Demanda por viagens de ônibus despenca em Santa Cruz

No momento em que a Prefeitura de Santa Cruz planeja investir mais de R$ 2 milhões para revitalizar a Estação Rodoviária, dados obtidos pela Gazeta do Sul indicam que a procura por viagens de ônibus é cada vez menor. E a pandemia não é a única explicação.

Os números mostram que a comercialização de passagens no município já vinha caindo muito antes da crise da Covid-19. Em 2015, foram vendidas 500,8 mil passagens – média de 41,3 mil por mês. Já em 2019, o número de bilhetes ficou em 393,8 mil – média mensal de 32,8 mil. Nesse período de cinco anos, a redução no volume vendido variou entre 4% e 7,8% ao ano.

Com as restrições de circulação impostas em razão da pandemia, a queda se acentuou e chegou a 47,4% na comparação entre 2019 e 2020. Ao longo de todo o ano passado, foram vendidas somente 206,8 mil passagens. O pior mês foi abril, quando houve o registro de 7,7 mil passageiros – ante 32,5 mil no mesmo mês do ano anterior. Já em dezembro, que tradicionalmente tem a maior procura, foram 18,7 mil passageiros – no mesmo mês de 2015, haviam sido 43,8 mil.

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Embora ainda em níveis muito abaixo dos anteriores à crise, já há sinais de reação neste ano. Entre abril e maio foram vendidas 28,4 mil passagens, 10,6 mil a mais do que no mesmo período de 2020. A operação, porém, segue com cerca de 50% das linhas oferecidas antes da pandemia.

Na prática, o refluxo na demanda por transporte intermunicipal é uma tendência desde a virada do século. Em especial nos últimos anos, o fenômeno está associado ao aumento na circulação de veículos individuais, segundo o especialista em trânsito Evandro Sehn – e, inclusive, de modelos preparados para viagens longas. Estatísticas de emplacamentos do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran RS) apontam que, entre 2011 e 2020, impulsionado por políticas de estímulo ao consumo e por facilidades oferecidas pelas empresas, nada menos do que 56,3 mil automóveis chegaram às ruas em Santa Cruz – que, embora tenha apenas a 12ª maior frota, possui uma das maiores concentrações de veículos por habitante do Estado.

Conforme Sehn, muitos passageiros têm enxergado mais vantagens em viajar de carro do que de ônibus. “Se colocar no papel o valor da passagem, táxi e tempo perdido, pode valer muito mais a pena ir de carro. E outras opções, como passagens aéreas mais baratas, também interferem”, observou. Atualmente, um bilhete para Porto Alegre, que é o destino mais procurado de quem viaja a partir da Rodoviária de Santa Cruz, custa em torno de R$ 57,00, com seguro. Outro aspecto que explica a queda no movimento na Rodoviária é o grande volume de embarques que ocorrem fora do terminal em trajetos regionais. É o caso da maior parte dos passageiros de viagens para Rio Pardo, por exemplo, que é o terceiro principal destino.

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A substituição do transporte coletivo pelo transporte individual vai na contramão das tendên-cias mundiais em termos de mobilidade urbana. De acordo com Sehn, porém, os efeitos são mais sentidos nas cidades, onde a expansão da frota também derrubou a procura pelo transporte urbano. Nos últimos anos, a situação ainda se agravou em função da popularização dos aplicativos de carona paga, como o Uber, e mais recentemente pela pandemia do novo coronavírus.

Média mensal de passagens vendidas
2015 – 41.376
2016 – 39.067
2017 – 37.113
2018 – 35.627
2019 – 32.822
2020 – 17.241

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Passagens vendidas em 2021
Janeiro – 16.879
Fevereiro – 15.591
Março – 11.433
Abril – 13.249
Maio – 15.218

Os principais destinos
1) Porto Alegre
2) Venâncio Aires
3) Rio Pardo
4) Cachoeira do Sul
5) Sobradinho
6) Lajeado
7) Estrela

Fonte: Estação Rodoviária

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