As investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que apuram a lavagem de R$ 370 milhões envolvendo a empreiteira Delta e o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, apontam para o uso de 18 empresas de fachada, criadas pelos operadores do esquema.
Cachoeira foi preso nesta quinta-feira, 30, em Goiânia, na Operação Saqueadores. Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, teve a prisão pedida, mas não foi encontrado em sua residência no Leblon, na zona sul do Rio. A PF apreendeu um cofre e documentos na casa.
Segundo a denúncia do MPF oferecida à Justiça Federal, 96,3% do faturamento da Delta entre 2007 e 2012 foi oriundo de verbas públicas, chegando a R$ 11 bilhões. A denúncia foi oferecida contra 23 pessoas, incluindo Cavendish, Cachoeira, o doleiro Adir Assad, Marcelo Abbud e proprietários e contadores de empresas fantasmas – conforme nota divulgada na manhã desta quinta pela assessoria de imprensa da Procuradoria Regional da República do Rio.
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As empresas fantasmas lavavam os recursos públicos por meio de contratos fictícios, que eram sacados em espécie, para o pagamento de propina a agentes públicos, de forma a impedir o rastreamento das verbas. A nota do MPF não cita o envolvimento de políticos.
Ainda conforme a denúncia do MPF, as empresas fantasmas só existiam no papel. As firmas não tinham sedes, nem funcionários, e havia incompatibilidade entre receita e movimentação financeira identificada pela Receita Federal. Além disso, informou o MPF, todas as empresas tinham os mesmos contadores.
“As empresas de Adir Assad e Marcelo Abbud emitiam notas frias não só para a Delta, mas para muitas outras empresas. No mesmo período de 2007 a 2011, foi transferido para essas empresas fantasmas mais de R$ 885 milhões. A organização criminosa também serviu ao esquema de corrupção da Petrobras, de acordo com a Operação Lava Jato”, diz a nota do MPF.
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O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a utilização, nas investigações da Operação Saqueadores, de trechos da delação premiada de pessoas ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez e investigadas na Operação Lava Jato, também da PF e do MPF.
Segundo a Procuradoria do Rio, embora a delação ainda seja sigilosa, “confirma o que foi apurado, demonstrando que a Delta era uma empresa voltada fundamentalmente a esquemas de corrupção em obras públicas, em especial, no Rio”.
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