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Elenor Schneider

Desfilando orgulho

Os homens passam, os governos passam, os partidos se revezam, mas a pátria permanece. E não é patrimônio particular, mas a grande casa comum de todos nós; portanto, merece nossos cuidados, nosso respeito e nosso amor. Em tempos regados a tanto ódio e desencontros, não nos custa desejar a suavidade e a beleza do querer bem desta grande e rica comunidade brasileira.

Em agosto, rufavam os tambores na Escola Duque de Caxias, próxima da minha residência. Era o anúncio da chegada da Semana da Pátria. Neste ano, o silêncio. Então, dou-me o tempo de revisitar as doces lembranças dos memoráveis desfiles de décadas passadas, principalmente 70 até meados de 80. Não era o Brasil descendo a ladeira, mas as escolas de Santa Cruz do Sul subindo a Marechal Floriano.

Semanas de ensaios antecediam o grande dia do desfile, que era aguardado com ansiedade, principalmente pelos componentes das bandas. Estes ensaiavam o ano todo. Os alunos, obrigados a participar, em geral gostavam de desfilar. Havia, no entanto, aqueles que por muito tempo arquitetavam uma desculpa para não comparecer. E havia ainda as condições climáticas. Céu carregado ao amanhecer, será que sai, será que não sai… Em muitas ocasiões, o dia 7 de setembro se apresentava muito frio, castigando quem estivesse apenas de camiseta, que era o caso da maioria.

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Três grandes bandas marcaram época pela excelência de suas performances. Junto a amigos fui buscar algumas informações para trazê-las à lembrança. A Banda Marcial do Colégio Mauá (1961-1986) tinha no professor Hainy Ênio Martin o seu grande líder. Ele contava com o apoio do maestro Edemar Bender (Bendinha) e da professora Anna (Anni) Quatke. Além da música, tinha outro componente que fazia muitos corações suspirar: as balizas. Suspiros plenamente justificados, diga-se de passagem.

A Banda do Colégio Sagrado Coração de Jesus (hoje Dom Alberto), que na época só matriculava alunas, era capitaneada pelo professor Bruno Seidel. Além dos instrumentos normais de uma banda, inseria um naipe de escaletas, dando um toque de ternura à sua passagem. Maria Anísia Lisboa, uma das integrantes, tocava tarola (ou tarol) e recorda sua dificuldade inicial em acertar o passo lento com a batida acelerada do instrumento. Fruto também da dedicação, faziam bonita figura no seu desfile.

No Colégio São Luís, o responsável e incentivador maior era o Irmão Demétrio. Com ele atuavam o maestro Araldo Ullmann, o sargento Mílton Fischer e vários jovens auxiliares: Ademir Müller, diretor da banda, que dirigia os ensaios; Osvaldo Lopes, líder dos instrumentos de sopro; Gregório Wink, responsável pelas introduções com sua tarola, função depois exercida por Lair Ipê da Silva, o Laia. Ao toque seco e nervoso da tarola, seguiamse as batidas fortes, retumbantes dos tambores e depois a música dos instrumentos de sopro enchia o ar.

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Não cabem aqui todos os nomes que consegui contatar. Nem falei das roupas vistosas de cada banda. Nem dos tantos professores e tantas escolas e entidades mais que participavam ativamente dos desfiles. Queria mesmo lembrar a pátria, que, independente de ideologias, crenças, amores e desamores, merece celebração. E cada cidadão, cada cidadã merece desfilar o seu orgulho.

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