Mesmo com 20 anos de atuação em Santa Cruz do Sul, o experiente delegado regional Luciano Menezes revela que o mundo das drogas sintéticas no município vem sendo descoberto aos poucos. “É uma mercado relativamente novo no cotidiano da polícia. Normalmente, apreendemos dezenas de quilos de outras drogas, especialmente a cocaína pura, chamada de escama de peixe, que é uma mercadoria vendida pela facção. Só que agora entramos em outra esfera de investigação, que são as drogas sintéticas”, explicou Menezes, em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul.
“É uma realidade que não tínhamos há dez anos. Nos preocupa, porque há um movimento sombrio a respeito disso e não temos ainda a dimensão desse mundo da droga sintética, pois é assunto muito restrito, onde poucas informações circulam. É um nicho de mercado diferente e há uma certa dificuldade para a polícia produzir elementos a respeito disso, pois o grupo que tem acesso a esse tipo de substância é mais elitizado, menor, em festas fechadas e consumidores mais pontuais.”
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De acordo com o delegado regional, a investigação que culminou na apreensão desta quarta-feira, 29, é um capítulo dentro de um contexto bem mais abrangente. “Há cerca de 40 dias, prendemos um indivíduo que fazia entregas ali próximo do Ministério Público, e nos deparamos com metanfetamina, que é um tipo de substância que ainda não tínhamos apreendido aqui. No curso desse trabalho, acabamos localizando essa residência administrada por esses dois indivíduos, que já foram presos no ano passado em uma operação em que eu estava, e são distribuidores de drogas para uma classe que eu chamaria de A, ou AA, da população local.”
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Segundo Menezes, chama a atenção ainda o alto valor deste tipo de entorpecente, e também o dano que causa aos dependentes. “Tu não compras a droga sintética na vila, onde qualquer cidadão tem acesso a outras como maconha ou crack. Um grama de MDMA custa R$ 150,00. Isso é três vezes o preço da cocaína escama de peixe, que é vendida aqui a R$ 50,00 a mesma quantidade. E há um segmento da população classe A, gente nova, que com a perspectiva de euforia, sensação de prazer, as consome em festas e reuniões privadas. Tem um tamanho muito pequeno, facilmente camuflada, e causa um prejuízo muito grande para o público jovem, que talvez não tenha a ideia dos problemas de saúde que vão ter a longo prazo com esse consumo.”
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Menezes ainda comentou sobre o chefe dos motoboys, que seria o grande comandante do esquema criminoso. “É um indivíduo muito pouco visto. Podemos dizer que o chefe desse esquema é um dos maiores distribuidores de drogas sintéticas em Santa Cruz do Sul. E ele é o nosso objetivo a partir de agora. Queremos levá-lo à responsabilidade em um futuro que eu espero não ser tão distante.”
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