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Despedidas nem sempre são fáceis

Em meio à tragédia que destrói o Rio Grande do Sul, eu me despeço da equipe da Gazeta Grupo de Comunicações. Dito assim, sem cerimônias, como arrancar um Band-Aid: pode doer um pouco na hora, mas melhora com o tempo. Nos últimos dias de trabalho, li e escrevi sobre histórias tristes demais. Famílias ilhadas, o socorro que nunca chegou, casas destruídas, vidas perdidas e destroços do que um dia foram cidades vivas. Coincidência ou obra do destino, meu primeiro plantão, lá em novembro de 2016, também foi marcado por um temporal. Não chegou nem perto da catástrofe vivida hoje, mas o paralelo ainda me pegou de surpresa. No dia 1º, no meu último plantão na redação da Gazeta, lembrei da menina que tinha tanto medo de errar e estava apavorada em 2016. Ainda no começo da faculdade, já cheia de responsabilidades e enfrentando os desafios que surgissem.

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Eu não era uma criança – já tinha 18 –, mas olho para trás e vejo uma inocência já há muito perdida naquela menina. Ela sonhava em mudar o mundo através das palavras. Ela sonhava mudar vidas. Tinha um coraçãozinho ingênuo… Não sei se mudei alguma vida – e definitivamente ainda não mudei o mundo. Mas eu mudei. Me tornei mulher, cresci como profissional, passei a ver a vida de outro jeito. Em sete anos e meio, pude aprender, ensinar, errar, acertar e, acima de tudo, crescer. Tive a oportunidade de experimentar, testar, criar. Escrevi, li e reli. Contei histórias tristes, sim. Mas também compartilhei trajetórias lindas, inspiradoras e verdadeiras. Afinal, não é esse nosso papel? Escrevi sobre mulheres fortes, apresentei programa de rádio ao vivo, publiquei textos no impresso e no digital, fotografei, viajei, gravei infinitos vídeos e me especializei em uma das áreas que mais gosto. Fui reconhecida, fui testada, fui desacreditada. E ainda assim segui de cabeça erguida, certa do meu propósito e de tudo que construí ao longo dos anos.

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Também vi muita gente ir e vir. Da equipe do Gaz de 2016, eu era a última – e, por isso, sinto que é um ciclo que se fecha. Deixo a oportunidade para que outras pessoas possam viver a experiência intensa que é trabalhar em uma redação como a da Gazeta e também crescer. Nem todas as despedidas são fáceis. Mas essa não é particularmente difícil (e digo isso de um jeito bom). Deixo esse ciclo para trás com a certeza de que entreguei tudo de mim. Com o coração leve e a consciência tranquila.

Levo comigo algumas pessoas especiais e uma bagagem imensa de conhecimento. Deixo para trás os arrependimentos e carrego o orgulho de ter pertencido a essa equipe por tanto tempo. A Gazeta me permitiu ter experiências incríveis e sou grata por isso. Agora, novos voos me aguardam! Estou ansiosa para viver desafios novos em folha e crescer ainda mais. Assim, como arrancar um Band-Aid: tchau, Gazeta! Foi um orgulho fazer parte da tua história. Que Santa Cruz continue reconhecendo tua força assim como eu me orgulho de tudo que construí contigo.

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Guilherme Bica

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