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Deputado fala em suspensão do contrato da RGE

Diante do volume cada vez maior de reclamações quanto às quedas de energia elétrica e à demora da RGE em restabelecer o fornecimento, sobretudo na zona rural, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) disse nessa sexta-feira, 1º, que fará uma consulta sobre a possibilidade de romper o contrato de concessão com a distribuidora. O anúncio foi feito durante uma reunião especial na Câmara de Vereadores, na qual estavam técnicos da empresa e consumidores.

Conforme Schuch, um requerimento sobre a viabilidade de uma medida como essa já foi encaminhado por ele à consultoria legislativa da Câmara dos Deputados. O parlamentar alega que problemas semelhantes vêm sendo registrados em todos os municípios atendidos pela RGE e a situação precisa ser discutida em âmbito federal. A ideia é que, se o contrato não for rompido, ao menos uma sanção seja aplicada à concessionária. “Tudo tem limite. Às vezes nem chove, dá só um ventinho e as pessoas ficam sem luz”, criticou o deputado. 

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Schuch alegou que o desempenho da RGE é inferior ao de outras distribuidoras de energia que atuam no Estado. “Onde tem RGE, parece que ficou pior. Você pega uma Cerfox, uma Certaja, uma Certel, em duas horas eles restabelecem a energia. Com a RGE, não tem Cristo que consiga resolver.”

A RGE nasceu a partir da compra da antiga AES Sul pela CPFL Energia, um dos maiores grupos privados do setor elétrico brasileiro, em 2016. Ao todo, a empresa atende 373 municípios no Rio Grande do Sul e é responsável por distribuir 65% da energia elétrica do Estado. Segundo dados do site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o contrato de concessão tem vigência até novembro de 2027. “Não podemos esperar tanto tempo sem providências”, completou Schuch.

A reunião especial foi marcada por muitas reclamações quanto à atuação da empresa. Os relatos incluem quedas frequentes no fornecimento de energia, longas esperas para o retorno da luz, ineficiência do atendimento pelo 0800, além de prejuízos aos clientes. “Muitas vezes o produtor tem 100 litros de leite para colocar no resfriador e não pode esperar. A saída que muitos têm encontrado é comprar geradores, mas isso faz com que os produtos cheguem mais caros no comércio”, observou o vereador Elstor Desbessell (PTB), proponente da reunião.

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“Estamos tratando da exceção, não da regra”

 

Foto: Jacson Miguel Stülp

Silva garantiu que haverá investimentos

 

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Após ouvir uma avalanche de críticas ao serviço prestado na RGE, tanto por autoridades quanto por consumidores, o consultor de negócios da RGE na Região dos Vales, Cristiano Guedes da Silva, afirmou que os problemas mais graves de interrupção no fornecimento ocorrem em decorrência de eventos climático. Ele negou que a rotina de atendimento da empresa esteja deficitária. 

“Claro que há problemas, mas estamos tratando da exceção, não da regra”, afirmou. Segundo ele, a sequência de episódios de famílias aguardando por longos períodos o restabelecimento da energia se deve a uma incidência fora do comum de intempéries, causando quedas generalizadas que superam a capacidade de atendimento da empresa.

Silva também assegurou que a concessionária está realizando melhorias na rede. “Tenho certeza que, com os investimentos que estamos fazendo e com a robustez que estamos dando à rede, as coisas vão melhorar”, garantiu

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O que a RGE alegou

Interrupções no fornecimento de energia 

Segundo a empresa, os episódios mais graves de falta de energia aconteceram em função de intempéries. “Estamos sofrendo com uma incidência de eventos climáticos sem precedentes. Foram oito incidentes de dezembro até aqui. Tivemos registros de ventos acima de 100 quilômetros por hora”, disse Cristiano Guedes da Silva.

Demora no restabelecimento

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Segundo a empresa, os casos de clientes que enfrentaram longas esperas até o restabelecimento da energia foram resultado de intempéries que interromperam o fornecimento para um grande número de consumidores. Conforme Silva, nesses casos a empresa obedece a “critérios de priorização”. “Quando se tem incremento de demanda em um curto espaço de tempo, é preciso priorizar. E aí alguém vai ter que esperar”, disse. Nesses casos, a prioridade inicial são os locais onde há riscos à população e, em segundo lugar, serviços essenciais. De acordo com ele, as zonas rurais costumam ser as últimas a serem atendidas porque as subestações se localizam nas zonas urbanas. 

Interrupções com vento fraco

Sobre os relatos de interrupções no fornecimento de energia mesmo quando não há vento forte, a empresa alega que 60% das quedas são decorrentes de vegetação sobre as redes. Alega ainda que mantém um calendário de podas justamente para evitar esses problemas, mas frisa que a responsabilidade pela manutenção da arborização do município é da Prefeitura.

Falta de investimentos

A empresa garante que faz melhorias constantes na rede de Santa Cruz. Segundo Silva, apenas em 2018 foram investidos R$ 11 milhões em intervenções. Foram executadas, por exemplo, 172 substituições de postes de madeira por postes de concreto, além de trocas de redes. Ainda de acordo com ele, com a fusão da RGE e RGE Sul, será possível deslocar equipes de outras regiões em momentos mais críticos.

Problemas no 0800

Conforme Silva, a demora enfrentada por clientes que acionam o 0800 se dá principalmente quando há um aumento muito grande na demanda por atendimentos devido a problemas generalizados no fornecimento. “Nesses momentos, o número de chamadas dispara. Chegamos a receber 2 mil ligações”, disse. Em razão disso, segundo ele, a implantação de um call center específico para atender os consumidores de Santa Cruz não resolveria o problema.

O que mais foi dito

“Eu não me lembro de Santa Cruz ter vivido uma situação como essa. Como vamos querer trazer investimentos para o nosso interior dessa forma? Agora estão impondo que os feirantes implantem agroindústrias. Mas como vão fazer isso se não tem energia?”

Elo Schneiders Secretário municipal de Agricultura

“Como vamos fazer para que os nossos jovens permaneçam no meio rural se não tem energia elétrica? É um cenário preocupante. Deve preocupar, inclusive, a população da cidade. “

Heitor Petry Presidente do Corede Vale do Rio Pardo

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