“Substantivo feminino. Condição de quem é dependente, da pessoa que não se consegue desligar de um hábito, especialmente de um vício.” Essa é a definição da palavra “dependência” no site dicio.com.br. Esse termo frequentemente nos remete a drogas ou outras substâncias nocivas. No entanto, para mim e para parcela significativa da população, essa relação se dá com os celulares e a internet.
O tema é alvo de debates, às vezes hipócritas. Há quem condenava o uso das redes, mas acabou se rendendo à nova tecnologia. Eu mesmo diria que demorei a começar a usar o Instagram, comparado a outras pessoas da minha idade. E não há problema nisso, devemos sempre ter nossa mente aberta a conhecer outras coisas. Creio que sejam pouquíssimas as pessoas que não tiveram alguma mudança em sua vida com a chegada da internet.
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Ainda, estamos mais conectados na rede do que nunca. O relatório “Digital in 2022: Brazil”, elaborado em 2022 pela Hootsuite e We Are Social, apontou que os brasileiros passaram em média mais de dez horas por dia na internet, sendo 3h41 nas redes sociais. Especialistas apontam que o excesso está ligado ao desenvolvimento de transtornos como ansiedade e depressão.
Como qualquer vício, é difícil largar a internet e as redes. Na verdade, nem é necessário abandoná-los, mas temos sempre de estar atentos ao que isso está nos provocando. A cada dia que passa, o mundo digital fica mais perigoso. Conteúdos que incitam o ódio e o preconceito se tornam mais comuns. As fake news estão ficando mais presentes e convincentes, aliadas ao crescimento e falta de regulamentação das inteligências artificiais, usadas para a criação de conteúdo falso.
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Tiro a conclusão de que o problema não está no uso da internet em si, mas sim no excesso, nos conteúdos que você acessa e em como isso afeta suas relações na vida real. Assim como as redes podem ser palcos de violência, bullying e fake news, diversas publicações promovem a ajuda ao próximo, trazem dicas úteis ou simplesmente geram um bom entretenimento. Além disso, podem promover a aproximação de pessoas antes mesmo de se conhecerem pessoalmente – foi pelo Instagram que conheci minha namorada.
Durante a catástrofe climática que atingiu nosso Estado, foi bastante notável essa “faca de dois gumes”. Diversas vezes, vimos voluntários se mobilizando através das redes sociais para ajudar. Ao mesmo tempo, foram palco de fake news e manifestações pouco oportunas. Por isso, é urgente incluir a educação para as mídias nas escolas. As crianças têm contato com a internet cada vez mais cedo, e não tem como garantir que os conteúdos que acessam são adequados para sua faixa etária. É preciso conscientizá-las, tanto sobre o teor das publicações quanto sobre os prejuízos do uso excessivo das redes.
Até aqui, nós, enquanto sociedade, falhamos nisso. O uso da internet, que primeiro parecia uma salvação, causou efeitos talvez irreparáveis em nossas mentes. Nós nos rendemos ao vício e nem percebemos.
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