A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) realizou na noite dessa quarta-feira, a aula inaugural de 2023. O palestrante convidado foi o cientista Carlos Nobre, referência internacional em meteorologia, mudanças climáticas e desastres naturais e ciência do sistema terrestre. Com quase 50 anos de experiência, ele trouxe para discussão o tema Mudanças climáticas: desafios para todos, um assunto de relevância mundial.
O encontro foi virtual e teve a participação de mais de 500 pessoas. Nobre conduziu a palestra a partir da explanação de uma série de dados que demonstram as mudanças no clima do planeta em três situações distintas: se a temperatura da Terra subir até 1,5 grau até 2100, até três graus ou mais de três graus Celsius.
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De acordo com o último relatório do Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), as alterações não são mais uma questão de “se vão acontecer”, mas sim de “quando ocorrerão”, e agora o trabalho não deve ser mais para evitar, mas para reduzir os impactos. Nobre demonstrou algumas evidências dessa nova realidade, como o aumento da temperatura global, aquecimento, elevação dos níveis e acidificação dos oceanos, derretimento das geleiras, aumento na frequência de eventos climáticos extremos, entre outros.
“Ao olhar para a história do clima em milhares de anos, nós não vemos nada parecido com o que está acontecendo agora”, enfatiza. Nobre explica que em mais de 2 mil anos a temperatura não variou mais do que 0,1 grau na média, enquanto nos últimos 100 anos a variação já é de dois graus para mais.
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Falou ainda sobre os rios voadores, correntes de umidade que se criam no Oceano Atlântico, chegam ao Brasil pela Região Norte, se fortalecem na Floresta Amazônica, descem pelo entorno da Cordilheira dos Andes e são responsáveis pelas chuvas no Centro-Oeste e Sul do País. Assim, quanto mais seca estiver a região Amazônica, menos volume e frequência de chuva terão as demais regiões.
Brasil pode liderar a redução
Ao reforçar a importância de agir imediatamente para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa e, com isso, diminuir o ritmo de avanço das mudanças climáticas, Carlos Nobre afirma que o Brasil pode ser o líder mundial nesse movimento. Isso porque o País está na quarta colocação no ranking dos mais poluentes, atrás de China, Estados Unidos e Rússia. A diferença, contudo, é que as emissões nos demais são, em grande maioria, provocadas pela queima de combustíveis fósseis, enquanto no Brasil se dão a partir do desmatamento e atividade agropecuária.
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Com o fortalecimento das ações para combater o desmatamento, aliadas a outras de reflorestamento, agropecuária regenerativa e adoção de fontes de energia renovável, Nobre acredita que o Brasil será capaz de zerar as emissões até 2050. As consequências, caso essas metas de reduções não sejam alcançadas, ele alerta, serão severas. Além da redução nas chuvas e aumento da temperatura, as novas gerações poderão experimentar desastres naturais como secas, chuvas intensas, ciclones e outros com uma frequência até cinco vezes maior do que vivenciaram os nascidos em meados do século 20.
Tratou ainda dos empecilhos trazidos pelo negacionismo, mas citou que o Brasil é um dos três países onde a população demonstra maior preocupação com o futuro nesse sentido. Para ele, a resistência é muito mais relativa aos setores pouco interessados nas mudanças, como o agropecuário no Brasil, do que à sociedade em geral. Por fim, citou a necessidade de financiamento muito maior por parte dos países ricos, um montante que precisa chegar a pelo menos US$ 700 bilhões.
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