Em assembleia realizada na última sexta-feira, 27, a Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) decidiu não divulgar mais detalhes de operações policiais e números de prisões para a imprensa, bem como não conceder mais entrevistas. Conforme o presidente da entidade, delegado Guilherme Wondracek, é uma forma de protesto em razão da falta de diálogo com o governador Eduardo Leite sobre a negociação e valorização da carreira dos agentes.
Apoiador da ação da Asdep, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do Rio Grande do Sul (Ugeirm) ressalta a necessidade da abertura de negociações entre governo e servidores. Conforme o comissário Orlando Brito de Campos Júnior, que é primeiro-secretário na diretoria estadual e representante do Ugeirm no Vale do Rio Pardo, há algum tempo os agentes da segurança têm tentando, mediante ofícios, realizar uma audiência com o governador. Mas até o momento, eles não foram sequer recebidos.
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A reivindicação da categoria é a respeito do tempo sem reajuste salarial, que chega a dez anos. No ano passado, houve reposição de 6%, o que não é reconhecido como aumento pelos servidores, pois sequer cobriu as perdas inflacionárias. “Grande parte da remuneração do servidor já foi corroída pela inflação. Estimamos perdas de até 30% do poder aquisitivo do funcionário. É uma situação difícil para o servidor”, comentou Orlando.
“Os 6% concedidos ano passado já se perderam só em razão da nova sistemática de descontos do IPE Saúde. Se for colocar ao pé da letra, calculando esses valores que passamos a pagar com esse novo desconto, o salário atual ficou menor em relação à remuneração paga antes dos 6% de reajuste”, disse o comissário, que é lotado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Santa Cruz do Sul.
A insatisfação dos agentes da Polícia Civil ficou ainda maior após eles terem ficado de fora do reajuste de 12,36% que foi aprovado no último dia 24, para servidores vinculados ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), Tribunal de Justiça Militar (TJM), Ministério Público (MP-RS), Defensoria Pública do Estado (DPE) e Assembleia Legislativa.
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“São dois pesos e duas medidas. No início do ano, ainda houve majoração salarial, numa média de 30%, para deputados estaduais, governador, vice e secretários de Estado. E agora, na última semana, esses 12% para essas instituições. Só os servidores do Executivo que estão sem reajuste há muito tempo”, salientou o comissário Orlando.
Em manifestação, o presidente da Asdep, delegado Guilherme Wondracek, frisou que o governador Eduardo Leite divulga rotineiramente os resultados da segurança pública como forma de publicidade, mas não recebe a categoria para negociar reajuste salarial.
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“São em média quatro operações por dia. Estamos trabalhando muito e não somos valorizados. Então, não divulgaremos operações e não mais daremos entrevistas”, disse ele. “Delegadas, delegados, todos os policiais civis são responsáveis por uma área da segurança pública que mais entrega resultados para a sociedade gaúcha. Todavia, o governador Eduardo Leite sequer nos recebe para negociar um plano de valorização”, complementou.
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De acordo com o comissário Orlando, embora a veiculação das notícias nas mídias esteja suspensa neste momento, o trabalho e as investigações seguem normalmente. “Não estamos pedindo nada de forma exagerada, só queremos um direito constitucional previsto, que é a revisão anual dos nossos salários. Vamos continuar desempenhando nosso trabalho, sem a divulgação. Precisamos que o governo venha à mesa de negociação, converse e faça uma proposta para que contemple os servidores da segurança, que colocam a vida em risco na defesa da comunidade.”
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