O índice de desemprego no Brasil ficou em 14,2% no trimestre finalizado em janeiro. Conforme os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a maior taxa já registrada para o período entre novembro e janeiro desde que a pesquisa começou a ser feita pela instituição, em 2012. Em um ano, o total de brasileiros desempregados saltou de 11,9 milhões para 14,3 milhões de pessoas, uma alta de 2,4 milhões.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) mostram ainda que o número de pessoas ocupadas cresceu 2% e chegou a 86 milhões, mas o total ainda é menor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando os ocupados eram 94,1 milhões. Por outro lado, das pessoas em idade de trabalhar, somente 48,7% estão ocupadas, e a taxa de informalidade entre a população ocupada é de 39,7%. A parcela considerada subutilizada (que não trabalha ou trabalha menos do que poderia) é de 32,4 milhões de brasileiros.
Uma dessas pessoas é Ana Lúcia Soares, 53 anos. Moradora do Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul, ela está desempregada desde dezembro do ano passado e enfrenta dificuldades com o sustento da casa, onde vivem também a filha de 32 anos e a neta, de 10. Ana trabalha há sete anos como safreira nas indústrias de tabaco, mas neste ano ainda não foi chamada. A única renda da família vem da filha, que trabalha em um restaurante, contudo, não é suficiente para todas as despesas.
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“Nós vamos nos virando. Tem uma vizinha que nos ajuda e também o Tim (Clairton Ferreira, presidente da Associação de Moradores do Bom Jesus), que nos ajuda muito”, diz Ana Lúcia. Além de safreira, ela também trabalhava como diarista, mas viu a demanda praticamente desaparecer na pandemia. Diante da situação complicada, as contas vão se acumulando. “Às vezes ficam duas contas de luz para trás, água também, aí a minha filha consegue pagar uma. A minha mãe às vezes também consegue dar uma ajudinha, nós vamos levando”, conta.
“Tem noites que eu perco o sono pensando nisso”, revela Ana Lúcia. Mesmo sem renda, ela não terá direito ao novo auxílio emergencial do governo federal. Isso porque no ano passado ela estava empregada com carteira assinada e não teve acesso ao benefício. Conforme as regras estabelecidas pelo Ministério da Economia, só pode solicitar o auxílio em 2021 quem já havia se cadastrado e recebido em 2020.
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