Prática que já era comum em muitos estabelecimentos, a determinação de preços com base na forma de pagamento agora é lei. Sancionado na semana passada, o novo regulamento autoriza a oferta de descontos para produtos e serviços pagos em dinheiro, mas não a torna obrigatória. A opção de oferecer ou não o abatimento fica a cargo dos comerciantes.
No caso do empresário que escolher oferecer os descontos, será sua responsabilidade divulgar em lugar visível, informando os percentuais ofertados pelo estabelecimento. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, João Goerck, o desconto para pagamento em dinheiro se torna possível porque não há perda para quem vende. “No crediário ou no cheque, é como se o comerciante tirasse dinheiro do bolso e desse a alguém sem garantia de que iria receber de volta. Já nos cartões de crédito e débito, as taxas são muito altas e o dinheiro demora a entrar”, explica.
A expectativa da CDL é de que as vendas em dinheiro aumentem em até 20% nos próximos meses.
Quanto à segurança das lojas, Goerck acredita que por se tratar de um valor moderado, não devem haver riscos. “Estamos falando de um valor que faz diferença nas vendas, mas não é exagerado. Se fosse 70% ou 80% de aumento, a segurança seria de fato uma preocupação”, frisa.
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Em muitos estabelecimentos do município, o abatimento nas compras com dinheiro já é um realidade. Na loja Ki Frango, o desconto é de 5%. “Muitos clientes optam pelo pagamento em dinheiro vivo quando percebem que podem gastar menos”, relata a proprietária Sheila Leivas. Na loja Íria Calçados, a redução é de 20%. “É mais fácil para todos”, observa uma das proprietárias, Carmen Soder.
Pretto: abatimento já é praticado no Posto Um. Foto: Bruno Pedry.
A mesma tática é aplicada no Posto Um. “Já temos promoção para quem paga em dinheiro ou no débito”, conta o gerente administrativo Jader Pretto. Por enquanto, o posto deve manter a redução de preço somente nessas formas. Já na Afubra, o preço pode ser reduzido em alguns casos, como por exemplo na compra da linha branca, mas não há distinção entre o pagamento em dinheiro ou débito. “A tendência é continuar trabalhando da mesma maneira”, afirma o diretor-presidente da loja, Romeu Schneider.
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Schneider: desconto em dinheiro e no débito. Foto: Bruno Pedry.
Controvérsia
Entidades de defesa do consumidor criticam a nova lei. O argumento é de que a diferenciação de preços não assegura desconto efetivo e pode dar margem ao sobrepreço de produtos e serviços. “Vai prejudicar. O comércio pode acabar aumentando o valor para garantir algum desconto à vista em dinheiro vivo”, diz o coordenador do Procon de Santa Cruz, Marcelo Estula.
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Consumidores aprovam
Aposentada, Glades da Luz, de 60 anos, ficou animada com a nova lei. De acordo com ela, muitas vezes a negociação é o segredo para fazer um bom negócio. “Depende de cada compra e do valor, mas costumo optar por pagar à vista em dinheiro quando fica mais barato.” O eletricista Alberto Luis Neitzke, 46 anos, conta que com a mudança deve optar por fazer pagamento em dinheiro. “Tem que sempre olhar se tem ou não vantagem, mas geralmente vale a pena”, salienta.
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