das leucemias é a quimioterapia. Em alguns casos, é necessário o transplante alogênico de medula. Na leucemia aguda, o tratamento é com quimioterapia em doses mais altas, tendo em vista ser uma doença muito agressiva e com alta letalidade se não tratada. Em alguns casos mais resistentes ao tratamento convencional, além da quimioterapia, o paciente necessitará de um transplante de medula.

Como se tornar um doador
O primeiro passo é o cadastro e uma coleta de amostra de sangue para análise do material genético. Os dados vão para um sistema informatizado que permite o cruzamento dessas informações com as informações genéticas dos receptores. O cadastro e coleta de amostra de sangue são feitos apenas no Hemocentro em Porto Alegre. Já a coleta de medula para fins de diagnóstico e exames pode ser realizada em Santa Cruz do Sul, mediante determinação do governo do Estado. A referência para os atendimentos de pacientes que utilizam o Sistema Único de Saúde da região é Lajeado. Em caso de transplante, é Porto Alegre. Em Santa Cruz do Sul, são atendidos apenas pacientes que possuem algum tipo de convênio.

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Gilnei Heitor Rauber descobriu que tinha leucemia mieloide crônica em 2017

Confirmação que mudou para sempre a rotina
Aos 54 anos, o pedreiro Gilnei Heitor Rauber descobriu que tinha leucemia mieloide crônica (LMC). O ano era 2017. Duas semanas antes de ter o diagnóstico conclusivo, o morador de Santa Cruz do Sul apresentou sinais de que algo não estava bem.

Com cansaço extremo e manchas vermelhas pelo corpo, o principal alerta foi o sangramento do ouvido. “As manchas, embora pequenas, eram muitas, em especial nos braços. Com o sangramento no ouvido, fui ao plantão do Hospital Santa Cruz e o médico, já desconfiado, solicitou um exame que apontou que o nível de plaquetas estava alterado. Com a redução dos glóbulos, minha imunidade estava muito baixa e o risco de contrair infecções era grande”, conta.

Com a realizacão de novos exames, a doença foi confirmada. Rauber foi submetido a um tratamento de quimioterapia de 32 sessões e à transfusão de plaquetas. Sua família organizou uma campanha para encontrar 50 doadores. “Conseguimos 120 doadores, familiares, amigos e até pessoas que eu nem conhecia. Nunca vi tanta gente com amor pela vida”, enfatiza. Em dois meses internado, Rauber perdeu peso – passou de 75 para 48 quilos. Logo após retornar para casa, no Bairro Belvedere, teve um (AVC), segundo ele, por causa do tratamento. Com sequelas em um dos braços, a cada três meses Rauber vai até Lajeado para os exames de acompanhamento.

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