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Democracia e vergonha

Minha primeira experiência em campanhas eleitorais é do longínquo 1968, época dura do país em que as únicas opções partidárias eram Arena – partido do governo – e MDB – onde se exilavam oposicionistas de todos os matizes. Naquele ano, meu pai – o velho Giba, de quem herdei o nome, entre outras coisas – concorreu a uma vaga como vereador em Arroio do Meio, pequeno município do Vale do Taquari.

Ao lado dele e de minha mãe, dona Gerti, percorri todas as picadas em estradas de terra com poeira e barro. Presenciei comícios iluminados por lampiões e antigos liquinhos em bodegas, salões comunitários e de baile. Tudo, é claro, regado a muita cerveja com pastel de carne.

Não há resquícios daqueles tempos em que os panfletos eram o principal meio de comunicação dos candidatos com o eleitorado, à exceção do eterno corpo a corpo organizado pelos cabos eleitorais, e as pálidas aparições em rádio e tevê. Esse capítulo contemplava apenas o nome e o número do candidato. Debates? Nem pensar.

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Ao fazer um comparativo com os dias de hoje, será possível afirmar que houve, de verdade, uma evolução? Lá atrás lutávamos pela redemocratização que, de forma reduzida, consistia no simplório direito à livre manifestação.

Meu pai era um homem rígido. Ele sempre pregou o respeito e colocava isso em prática em todos os ambientes, inclusive nos mais ferrenhos embates com os adversários “que jamais são inimigos, não esquece!”, repetia. Hoje, 54 anos depois daquele episódio, reflito sobre se houve avanços verdadeiros.
Como jornalista, sinto vergonha ao assistir a antigos ídolos de profissão engajados a partidos, ignorando o compromisso com a verdade e com a responsabilidade de comunicar, que deveria ser o norte desses colegas.

Abusos devem ser coibidos, sempre. Liberdade implica limites, mas demandas polêmicas não podem ser decididas monocraticamente. Concentrar poder na mão de uma só pessoa implica em ditadura. E o pior: em ditadura disfarçada, sustentada de forma arbitrária através de poderes desvirtuados preconizados pela Constituição.

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O que assistimos no Brasil hoje é um festival de irresponsabilidade de políticos e autoridades com pitadas de arrogância, prepotência e falta de sensibilidade de quem julgar. Isso tudo é turbinado por decisões que garantem “agilidade” aos vereditos cujas consequências são devastadoras para a democracia.
A dois dias do segundo turno, esta é uma eleição sem precedentes.

A radicalização passou dos limites até em segmentos que deveriam zelar pela isonomia. Pesos e medidas iguais ficaram somente no papel. Independentemente do resultado de domingo, o pleito de 2022 envergonha e faz refletir. Há muita semelhança com o futebol. Com episódios lamentáveis, dentro e fora do campo.

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