Por circunstâncias que a vida se encarrega de apresentar, estivemos ausentes e distantes no momento mais crucial da história recente do nosso Estado. Partimos dias antes de o mundo desabar sobre nossa querência, tomados de felicidade e de expectativa para conhecer o netinho que acabara de nascer. Estávamos vivendo um sonho até que um vídeo postado em rede social disparou o alerta para a tragédia que se sucederia.
Eram imagens de um pequeno arroio que descia do alto da serra e que se agigantava ameaçadoramente na medida em que avançava em direção a Sinimbu. Os dias e as semanas que se seguiram foram dominados pela aflição e incredulidade. Assim como foi o retorno ao cenário onde tudo aconteceu. O que acompanhamos à distância por narrativas e imagens, infelizmente, se revelou ainda mais assombroso diante dos próprios olhos.
É verdade, também vimos vida pulsando, projetos que sobreviveram ao naufrágio da esperança, afirmações que nem poderíamos imaginar. A consolidação de Santa Cruz do Sul como polo logístico, por exemplo. Diante da magnitude da devastação em outras cidades e polos regionais, o município se revelou um porto seguro para sediar empreendimentos e para ser o grande centro de distribuição a todo o Estado. Falta um quesito, definitivo para a elevação a um novo patamar: um aeroporto regional para absorver a demanda de toda a região central e dos vales e alternativo ao Salgado Filho, de Porto Alegre, como ponto de chegada e de saída de voos no Rio Grande do Sul.
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A Base Aérea em Canoas não é uma alternativa aeroviária. É uma improvisação emergencial face à devastação da infraestrutura no Estado. Quem passou por lá há de concordar que não oferece as mínimas condições para absorver um dos mais relevantes fluxos de passageiros no País.
É o nosso momento. Anos atrás, o movimento Santa Cruz do Sul Novos Rumos, criado para planejar o desenvolvimento da região para o futuro, já colocava o Aeroporto Regional entre as suas prioridades. As administrações municipais têm avalizado o projeto e batalhado por sua implementação. Mas, conversando com um e outro, percebo que ainda estamos acanhados, quase incrédulos quanto ao nosso potencial. “Já houve tentativas nesse sentido” – diz um; “não há demanda que viabilize uma linha aérea” – diz outro.
Será mesmo? Toda a Região Central e dos Vales não comportaria um aeroporto com conexão direta com São Paulo, por exemplo? Acho que precisamos ousar, acreditar e oferecer condições para ambicionar empreendimento deste porte. A começar por um estudo sobre a melhor localização da estrutura. Investir em ampliação e modernização do atual Aeroporto Luiz Beck da Silva, situado no meio de área residencial em Linha Santa Cruz, por certo será a opção mais viável do ponto de vista financeiro.
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Mas, de olho no futuro, quem sabe os campos e as coxilhas de Passo do Sobrado e Vale Verde e sua fácil conexão com a RSC-287, não seriam melhor alternativa? Ou, até mesmo, o descampado às margens da BR-471, entre Santa Cruz e Rio Pardo?
Localização estratégica na região central do Estado, fácil acesso para todo o polo regional e para a Capital, nos credenciam, sim, como centro de distribuição e embarque de cargas, mas também de chegada e saída de passageiros, como já ocorre nos grandes eventos. Vamos à luta!
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