Fico me perguntando se sou só eu que não consigo dar conta de todos os afazeres comuns, como estudar, trabalhar, sair com amigos, cuidar da casa, ler um livro, me exercitar e manter uma alimentação minimamente adequada. Acompanho algumas influenciadoras digitais e chego à conclusão de que o dia delas tem mais horas do que o meu, não é possível! A falta de tempo é algo latente não só para mim, mas para muitas pessoas. Cada vez mais aceleramos os processos, entretanto, acrescentamos coisas a serem feitas dentro desse espaço que nunca aumenta.

Talvez o problema também seja a comparação. As redes sociais nos mostram a “vida perfeita”, divertida, saudável e feliz dos famosos, e, raramente, alguém vai a uma rede expor algo contrário a isso. Ora, mas se aquela pessoa que sigo e admiro consegue fazer todas essas coisas no dia, por que eu não conseguiria? Assim começa um ciclo de esgotamento, cansaço, que reflete em problemas psicológicos, depressão e outras comorbidades. O clichê “não meça seu progresso com a régua dos outros” é necessário.

Também me questiono: como as mães fazem? Porque sabemos que um filho envolve uma mudança de vida, literalmente. Todas as outras prioridades são deixadas de lado, ou elas são ministradas paralelamente. Não diria que, para os pais verdadeiramente presentes, não deva ser difícil administrar as coisas também, mas creio que não se compara ao papel desempenhado pela mãe/mulher.

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Reconheço a necessidade da pausa, mas sou dessas pessoas que abraçam o mundo. Tenho refletido que, ao mesmo tempo que quero fazer tudo, não consigo me dedicar 100% a nenhuma das tarefas. Estou escrevendo, mas já pensando no que fazer depois. E qual é a solução? Sim, desacelerar, entender que não podemos pular processos, que está tudo bem se não conseguirmos dar conta de tudo sempre.

Fazendo um trocadilho com o ditado da geração Z, “não vou colocar o cropped e reagir, vou colocar o pijama e dormir”. O mundo não para, mas podemos achar um jeito de aproveitar melhor essa jornada. Até porque não existem dias felizes, existem momentos de felicidade, períodos de maior alegria, somos instantes.

A pausa e o período de descanso nos proporcionam uma renovação, de conceitos, aprendizados, novos ares. Quando saímos de férias, geralmente voltamos mais leves e dispostos, mesmo sendo, geralmente, um período de, no máximo, 30 dias. Em outros lugares do planeta, existem tradições relacionadas ao período de reflexão e autoconhecimento que poderiam ser replicadas para o mundo. Na cultura judaica, o período sabático corresponde a um dia da semana dedicado ao descanso total. Com a adaptação do termo para a cultura não judaica, esse período pode durar de alguns meses a até um ano completo.

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Esse espaço de tempo longe de trabalho, estudo, geralmente é dedicado para a pessoa refletir, ter novas experiências, mudar o estilo de vida, aprofundar-se em coisas de interesse pessoal, viagens para conhecer outras culturas, entre outras iniciativas de autoconhecimento. Em países da Europa, é comum realizar esse retiro logo após a conclusão do ensino médio ou faculdade. Sem a pressão dos próximos passos, como escolher o curso da faculdade, achar um emprego na área desejada, constituir família, etc.

Creio que, com o passar dos anos, aprendemos o ritmo da vida, entendemos como funcionam as coisas e qual o melhor jeito de conduzi-las. A vida, até que provem o contrário, é só uma. Faça, experimente, arrisque, viaje, conheça coisas e lugares diferentes. Saia da sua zona de conforto, se não estiver disposto a arriscar, está fadado ao comum. Mas o comum não é necessariamente algo negativo, só não é extraordinário. Mesmo com o ímpeto do novo, da curiosidade e sede de realizar todas as ambições, é preferível o ritmo constante. Deposite energia nas ações de maneira pensada, para que não se torne um fardo ou caia na irrelevância. Sobretudo, entenda por que é importante desacelerar.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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