Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

ROMEU NEUMANN

Desafios pós-Carnaval

Segunda-feira, véspera de Carnaval. Carnaval que, por sinal, não vai acontecer. Não no formato como conhecemos. Com razão os foliões devem estar muito chateados. Justamente na época do ano que mais convida a aglomerações – nos salões, nos clubes, nas avenidas –, estaremos confinados em casa, ou em algum lugar, menos no ambiente e no clima da folia.

Enquanto isso, os telejornais vão nos atormentar com o que se faz e se deixa de fazer para enfrentar a pandemia. Não por acaso, muitas pessoas que conheço – e me incluo entre elas – já optaram por se poupar da repetição de noticiários sobre coronavírus, sobre imunizante que chega a conta-gotas, disputado por holofotes interesseiros que já miram as eleições de 2022.

Não imagino como isso vai acabar. Tudo o que se disser é incerto. O certo, a meu ver, é que a vacina estará longe de ser panaceia para o estrago que este vírus já causou. Não só pelas vidas perdidas (como se esta tragédia já não bastasse), nem pelas sequelas que acometem tantos sobreviventes e que não constam nas estatísticas. Mas pelo que está por vir.

Publicidade

Poderia falar das empresas que fecharam, de tantas outras que tiveram que se encolher para sobreviver, dos empreendimentos que foram cancelados, dos empregos que se perderam, de projetos pessoais que tiveram que ser abortados.

Mas se no plano econômico prevalece a perspectiva da recuperação e da superação, em outras áreas o desafio será bem maior. Um deles é a educação.

Não tenho mais filhos em idade escolar. Estaria muito preocupado se tivesse. Acho que não saberia como motivá-los (nem tanto os pequenos, mas os adolescentes) a voltarem para as aulas presenciais depois de ficarem um ano conectados digitalmente, confinados no mundo virtual, com professores e colegas.

Publicidade

Qual será o reflexo da repentina mudança para o futuro desta geração que se acostumou a não mais frequentar salas de aula, inclusive no ensino superior, e acessa o conhecimento de forma virtual, distanciada do convívio social, da interação de grupo, do partilhamento de experiências, impressões e contestações?

Não sei.

A intuição me sugere que esta transformação já estava desenhada. Um processo que apenas foi acelerado pela pandemia e que desafia instituições, educadores, alunos e pais a acharem um novo caminho de excelência para a formação de nossos jovens.

Publicidade

Já as perspectivas para as igrejas (cristãs, de forma ampla) me parecem bem mais preocupantes. O futuro dirá, mas talvez esteja passando despercebida uma oportunidade ímpar para acolherem e fidelizarem fiéis que estão órfãos de esperança.

Vejo movimentos nos mais diversos setores para retomarem suas atividades – no campo cultural, artístico, esportivo, social –, mas percebo uma articulação discreta nas igrejas, que poderiam estar atuando de forma conjunta, robusta, determinada, para que as pessoas voltassem a se alimentar espiritualmente em seus templos e se sentissem acolhidas com suas perdas, fraquezas e incertezas, cada um com suas convicções, com seus ritos e, naturalmente, observados os protocolos sanitários.

Aliás, penso que as igrejas deveriam ter facilitada uma condição de protagonismo para poderem estar na linha de frente nesta cruzada de amparo às pessoas acuadas pelo vírus. Receio que depois que esta pandemia passar (se é que vai passar), haverá muito mais bancos vazios nas celebrações do que costumávamos ver.

Publicidade

LEIA OUTRAS COLUNAS DE ROMEU NEUMANN

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.