Os vídeos de delações de executivos do Grupo Odebrecht – principal sócio da Braskem – divulgados nas últimas semanas trouxeram à tona revelações sobre como funcionava o esquema de corrupção da petroquímica. As informações incluem a utilização de “empresas de papel” em paraísos fiscais para pagamentos e também dados sobre a criação do cartel na nafta com ajuda de políticos.
O uso de empresas em paraísos fiscais foi uma prática adotada para pagamentos ilegais em operações bilionárias que envolviam a Odebrecht e sua petroquímica Braskem. Foi o que se viu em 2010, quando a Braskem comprou o controle da Quattor e se consolidou como a maior companhia do setor no País.
Para concretizar o negócio, foi necessário criar uma fundação internacional, por onde foi realizado o pagamento ilegal de US$ 100 milhões para o principal acionista da Quattor, o empresário Frank Geyer Abubakir.
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A operação foi feita sem o conhecimento dos demais acionistas da Quattor, entre eles a própria Petrobras, também sócia da Odebrecht na Braskem.
O pagamento da propina para Geyer foi confirmado por Marcelo Odebrecht em sua delação. “Houve um pagamento a ele feito por fora. Viabilizou a venda da Quattor para a Braskem”, disse.
Segundo o ex-diretor da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares, a engenharia criminosa envolveu a criação de uma fundação no Panamá, um paraíso fiscal. O dinheiro dava voltas para dificultar a identificação de seu dono. A operação foi feita por meio da Banca Privada d’Andorra (BPA), que transferia recursos à fundação BPA Serveis e encaminhava os recursos para a Gestar Financial Services, na Suíça, que era administrada pelo Banco Espírito Santo (BES), de Portugal.
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Nafta
Em delação à Procuradoria-Geral da República, o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar também denunciou outro esquema de corrupção. Ele relatou a tentativa de instituir uma cobrança constante de propina sobre o contrato de nafta firmado entre a empresa e a Petrobras.
A ideia era criar um “mensalão da nafta”, para bancar propinas a políticos do PP e outros ligados ao ex-diretor de Abastecimento da estatal, o delator Paulo Roberto Costa.
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No entanto, a Braskem freou o ímpeto dos políticos e negociou um pagamento único, em vez de um “mensalão”. Alexandrino diz que o valor acordado foi de US$ 12 milhões.
Nas últimas semanas, a empresa vem dizendo apenas que assinou, em dezembro de 2016, “um acordo global de leniência que inclui todos os temas relativos às práticas impróprias no âmbito da Operação Lava Jato, pelo qual está pagando mais de R$ 3 bilhões em multas”. A empresa diz que “continua cooperando com as autoridades”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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