Nas atividades como o pedal de 10 quilômetros, uma das preocupações foi a inclusão
A tarde desse domingo, 6, em Sinimbu foi marcada por um evento de solidariedade e conscientização. Com direito a caminhada, corrida e pedalada, o Desafio Azul reuniu dezenas de pessoas, aliando atividade física e mobilização. A proposta teve como objetivo arrecadar recursos para a Associação de Familiares e Amigos de Pessoas com Deficiência (Afae) e dar visibilidade ao autismo e outras deficiências, como a física e a intelectual. A ação marcou as atividades do Abril Azul, mês dedicado à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A atividade foi idealizada por integrantes da Afae, fundada no ano passado por um grupo de familiares e profissionais da educação que sentiu a necessidade de criar espaços de apoio e convivência para pessoas com deficiência em Sinimbu. Uma das fundadoras da entidade é a professora Carolina Müller, que atua na rede municipal há duas décadas. “Apesar de trabalhar aqui há muitos anos, sentíamos falta de um movimento voltado às pessoas com deficiência. Fundamos a Afae pouco depois da enchente que devastou a cidade. Foi um momento difícil, mas também de reconstrução, inclusive na forma como enxergamos a inclusão. Começamos a nos reunir e a trocar experiências e percebemos que havia muitas famílias com demandas parecidas”, conta.
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Carolina explica que o Desafio Azul nasceu como forma de dar visibilidade ao autismo e promover inclusão por meio de uma ação comunitária. Segundo ela, mesmo que a associação ainda seja nova, o objetivo é criar espaços de socialização e participação para pessoas que são muitas vezes esquecidas, como cadeirantes, autistas e pessoas com deficiência intelectual.
Ela também destacou a importância da conscientização e da ampliação do acesso à educação, além do avanço da informação. Tudo isso tem contribuído para uma maior conscientização sobre o autismo. Em décadas anteriores, quando o ensino sequer era obrigatório, muitas famílias escondiam seus filhos com deficiência e muitos autistas passaram a vida sem diagnóstico, sendo internados em manicômios e submetidos a tratamentos violentos, como eletrochoques.
Hoje, com a presença cada vez mais cedo das crianças em creches, os profissionais da educação estão mais preparados para identificar sinais de atraso no desenvolvimento. Isso possibilita o encaminhamento a especialistas e favorece o diagnóstico precoce, fator essencial para que a criança receba os estímulos adequados desde cedo.
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Presente ao evento, o prefeito de Sinimbu, Wilson Molz, destacou o envolvimento da comunidade. “É uma alegria muito grande participar deste encontro. A cada um que ajuda, que assume essa causa, meus parabéns. É assim que conseguimos reanimar nosso povo e viver juntos em uma sociedade onde todos se sintam bem”, afirmou.
Molz agradeceu o apoio dos ciclistas e a mobilização das áreas de educação e saúde do município. Disse que a Prefeitura estará sempre de portas abertas para receber eventos que busquem a inclusão.
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Quem também marcou presença foi Jaqueline Bressler, de Linha São João, que participou do evento junto com o filho cadeirante, Eduardo Luiz. Uma das fundadoras da Afae, ela salientou a importância da visibilidade proporcionada pela ação. “As pessoas com deficiência não costumam ser vistas. Essa ação ajuda a colocá-las na sociedade, a mostrar que elas existem, têm potencial, têm voz. O meu filho mesmo adora sair, participar, e isso contribui para o desenvolvimento dele.”
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Jaqueline também fez um alerta sobre a falta de acessibilidade em Sinimbu. “Nosso trajeto hoje foi mais curto, porque as calçadas não têm acessibilidade. Isso não é só aqui, é no município todo. Muitas vezes, não conseguimos nem sair de casa com segurança. Espero que movimentos assim chamem atenção do poder público para mudar essa realidade.”
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Instituído pela ONU em 2007, o mês de abril é dedicado mundialmente à conscientização sobre o autismo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na comunicação e na interação social, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. Os sinais geralmente surgem nos primeiros anos de vida, e o diagnóstico precoce é fundamental para o desenvolvimento da criança.
A campanha Abril Azul busca combater o preconceito, promover o respeito à diversidade neurológica e garantir direitos básicos às pessoas com TEA, como acesso a educação e saúde e inclusão no mercado de trabalho. Ainda que haja avanços em leis e políticas públicas, especialistas e familiares reforçam que a aceitação plena ainda é um desafio constante.
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O evento propôs três modalidades: caminhada de 5 quilômetros, corrida de 9 quilômetros e pedal de 10 quilômetros, com doações a partir de R$ 20,00 revertidas integralmente para as ações da Afae. Cada participante recebeu uma medalha artesanal produzida especialmente para a ocasião. A organização contou com o apoio da comunidade e da Prefeitura, além da atuação voluntária de ciclistas locais.
Entre eles estava o comerciante Giovane Faccin, que ajudou na definição do trajeto e na entrega das medalhas. “É um desafio solidário: quem participa da caminhada, corrida ou pedalada contribui com uma doação. Todos estão aqui de forma voluntária. E o que mais importa não é a distância, o tempo ou a chegada, mas o ato de estar aqui por uma causa maior. Ver pessoas de diferentes idades participando, famílias inteiras, foi muito gratificante.”
Faccin também ressaltou a importância da acessibilidade. “O trajeto foi pensado para ser o mais inclusivo possível, com adaptações para que todos pudessem participar. Ainda assim, percebemos que a cidade precisa avançar muito em termos de estrutura. Ações como essa também servem para apontar essas necessidades e fazer com que mais pessoas se engajem.”
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