Pensar no desenvolvimento completo de uma criança é levar em consideração uma educação que contemple questões sociais, assim como estereótipos de gênero e padrões de beleza impostos pela sociedade. Para os pais e responsáveis de meninas, por exemplo, cabe a reflexão: sua filha quer ser uma princesa por vontade própria ou porque nenhum outro modelo foi apresentado? Pensando nisso, surgiu o termo “desprincesamento”, uma forma de transformar os discursos acerca da identidade, estética e liberdade individual feminina na sociedade atual.
De acordo com Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga especialista em educação, o intenso contato com filmes e demais tipos de entretenimento interfere diretamente no processo de formação da criança como indivíduo. “Se uma menina só assiste filmes de princesa, a tendência é que ela tente imitar esse padrão. Por isso, é relevante que ela também tenha acesso à filmes com outros personagens e diferentes atuações”, explica.
A questão não está em querer ser princesa, mas sim no fato de que não são apresentadas outras opções, com diferentes características e perfis. “O pré-conceito reforçado pela indústria cultural muitas vezes acaba por impedir o desenvolvimento das potencialidades da criança, em virtude de sua expressividade por meio de propagandas nos veículos televisivos”, aponta Ana Regina.
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A especialista explica que “desprincesar” implica em quebrar paradigmas e estereótipos de gênero impregnados que os pais e responsáveis levam para a educação de seus filhos já na infância. “É preciso entender que meninos e meninas podem ser tratados e vistos de maneira iguais em direitos, apesar do contexto de desigualdade que presenciamos na sociedade”, diz.
A proposta é mostrar para as crianças que elas podem ser o que quiserem, sem a obrigação de se encaixar em padrões estéticos ou de conduta. “O estereótipo dos filmes e desenhos infantis deve ser algo debatido tanto em casa quanto em sala de aula, para que meninos e meninas consigam viver a infância sem entraves e fantasias irreais e principalmente sem comprometimentos psicológicos”, completa Ana Regina.
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