A descoberta de uma nova espécie de saurópode – um grupo de dinossauros gigantes herbívoros – poderá ajudar a explicar como esses animais chegaram à Austrália durante a pré-história.
Os cientistas descobriram que a nova espécie, descoberta no nordeste australiano e batizada de Savannasaurus elliottorum, é um titanossauro, um subgrupo dos saurópodes que evoluiu na América do Sul. O animal viveu no período Cretáceo, há cerca de 95 milhões de anos.
De acordo com os autores do estudo, publicado nesta quinta-feira, 20, na revista científica Scientific Reports, a presença do Savannasaurus em território australiano pode indicar que os titanossauros saíram da América do Sul e passaram pela Antártica para finalmente chegar à Austrália há cerca de 105 milhões de anos.
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Mais de 40 ossos fossilizados de espécimes do Savannasaurus foram descobertos na região de Queensland, no interior da Austrália. Segundo os autores do estudo, são os esqueletos de saurópodes mais completos já encontrados no país.
Os cientistas analisaram a distribuição pré-histórica dos titanossauros e concluíram que os saurópodes são remanescentes de linhagens desse grupo que viviam na América do Sul há cerca de 125 milhões de anos.
Segundo um dos autores do novo estudo, Paul Upchurch, do University College de Londres (Reino Unido), o Savannsaurus demonstra que os titanossauros já viviam em todo o planeta há 100 milhões de anos. Segundo ele, essa distribuição pelo mundo aconteceu graças à movimentação dos continentes e às mudanças climáticas globais que ocorreram na metade do período Cretáceo.
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“A Austrália e a América do Sul estavam conectadas à Antártica na maior parte do Cretáceo. A passagem pela Antártica estava bloqueada por gelo entre 120 milhões de anos e 110 milhões de anos atrás. No entanto, houve um aumento da temperatura global há 105 milhões de anos e é provável que os ancestrais do Savannasaurus vieram da América do Sul para a Austrália neste momento”, explicou Upchurch.
Fazenda de fósseis
O nome do novo gênero, Savannasaurus, remete às savanas que dominam a região central de Queensland, onde os fósseis foram encontrados. O nome da espécie, elliottorum, é uma homenagem ao descobridor dos fósseis, David Elliott.
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Os ossos foram descobertos nas fazendas de Elliott, que é criador de gado e de ovelhas. Em 1999 ele descobriu os primeiros fósseis de dinossauros em suas propriedades. Depois disso, ele e sua mulher, Judy, tornaram-se aficcionados pela paleontologia e, em 2002, fundaram o Museu Australiano de História Natural da Era dos Dinossauros.
Elliot encontrou os ossos do Savannasaurus enquanto pastoreava suas ovelhas, no início de 2005. “Eu estava perto de casa com o rebanho, quando notei uma pequena pilha de fragmentos de fósseis no chão. Fiquei especialmente animado na hora, porque havia dois pedaços de membros relativamente pequenos e eu tive a esperança de que fosse um dinossauro terópode carnívoro”, contou Elliott.
Mais tarde, no mesmo dia, Elliot voltou com sua mulher ao local para coletar os fósseis. Ela fotografou os membros e especialistas os reconheceram como ossos de um dedo de um saurópode herbívoro. O sítio foi escavado em setembro de 2005 por uma equipe de cientistas liderada por Stephen Poropat, um dos autores do novo estudo e pesquisador do museu fundado por Elliott.
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Os cientistas encontraram 17 conjuntos de ossos envoltos em rochas. Depois de mais de 10 anos de trabalho, foi possível remover os sedimentos de rocha, revelando os mais completos esqueletos de saurópodes do país.
Crânio inédito
Além dos fósseis da nova espécie, os cientistas encontraram também no local um crânio de outro saurópode, já descoberto em 2009 em outros sítios: o Diamantinasaurus matildae.
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Assim como o Savannasaurus, o Diamantinasaurus é um titanossauro que viveu há cerca de 95 milhões de anos. O achado também é importante, já que se trata do primeiro crânio de saurópode já encontrado na Austrália.
“Esse novo espécime de Diamantinasaurus ajudou a preencher várias lacunas no nosso conhecimento sobre a anatomia do esqueleto dessa espécie. A caixa craniana, em especial, nos permitiu definir com mais precisão a posição do Diamantinasaurus na evolução da família dos saurópodes”, disse Poropat.
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