Apesar do advento da vacina, ninguém sabe exatamente quanto tempo vai durar a pandemia. Talvez tenha vindo para ficar, assim como ocorreu com outras doenças.
Também não sabemos a dimensão e o custo social e econômico dos estragos que o vírus causou, anabolizado pelos procedimentos defensivos e preventivos adotados.
Entretanto, ambos os casos – duração da pandemia e o custo social e econômico – não têm impedido, nem inibido, a formulação de hipóteses do que poderá suceder futuramente.
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Que mundo emergirá? Que ideias prevalecerão? Continuaremos iguais em nossas perspectivas pessoais e sociais? Ou seremos mais objetivos e equilibrados no trato das questões existenciais, comunitárias e econômicas?
Enfim, temas variados e complexos. De momento, escolho uma questão: o futuro da globalização industrial e comercial. Com certeza, haverá uma desaceleração, notadamente voltada às relações com a China.
Provavelmente, as demais nações passarão a incentivar a produção local. É exemplar e preocupante a absurda dependência (ocidental) de insumos e equipamentos médicos fornecidos pela China.
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Desde a crise de 2008, e face à globalizaçao financeira e a volatibilidade do capital, agravou-se a situação dos países (ditos) em desenvolvimento. Importa destacar que sua participação e adesão sempre foram subordinadas.
A adesão subordinada e as inovações tecnológicas de produção e processos (controladas pelos países ricos) provocam perturbações sociais e econômicas. E que exigem adequações nas relações de trabalho e renda.
Não à toa, cada dia é mais evidente (dito e reafirmado pelos estudiosos) que o “conjunto da obra” reserva menos empregos, e que deles se ocupará uma pequena, qualificada e bem paga elite profissional.
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Consequentemente, advirá um longo tempo de inquietações. Para muito além das contradições e necessidades agora determinadas pela pandemia. Possivelmente, florescerá a urgência de um novo contrato social.
Afinal, de tempos em tempos, notadamente nas crises, as nações se defrontam com desafios que dizem respeito à sua convivência, à harmonia social e econômica, à superação das (resistentes) diferenças sociais.
Mas como unificar as demandas se o cenário é de indivíduos e grupos sociais fragilizados e desorganizados, suscetíveis aos apelos demagógicos, à margem das soluções institucionais e dos poderes de estado? Afinal, a razão pessoal e coletiva será capaz de conter o instinto predador?
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